Elisabeth Mariano Apresenta


Edição nº 14 - de 15 de Março de 2003 a 14 de Abril de 2003

Olá Leitores!

AS COTAS, HA! AS COTAS!

É o que se houve perguntar, criticar, atacar e defender em qualquer lugar e em qualquer momento. Recordo-me do meu professor de Didática de Ensino Superior, quando um colega, combateu ardentemente ser contra as cotas, principalmente as étnicas, "considerava injusto alguém ir para a Universidade só por causa da cor".

Meu sábio professor falou com o coração, e perguntou: "Se alguma vez meu colega havia entrado em uma favela. Se conhecia o esforço de estudar num quarto com 10 a 12 pessoas (crianças, idosos, doentes ou inválidos) e o que era sair de casa para trabalhar as 5h da manhã, chegar da escola à meia-noite ou mais. Não ter o dinheiro para se alimentar direito, para tomar vitaminas, remédio, para comprar livros ou material escolar. E se ele sabiba que a maioria que neste supremo esforço dentro das favelas, a maioria era de raça negra. E perguntava: você crê, como futuro professor, que este aluno ou aluna, não obstante todo o seu empenho, terá as mesmas condições de aprendizado, retenção de matérias, condições sócio-psicológicas para concorrer com outros em condições totalmente favoráveis. Sendo que este aluno favelado não pode pagar cursinhos complementares e advém de escolas públicas, a maioria ainda em condições precárias e carenciadas, desde acomodações até a atualização do quadro docente? Fará falta para alguém que tem melhores condições criticar cotas, para quem não tem na base as mesmas oportunidades iguais?"

Refletir sobre as condições das outras pessoas, as quais são diferentes das nossas, nos explicarão que as cotas são uma questão de eqüidade, portanto, necessárias se analisadas sob a ótica da exclusão social. Não é nada desonroso reconhecer limitações, quer sejam financeiras, sociais ou físicas, quando se tem a capacidade motivacional e intelectual preservadas, pois neste caso, basta apenas o "empurrãozinho da oportunidade". Abraço fraternal de Elisabeth Mariano, com votos de muita Paz e harmonia Social.

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PESQUISA: O OUTONO DA VIDA TAMBÉM É RICO E BELO

Sob este título a Revista Recado nº 183, traz riquíssimas informações sobre as pessoas idosas, complementando o texto-base da Campanha da Fraternidade 2003. trazemos aqui a transcrição de alguns destes textos, dentre outros tão importantes também.

"No Brasil, a população com mais de 60 anos aumentou de 4%, em 1940, para 8,6%, em 2000. Em 2002, a estimativa era de 15 milhões de brasileiros com mais de 60 anos, sendo que, em 2020, o percentual de idosos no Brasil deverá atingir a cifra de 15%. Hoje, o ser humano vive mais, e a sociedade não sabe o que fazer com esta parcela da população."

"No entanto, o aumento da longevidade é uma conquista da humanidade. A estimativa de vida ao nascer, no ano de 1980, era de 57,2 anos para o homem e 64,3 para a mulher. Em 1990, esses dados já eram 59,3 e 65,8, respectivamente. Seis anos depois, os números eram 62,2 para o homem e 69,8 para a mulher. Essa evolução continuou nos anos seguintes, de modo que, em 2000, a expectativa de vida no Brasil era de 64,8 anos para o homem e 72,5 anos para a mulher. Podemos ver que, em vinte anos, a estimativa de vida aumentou 7,6 anos para o homem e 8,2 anos para a mulher."

"Nos últimos cinqüenta anos, a participação da população maior de 65 anos no total da população nacional mais que dobrou. Passou de 2,4% em 1940 para 5,8% em 2000. as últimas projeções, como já apontado, indicam que esse segmento deverá ser responsável por quase 15% da população total no ano 2020. Ainda nessa perspectiva, a proporção da população "mais idosa", a de 80 anos e mais, também está aumentando, alterando a composição etária dentro do próprio segmento. No Brasil, já é considerável o número de pessoas centenárias. O crescimento do contingente idoso é resultante das altas taxas de crescimento, em razão da alta fecundidade registrada no passado, da redução da mortalidade, da melhoria da infra-estrutura sanitária, dos avanços científicos e da diminuição da taxa de fecundidade das últimas décadas.

Garantidos e melhorados os ganhos nas práticas de saúde, pode-se esperar que as expectativas de vida mais elevadas - ao redor de 75 anos para ambos os sexos - passem para 90 e 100 anos em um futuro bem próximo. Esse fato não é apenas característico da população brasileira. Segundo informações do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), o envelhecimento da população se coloca como um "proeminente fenômeno mundial"".

MITOS E PRECONCEITOS

"O aumento da longevidade é uma vitória, mas depois de conquistada, é cercada de dificuldades e desafios. As pessoas querem viver muito, não querem envelhecer e não desejam morrer. Por que essa resistência ao envelhecimento?

Provavelmente porque esse tempo de vida está repleto de mitos e preconceitos.

Alguns mitos precisam ser desfeitos:

· A inteligência diminui com a idade

Não diminui: haja vista a produção intelectual, artística, empresarial, social e religiosa de pessoas acima de 60,70, 80 anos ou mais.

· O idoso não aprende

Inverdade: as universidades da terceira idade estão aí para provar do que os alunos idosos são capazes. Eles aprendem o que querem aprender, o que lhes interessa.

· O idoso perde a capacidade sexual

Inverdade: o que ocorre é a redução da freqüência das relações sexuais, e, por falta de informações, algumas mulheres, após a menopausa, não querem mais ter relações sexuais porque acreditam ter perdido a capacidade reprodutiva.

· O idoso só deve conviver com idoso

Errado: ele tem que conviver com outras faixas etárias, dar e receber experiências, afeto, emoções, num processo de relação com pessoas de outras gerações.

· Velhice é doença

Inverdade: esquecemos que a doença atinge pessoas de todas as idades. Há idosos sadios física e mentalmente, ativos, participantes, que, embora com idade avançada, continuam produzindo econômica, social, cultural e filantropicamente.

· O idoso está mais perto da morte

Errado: na sociedade atual todos estamos próximos da morte, em razão de doenças contagiosas, acidentes de trânsito, falta de segurança pública (guerra urbana), entre outros fatores.

· Idoso não tem futuro

Inverdade: tem que se preparar sim, porque ele tem futuro, não deve morrer socialmente, mas se preparar para viver a aposentadoria. Em razão do tempo livre que vai ter, deve fazer um projeto de vida para esse novo tempo social.

· O aposentado é mantido pelo governo

Inverdade: ele contribuiu durante trinta ou mais anos para a Previdência Social. Agora é hora de obter retorno das contribuições feitas. Aposentadoria não é dádiva, é justiça."

"PORTADORES DE NECESSIDADES ESPECIAIS

Há urgência de proteção para o envelhecimento dos portadores de necessidades especiais:

· portadores de transtornos mentais: como protegê-los na velhice? Quem vai cuidar deles quando a família já não existir mais?;

· portadores de deficiência intelectual (paralisia cerebral, Síndrome de Down, retardo intelectual): antes faleciam aos 18 anos, e hoje chegam aos 48, 50 anos. Já existem registros com idade superior. Quem vai cuidar deles? Os pais, seus cuidadores, também envelhecem e ficam fragilizados. Como vamos planejar o futuro? Há uma menção especial da Organização Mundial da Saúde para esses heróicos pais de portadores de deficiência intelectual?;

· pessoas que, na velhice, perdem a autonomia física: Quem serão cuidadores delas? A família recebe algum apoio para desempenhar essas tarefas? Quem cuida dos cuidadores? Sabe-se que, em sua grande maioria, são mulheres também envelhecidas.

(Fonte: Revista Recado n° 183 - p. 5; p. 6; p. 7; p. 8; p. 16; p. 17 - O Recado Editora Ltda. - http://www.orecado.com.br)