A má interpretação das leis e abusos dos direitos humanos de algumas lideranças (e até de autoridades) serve de perseguição política as pessoas militantes e atuantes na defesa dos menos favorecidos, principalmente jornalistas, escritores/as que defendam e atuem em causas que questionam aos poderes instituídos.
Lamentavelmente os reconhecimentos acabam por ser tardios, (alguns pós-morte, ou por prisões e sequestros e torturas etc.), pois ainda não há uma cultura de proteção a esta fatia da população tão útil a humanidade, e, quiçá observadores da aplicação das leis em favor desses heróis e heroínas do século 21.
Também faltam redes que cadastrem e estejam agindo rapidamente em favor dessas militâncias, de forma a serem protegidas, “das pessoas” que abusam e usam o nome (titulação) de direitos humanos, apenas para infiltrarem-se, e, muitas vezes, atuarem a serviço das “classes perseguidoras”.
Assim a notícia vinculada abaixo traz em destaque a premiação (Prêmio Internacional de Liberdade de Imprensa do CPJ) a quatro jornalistas, defensores dos direitos humanos, e para alegria de nosso país, há um brasileiro laureado (Mauri König - Gazeta do Povo, Brasil), e, sem dúvida vale ressaltar a atuação de uma única mulher jornalista (Mae Azango da Libéria) que enfrenta costumes que violentam todos os direitos humanos das mulheres, que vivem sem vez e sem voz.
Lamentamos os sofrimentos de todas essas militâncias, mas nos juntamos aquelas pessoas que comemoram e brindam com eles, pela justa homenagem, e ficamos na expectativa que a premiação possa sensibilizar as autoridades mundiais a favor, dos direitos humanos da Liberdade de Imprensa. Parabéns a ONG CPJ!
Recebam nessa edição n° 128 a nossa gratidão pro todo o apoio concedido até aqui, esperamos que as notícias selecionadas seja e seu interesse e utilidade.
Fraternal abraço, Elisabeth
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"Somos inspirados por estes corajosos jornalistas que pagaram um preço alto por sua persistente dedicação à verdade." Joel Simon
Nova York, 13 de setembro de 2012 - Quatro jornalistas que arriscaram suas vidas e liberdade para revelar abusos de poder e violações dos direitos humanos no Brasil, China, Libéria e Quirguistão serão homenageados pelo Prêmio Internacional de Liberdade de Imprensa 2012 do Comitê para a Proteção dos Jornalistas, um reconhecimento anual a corajosas reportagens.
Os laureados -Mauri König (Gazeta do Povo, Brasil), Mae Azango (FrontPage Africa eNew Narratives, Libéria), e os jornalistas encarcerados Dhondup Wangchen (Filming for Tibet, China) e Azimjon Askarov (Ferghana News e Golos Svobody, Quirguistão)- enfrentaram severas represálias por seu trabalho, incluindo agressão, ameaças e tortura. Askarov está cumprindo prisão perpétua por sua cobertura sobre corrupção governamental, e Wangchen seis anos de prisão após documentar a vida tibetana sob o domínio chinês.
"Somos inspirados por estes corajosos jornalistas que pagaram um preço alto por sua persistente dedicação à verdade", disse o diretor-executivo do CPJ, Joel Simon. "Dois deles, Azimjon Askarov e Dhondup Wangchen, foram efetivamente detidos e encarcerados por suas reportagens críticas. Não descansaremos até que estejam livres".
O CPJ vai oferecer a Alan Rusbridger, editor do jornal the Guardian no Reino Unido, o Prêmio em Memória de Burton Benjamin por sua trajetória de realizações pela causa da liberdade de expressão.
Os vencedores serão homenageados no jantar anual de premiação do CPJ em Nova York, em 20 de novembro de 2012. Gwen Ifill, correspondente sênior da PBS e membro da diretoria do CPJ, será o anfitrião do evento. A cerimônia será presidida por David Boies, presidente da firma de advocacia Boies, Schiller & Flexner LLP.
Vencedores do Prêmio Internacional de Liberdade de Imprensa do CPJ em 2012:
• Mauri König, um dos principais jornalistas investigativos do Brasil, passou 22 anos informando sobre abusos contra os direitos humanos e corrupção.O trabalho de König inclui uma série de reportagens no final de 2000 e em 2001 que documentou o recrutamento e sequestro de crianças brasileiras para o serviço militar no Paraguai. Ao investigar a história no Paraguai, König foi brutalmente espancado com correntes, estrangulado, e abandonado para morrer. Em 2003, realizando reportagens ao longo da região fronteiriça do Brasil, Paraguai e Argentina, ele enfrentou uma onda de ameaças de policiais. Nenhum desses casos foi solucionado.
• Dhondup Wangchen é um documentarista tibetano autodidata que concebeu e filmou "Leaving Fear Behind" (Deixando o Medo para Trás, em tradução livre) para retratar a vida no Tibete antes das Olimpíadas de 2008 em Pequim. Pouco depois de sua filmagem ser contrabandeada para o exterior, Wangchen desapareceu sob a detenção chinesa. Seu paradeiro só foi conhecido depois que Jigme Gyatso, um monge que ajudou a fazer o documentário, foi libertado da prisão. Wangchen foi condenado a seis anos de prisão e, em janeiro de 2010, seu recurso foi negado.
• Azimjon Askarov, jornalista e defensor dos direitos humanos quirguiz, esta cumprindo prisão perpétua por sua cobertura sobre ilegalidades e abusos de autoridades. Sua condenação - após um processo judicial marcado pela tortura, falta de evidências e acusações forjadas - tem sido contestada por organizações de direitos humanos e pela própria Ouvidoria do governo do Quirguistão. Askarov foi acusado de cumplicidade no assassinato de um policial e de uma série de crimes contra o Estado, mas um relatório especial do CPJ, baseado em entrevistas com o jornalista, seus advogados e testemunhas, demonstrou que nenhuma evidência material ou testemunha independente foi apresentada no tribunal para corroborar qualquer das acusações.
• Mae Azango é uma das poucas mulheres exercendo o jornalismo na Libéria. Nos últimos 10 anos ela tem trabalhado para expor a situação de pessoas comuns, especialmente mulheres e meninas, vitimadas por questões há muito tempo abafadas em sua sociedade. Em 2012, Azango abordou o assunto politicamente sensível damutilação genital feminina, atraindo ameaças que a forçaram a se esconder por semanas com sua filha. Ela continuou informando sobre esta prática forçando, finalmente, o governo a declarar que vai trabalhar para impedir este perigoso costume.
Prêmio em Memória de Benjamin Burton:
• Alan Rusbridger é editor do the Guardian desde 1995, fazendo do jornal britânico um líder em reportagens internacionais e um campeão da liberdade de imprensa. Seja em tribunais ou online, Rusbridger tem defendido o direito de investigar e publicar histórias de interesse público. O Guardian.co.uk é consistentemente classificado entre os principais sites de notícias do mundo. O prêmio recebe este nome em homenagem a Burton Benjamin, produtor sênior da CBS News e ex-presidente do CPJ falecido em 1988.
"Alan Rusbridger criou um jornal que pode ter base no Reino Unido, mas informa o mundo inteiro", disse Sandra Mims Rowe, presidente do CPJ. "Estamos orgulhosos de homenagear esta conquista".
O CPJ é uma organização independe e sem fins lucrativos sediada em Nova York que se dedica a defender a liberdade de imprensa em todo o mundo.
Nota aos editores: Os ganhadores do Prêmio Internacional de Liberdade de Imprensa do CPJ estarão disponíveis para entrevistas antes do jantar de premiação, em 20 de novembro de 2012. O credenciamento da imprensa para a cobertura do evento terá início em 18 de outubro. Para ingressos para o jantar, por favor, entre em contato no CPJ com Development Department.
Media contact / Contacto de medios:
Nancy Sai - Communications Associate
Tel. +1.212.300.9032 - E-mail. nsai@cpj.org
(Fonte: http://www.anj.org.br/sala-de-imprensa/noticias/brasileiro-ganha-premio-internacional-de-liberdade-de-imprensa/view)
Nesta terça-feira, dia 11 de Setembro, o Mackenzie realizará o encontro "Fotojornalismo em Situações de Conflito". Dentre os temas abordados, o debate vai procurar tratar das dificuldades em cobrir conflitos de guerras, abordando as dificuldades encontradas em confrontos no Brasil e também no exterior. O debate acontece no dia em que se completam 11 anos dos atentados às Torres Gêmeas nos Estados Unidos.
O evento será mediado pelo professor Alexandre Huady, organizador do livro "Uma foto vale mais que mil palavras", obra que discute a Guerra do Vietnã. Ele também é diretor do Centro de Comunicação e Letras da Universidade.
Participarão das atividades os fotógrafos de grandes veículos de comunicaçãobrasileiros, como Epitácio Pessoa (do Grupo Estado, que realizou a cobertura da rebelião do presídio do Carandiru), Apu Gomes (responsável por um trabalho sobre a Cracolândia, região da cidade de São Paulo deteriorada e com centenas de usuários de crack) e Joel Silva (do jornal Folha de S. Paulo, que cobriu a queda do presidente Manuel Zelaya em Honduras).
O encontro dos fotojornalistas faz parte da quarta edição da Série Encontros Arfoc/Mackenzie. O evento acontece nesta terça-feira, às 19h30, no auditório Reverendo Wilson (11º andar) do prédio do Centro de Comunicação e Letras (CCL) da UPM, na Capital Paulista. O evento é gratuito e as inscrições podem ser feitas por meio do e-mail arfoc-sp@arfoc-sp.org.br.
Postado em 10 DE SETEMBRO DE 2012
Entre os dias 27 e 30 de agosto de 2012, a cidade do Rio de Janeiro foi sede do Curso deSegurança para Jornalistas em Área de Conflito, ministrado pelo International News Safety Institute (Insi), cuja missão é treinar jornalistas de vários países. Trata-se do terceiro treinamento organizado pelo Sindicato dos Jornalistas em parceria com a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji).
Ryan Swindale e Caroline Neil, instrutores do Insi, destacaram a importância do uso de colete à prova de balas de fuzil, que deve ser desenhado de acordo com o porte físico de cada profissional. Os jornalistas foram alertados, ainda, sobre a importância de usarem roupas de cores diferentes das dos policiais, cabendo à empresa combinar isso com os mesmos.
A polêmica fica por conta da denúncia do sindicato da categoria. Ele afirma que, apesar de ter financiado o curso, os proprietários dos veículos de comunicação não querem incluir no acordo coletivo cláusulas que garantam a obrigatoriedade do fornecimento de proteção adequada aos funcionários na cobertura de pautas policiais. Nesse sentido, vale lembrar quTe, em novembro de 2011, o repórter cinematográfico Gelson Domingos morreu após ser baleado enquanto registrava um tiroteio entre policiais e traficantes na zona oeste do Rio de Janeiro.
11 de setembro de 2012
Por Christiane Suplicy Curioni
Com a chancela da UBE, curadoria de Audálio Dantas e organização da Mega Brasil Comunicação, São Paulo recebe pela segunda vez, o Salão do Jornalista Escritor, que, depois de cinco anos, reúne novamente os jornalistas que escrevem livros e escritores que fazem notícias. O evento será no Auditório Simón Bolivar do Memorial da América Latina, nos dias 23, 24 e 25 de novembro. Já estão confirmados alguns dos mais importantes nomes do Jornalismo e da Literatura brasileiros, como Antonio Torres,Carlos Moraes, Eliane Brum, Domingos Meirelles, Eric Nepomuceno, Fernando Moraes, Heródoto Barbeiro,José Nêumanne Pinto, Juca Kfouri, Maurício de Sousa, Mino Carta, Moacir Japiassu, Ricardo Kotscho, Ruy Castro, Ziraldo e Zuenir Ventura.
Veja mais: http://www.ube.org.br/noticias-detalhe.asp?ID=587
João Meireles Câmara recapitula a longa história das noções que ilustraram a oratória e a retórica, relata experiências bem logradas dos cursos que ministrou e dá testemunho da trajetória do Mutirão Cultural da União Brasileira de Escritores/SP a partir de 1998, sempre com o propósito de propagar a democracia cultural, humanista, por intermédio da palavra falada, apoiada em fatores comunicativos como postura, linguagem corporal e gesticulação. Todos reconhecem que, na modernidade, a expansão da publicidade, se contribuiu para a mercantilização de todos os comportamentos, levando à retificação dos valores, por outro lado legou-nos a preocupação com a linguagem, que deve ser clara, acessível e elegante. Portanto, instauradora da eficiência e da beleza nos atos de informação.
Dia: 03 de outubro de 2012
Local: Livraria Martins Fontes - Av. Paulista, 509 (próximo ao Metrô Brigadeiro)
O Brasil é o país com a maior diferença salarial entre pessoas com diploma universitário e as com grau de instrução inferior, segundo um estudo feito pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), divulgado nesta terça-feira (11/09). De acordo com o secretário-geral da organização, Angel Gurría, a diferença salarial existente no Brasil entre pessoas com ensino superior e as demais representa "o triplo da média dos países da OCDE".
A vantagem salarial média nos 34 países da OCDE entre pessoas que cursaram o terceiro grau e as com nível de instrução menor é de 67% no caso dos homens e de 59% entre as mulheres.
O estudo "Olhar sobre a Educação 2012" da OCDE analisou os dados de 42 países.
Nem todos forneceram, no entanto, números sobre todos os aspectos pesquisados. Apenas 32 países forneceram dados no quesito que indica o Brasil com a maior diferença salarial entre pessoas com curso universitário e as demais.
O Brasil também se destaca no estudo em relação a investimentos realizados na educação.
O país registrou o quarto maior aumento em gastos na educação no período de 2000 a 2009 entre os 33 países do estudo que forneceram estatísticas a respeito. Os investimentos em educação no Brasil passaram de 10,5% do total dos gastos públicos em 2000 para 16,8% em 2009, diz o estudo.
Na OCDE, a média de gastos com educação é de 13% do total da despesa pública.
O Brasil, segundo o estudo, também é o país que mais ampliou os gastos por aluno no ensino primário e secundário entre 29 países que forneceram dados a respeito. Os gastos no Brasil com alunos do ensino primário e secundário aumentaram 149% entre 2005 e 2009, diz o relatório, que ressalta, no entanto, que o nível anterior era bem abaixo do observado em outros países.
Apesar da ampliação considerável dos investimentos em educação, o Brasil está entre os países que menos aumentou os gastos com alunos do ensino superior, ocupando a 23ª posição em uma lista de 29 países.
Houve, na realidade, uma queda de 2%, já que o nível de gastos com alunos do ensino superior não acompanhou o aumento de 67% no número de universitários entre 2005 e 2009, diz o relatório.
Segundo o estudo, o Brasil investe 5,5% de seu PIB na educação, abaixo da média de 6,23% do PIB nos países da OCDE. "Como muitos países da OCDE, a maior parte dos investimentos brasileiros é feita no ensino primário e secundário. No caso do Brasil, isso representa 4,23% do PIB, mais do que a média de 4% da OCDE", diz o estudo.
"Em contraste, o Brasil investe apenas 0,8% do PIB no ensino superior, o quarto nível de investimentos mais baixo entre 36 países (que forneceram dados sobre o assunto)."
O Brasil também só investe 0,04% do PIB em pesquisas e desenvolvimento, a menor fatia do PIB entre 36 países do estudo, afirma a OCDE.
O relatório aponta também que a diferença de salários entre pessoas com ensino superior e as demais aumentou durante a recessão econômica mundial. A vantagem salarial de homens com ensino superior passou de 58% em 2008 para 67% em 2010 nos países da OCDE.
No caso das mulheres com ensino superior, a diferença salarial em relação às demais passou de 54% para 59% entre 2008 e 2010 nos países da organização. Apesar das condições incertas do mercado desde 2008, a maioria das pessoas com diplomas de curso superior "continua obtendo benefícios financeiros muito vantajosos", diz o secretário-geral da OCDE.
(BBC)
Nos próximos quatros anos inúmeras serão as ações dos governos Municipais, Estaduais e Federal, voltadas para o investimento da Copa do Mundo de 2014 e a realização dos Jogos Olímpicos em 2016.
A realização de megaeventos é uma oportunidade de gerar investimentos capazes de reduzir as desigualdades, de gerar melhorias para a população brasileira por meio do desenvolvimento que traz, ampliando postos de trabalho, desenvolvendo a infraestrutura, o comércio local, proporcionando inclusão social. No entanto, vimos nos países que foram sedes da Copa, que tais eventos também geraram processos e consequências muito negativas para os segmentos sociais historicamente excluídos. Um deles, se refere ao aumento do tráfico e da exploração sexual de mulheres para fins de prostituição, empreendido pela indústria do sexo e do tráfico que age diretamente no processo de implementação dos megaeventos.
Não se ignora o fato de que a prostituição no Brasil já é um fenômeno cuja existência vem sendo discutida por nós mulheres feministas há muito tempo. Mas a realização da Copa e dos jogos Olímpicos recoloca de maneira específica essa questão e nos dá oportunidade de pautar com mais fôlego, em cima do calor dos acontecimentos, esse processo que tende a se agravar em decorrência da realização dos jogos.
Aproximadamente 40 mil prostitutas entraram na Alemanha durante a Copa do Mundo de Futebol, sendo que na Alemanha a prostituição é legalizada desde 2002. Segundo o relatório da ONU de 2003(UNODC– Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes) o tráfico de mulheres para fins de prostituição "é considerada uma das atividades criminosas mais lucrativas do planeta, perdendo somente para o tráfico de armas e de drogas”.
A finalidade de exploração sexual corresponde a 79% dos casos do Tráfico de Seres Humanos, das pessoas traficadas neste mercado 66% são mulheres. Segundo a OIT – Organização Internacional do Trabalho estima-se que o trafico de pessoas movimenta cerca de 32 bilhões de dólares por ano.
Já as estimativas do Instituto Europeu para o Controle e Prevenção do Crime, informa que cerca de 500 mil pessoas são traficadas de países mais pobres para este continente por ano. Em âmbito global, o número de mulheres e crianças traficadas anualmente atinge cerca de 4 milhões.
Os dados da PESTRAF (Pesquisa sobre tráfico de mulheres, crianças e adolescentes) indicam a existência 241 rotas de Trafico Interno e Internacional de crianças e adolescentes e mulheres para fins de exploração sexual, sendo que os principais destinos são Europa (Espanha, Holanda, Itália e Portugal) e America Latina (Paraguai, Suriname, Venezuela e Republica Dominicana). O Brasil também é pais de destino para pessoas traficadas da Nigéria, China, Coréia, Bolívia, Peru e Paraguai.
As vítimas brasileiras, na maior parte provem de classes socioeconômicas desfavorecidas, com baixa escolaridade, tem filhos e exercem atividades relativas a prestação de serviços domésticos ou ao comercio. O aliciamento dessas vítimas geralmente ocorre por meio de promessas de emprego, na área doméstica, para ser dançarina ou modelo por remunerações maiores.
No contexto de megaeventos a defesa pela legalização da prostituição surge como fórmula mágica ao enfrentamento dessa questão, o debate foi colocado no caso da Alemanha e na África do Sul quando foram sedes da realização da Copa do Mundo. Não por acaso, tramita em nosso congresso uma lei de autoria do Deputado Federal Jean Wyllys batizada de "Gabriela Leite” que pretende regulamentar a prostituição tornando-a uma profissão no Brasil.
Essa medida na verdade não questiona quem são os verdadeiros beneficiários com essa regulamentação, que é na verdade mais um ato liberal do que uma preocupação com a vida das mulheres e com o sistema patriarcal de exploração a que estão submetidas. Legalizar ou regulamentar a prostituição não resolve o problema senão que legaliza um monstruoso esquema de mercantilização das mulheres.
A afirmação de que a prostituição é um trabalho voluntariamente escolhido ou que equivale ao emprego no setor de prestação de serviços ou ainda que legalizar significa defender os direitos civis e sociais das prostitutas não se sustenta.
Entre 85% e 90% das prostituídas estão submetidas ao poder de um proxeneta ou de cafetões que são os maiores beneficiados pelo comércio de mulheres, ficando com maior parte do lucro obtido com a exploração de seus corpos. Atrás desse sistema temos ainda um forte esquema de máfia, de corrupção e de escravidão de milhões de mulheres, sujeitas a um forte esquema de violência.
Em pesquisa realizada em Chicago demonstrou-se que 21,4% das mulheres que trabalham como garotas de programa e dançarinas foram violadas e violentadas mais de dez vezes, um estudo norte-americano realizado em Minneapolis revelou que 78% das pessoas prostituídas foram vítimas de violência por proxenetas e clientes, em média 49 vezes por ano; 48% foram arrancadas à força de seus lugares de origem e transportadas para outro estado e 27% foram mutiladas. Já no Canadá as mulheres prostituídas conhecem uma taxa de mortalidade quarenta vezes superior à média nacional.
De outro modo, muitas vezes usa-se a justificativa de que a legalização da prostituição permite à prostuída maior segurança e tratamento adequado. Tal fato não se comprova verdadeiro, a legalização na verdade visa atingir a integridade e legitimidade do explorador e maior segurança sanitarista ao mesmo e não às exploradas. Além é claro de que a prostituição é uma atividade altamente rentável e sua regulamentação na verdade tem como efeito estimular o crescimento da indústria sexual.
Nos países onde a prostituição foi legalizada são poucas as pessoas prostituídas que tiveram acesso a proteção: 4% nos Países Baixos, entre 5% e 8% na Alemanha, entre 6% e 10% em Viena (Áustria), 7% na Grécia. Sob essas condições pode-se mesmo afirmar que a prostituição é um ato "livre” ou de escolha individual?
O ato de legalizar reduz o debate sobre os mecanismos constitutivos dessa relação que não altera as relações com o crime organizado, a dinâmica das relações mercantis e patriarcais e seu papel na opressão das mulheres. Podemos brincar um pouco aqui com a famosa fórmula de Marx no Capital, sobre a circulação simples de mercadorias:
A fórmula clássica é M—D—M(mercadoria, dinheiro, mercadoria), transformação da mercadoria em dinheiro e retransformação de dinheiro em mercadoria.
A fórmula da prostituição ficaria assim M–D–M (mulher, dinheiro, mercadoria), transformação da mulher em mercadoria. Legalizar a prostituição significa atestar que a mulher é uma mercadoria. O neoliberalismo tornou-se o principal motor do desenvolvimento da indústria do sexo, do tráfico de mulheres e de crianças para fins de exploração sexual, fortalecendo as relações comerciais do capitalismo e sustentando o mecanismo de opressão das mulheres.
Não concordamos com a criminalização das pessoas vítimas do tráfico para exploração sexual e não negamos a necessidade de um debate sério e medidas sobre o tema da prostituição, mas que devem se inserir no âmbito da construção de políticas e processos que alterem estruturalmente a vida das mulheres, que modifique as relações capitalistas patriarcais que reproduzem todos os dias a mercantilização de nossas vidas e nossos corpos.
Defendemos e continuaremos a defender nossa autonomia, bem como as decisões sobre nosso corpo por isso continuaremos a afirmar que somos mulheres e não mercadorias.