Nesta edição quis fazer uma homenagem a todos os homens "que têm a graça de ser um pai".
A sociedade só é completa quando homens e mulheres vivem em harmonia e juntos conseguem extrapolar seus sentimentos de amor na construção da maternidade e da paternidade responsável.
Homenageio aqui meu pai e a todos os outros homens que de modo paternal ensinaram-me nas escolas, nas empresas, nas conferências, nos conselhos e no exemplo de suas vidas.
Espero que você aprecie esta homenagem.
Abraço de Elisabeth Mariano
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(Homenagem póstuma a meu pai)
As recordações que tenho de meu pai são lindas, pois elas revelam como ele era uma pessoa versátil, criativa, capaz, humana e solidária.
Na riqueza de sua alma e talentos ele preencheu a minha infância e juventude com seus conselhos e presença, tanto na boa hora, como no mau momento.
Um dia, quando eu estava com uns 16 anos, retornava do trabalho, num sábado, por volta de umas 14 horas. Lá estava ele sentado, com ar preocupado na calçada da rua. Um moleque de dentro do ônibus disse com tom pejorativo - "olhe lá naquele homem" e jogou em meu pai um cigarro aceso. Eu já me preparava para descer, estava cansada, porém pensei que aquele moleque precisava aprender uma lição. Pedi ao motorista que esperasse apenas meio minuto que eu tinha algo a dizer para uma pessoa.
O motorista parou o ônibus e ficou olhando-me junto com os outros passageiros. Minha voz enrouqueceu, mas buscando minhas forças lá de dentro da alma disse:
Este rapaz aí (e apontei-o) jogou um cigarro aceso em meu pai que estava pensativo, sentado na calçada e esperando-me retornar do trabalho. Eu peço que todos olhem para ele agora e gravem o rosto dele, e as palavras que ele disse para meu pai "olhem naquele homem". Eu espero que um dia você possa chegar à velhice e possa ter filhos e filhas que te amem tanto para defendê-lo das grosserias de um jovem mal-educado.
Agradeci para todos e desci do ônibus. Estava tão nervosa e, para minha surpresa meu pai já estava chegando rápido até o ponto aonde eu descia. Abracei-o e de dentro do ônibus ouvi muitas pessoas batendo palmas.
Meu pai, aquele homem digno de respeito e dedicado a sua família, pobre de dinheiro e rico de dons, pleno de carisma, aquele homem que Deus abençoou para gerar-me e educar-me, é aquele homem de quem muito aprendi e tenho orgulho de ter seu sangue nas veias, e pressinto que há oito anos ele está feliz nos céus.