Elisabeth Mariano Apresenta


Edição nº 148 - de 15 de Maio de 2014 a 14 de Junho de 2014

Olá Leitoras! Olá Leitores!

17 de Maio - Dia Internacional da Comunicação e das Telecomunicações - Dia Mundial da Sociedade da Informação

A Organização das Nações Unidas/ONU, em Assembleia Geral, consagrou o dia 17 de maio o DIA INTERNACIONAL DA COMUNICAÇÃO E DAS TELECOMUNICAÇÕES e o DIA MUNDIAL DA SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO, com o principal objetivo de reconhecer o trabalho e os esforços de inúmeros profissionais no mundo, que estão promovendo a comunicação desde mensagens individuais até as mais complexas e quase improváveis negociações de paz nos locais de guerra, e de sem fronteiras comunicar grandes transações financeiras e contratuais para a construção do mundo e até em coibir os atos nocivos de desvios econômicos que tanto prejudicam a população empobrecida no mundo.

Graças a trabalho e esforços mundiais da área da comunicação com o uso de tecnologias, consegue-se em tempo real trazer as informações às sociedades no mundo, tornando o nosso planeta sem fronteiras, e ao mesmo tempo universalmente ligado a comunicação.

A ONU também evidencia nesta data os esforços promovidos pela UIT - União Internacional de Telecomunicações - agência especializada das Nações Unidas para o setor e que foi criada em 17 de maio de 1865.

Com este reconhecimento profissional aos trabalhadores e trabalhadoras, e ao empresariado do segmento de Comunicação e Telecomunicações no mundo, e aos defensores e defensoras da Sociedade da Informação, trazemos para você esta edição, com pesquisas que serão ótimas para refletir e agir.

Com agradecimento a todas as pessoas colaboradoras que nos apoiaram e por elas, e com elas comemoramos mais um aniversário ESPAÇO MULHER, em destaque aquelas pessoas que fizeram parte das nossas comemorações 2014, que com certeza ainda continuarão ao longo deste ano 2014. Muito agradecida por seu apoio e divulgação também, fraternal abraço, Elisabeth Mariano.

Conheça o Currículo de Elisabeth Mariano.

Para informações, críticas, sugestões, envio de notícias, para anunciar, contate-nos.

Gesto profético

“Um trabalhador foi assassinado em Vitória/ES, fato que já não é notícia, nestes tempos de violência institucionalizada, que vitima principalmente as classes populares. Notícia de grande repercussão foi o que aconteceu depois. O homicídio do trabalhador ocorreu na Rodovia Serafim Derenzi, na altura do Bairro Conquista, na Grande São Pedro. O corpo do operário estava estendido na estrada. Justo naquele momento passava pelo local uma procissão que deveria terminar na igreja paroquial para que então fosse celebrada a Missa do Domingo de Ramos. Entretanto, o pároco local – Padre Kelder José Brandão Figueira, interrompendo a procissão, decidiu celebrar a Missa na estrada mesmo, ao lado do corpo, para solidarizar-se com a família do pedreiro e, ao mesmo tempo, denunciar a injustiça social causadora de um fato chocante como aquele.

Quando tomei conhecimento do gesto do Padre Kelder, fui tomado de grande emoção, emoção ainda mais forte porque o padre foi meu aluno no Curso de Direito da UFES.

Como reduzi, por questões de saúde, as saídas de casa e a consequente comunicação face a face, a Internet vem me socorrendo na necessidade de manifestar sentimentos.

A respeito do episódio que envolveu o Padre Kelder, mandei dezenas de e-mails para pessoas amigas e recebi a devida resposta às mensagens remetidas.

Uma das missivistas – Maria José, cujo nome completo omito por não ter autorização dela para fazer o registro, ponderou com acerto que se o Padre não tivesse interrompido a procissão, ocorreria a repetição da Parábola do Bom Samaritano, bastante conhecida mas que cabe recapitular neste artigo.

Um homem descia de Jerusalém em direção a Jericó, mas caiu nas mãos de salteadores que o despiram e espancaram. Passou pelo caminho um sacerdote e nada fez. Passou um levita e fechou os olhos. Finalmente um samaritano teve compaixão, debruçou-se sobre o desconhecido e tratou-lhe as feridas. (Evangelho segundo Lucas, capítulo 10, versículos 30 a 37).

Os tempos de hoje demandam a Profecia. Não afinam com os desafios do presente os discursos frios, impessoais, supostamente neutros, supostamente apolíticos, que agradam a gregos e troianos, bem comportados, antenados com o sistema.

Parabéns ao Padre Kelder por seu gesto profético!

Bastava ter tido este aluno, bastava ter cruzado meu caminho com o caminho deste padre samaritano para ter valido a pena ter sido professor na UFES.”

Autor: João Baptista Herkenhoff é juiz de Direito aposentado, Livre-Docente da Universidade Federal do Espírito Santo e escritor.

E-mail: jbherkenhoff@uol.com.br CV Lattes: http://lattes.cnpq.br/2197242784380520

É livre a divulgação deste artigo, por qualquer meio ou veículo, inclusive através da transmissão de pessoa para pessoa.

(Fonte: http://www.abdic.org.br/index.php/198-gesto-profetico)

Atuação feminina na comunicação

Autores: Analú Ribeiro e Eduardo Bittencourt*

30 de março de 2014

A participação de mulheres em áreas do jornalismo antes consideradas masculinas

“Entre as páginas dos jornais nota-se que os créditos das imagens que compõe as matérias são – em sua maioria- de homens, mas essa realidade vem sendo modificada. Aos poucos, as mulheres têm se inserido em áreas do jornalismo costumeiramente ocupadas por homens, como o fotojornalismo e a cinegrafia, e esse cenário tende a ser cada vez mais transformado.

Nas últimas décadas, o número de profissionais do sexo feminino obteve aumentos significativos. Embora esse crescimento tenha mostrado certa estagnação, dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que de 2012 para 2013 houve um aumento de 2 mil novas vagas preenchidas por mulheres, enquanto que para os homens esse índice foi negativo, com queda de 21 mil postos de ocupações. Em termos de porcentagens, isso significou um aumento de 0,1% da participação de mulheres no mercado de trabalho, totalizando 45,9%. A videomaker Lindiwe Aguiar acredita que um aspecto preponderante para a inserção de mulheres no mercado é seu nível de escolaridade. “As mulheres têm mais acesso à educação e isso é refletido em todas as áreas. Se mais mulheres entram em ensino superior e técnico, elas vão povoando essas áreas”, pontua.

No ramo do jornalismo, o chamado boom de mulheres na profissão ocorreu na década de 80, quando aumentou de forma estrondosa o número de jornalistas femininas cadastradas junto ao Sinjorba (Sindicato dos Jornalistas da Bahia) – aumentando de 49 para 264 cadastramentos em apenas uma década. Esses dados têm se mantido constantes até os dias atuais. Em relação ao número de jornalistas trabalhando com carteira assinada, houve um aumento de mais de 40% entre a década de 80 e o começo do século XXI. Desde 2000, o Ministério da Educação registra mais mulheres do que homens matriculados nos cursos de jornalismo, tanto na Bahia quanto no Brasil.”

Clique no link e Saiba mais sobre a participação de mulheres no jornalismo

Fotojornalismo e Cinegrafia: coisa de homem?

“Pensar em fotojornalismo e cinegrafia hoje também é pensar em mulheres. Em se tratando de fotojornalismo baiano não tem como não citar Margarida Neide. Fotógrafa do A Tarde, Margarida é uma das fotojornalistas mais conhecidas na Bahia e no Brasil, tendo sido uma das primeiras mulheres a atuar na profissão no estado. Segundo a fotojornalista, sua entrada no campo não foi fácil. “No início só tinham homens e os caras não queriam saber de mulher nenhuma”, revela. Margarida comenta que a maiorias das mulheres ao entrarem na área preferem atuar no caderno de cultura. Porém, ela acredita que independente do sexo, o que vale é pegar pautas variadas. “O negócio do fotojornalismo é que você tem que atuar em qualquer área”, afirma. Atualmente, Margarida é bastante respeitada, mas essa condição foi construída aos poucos através de sua atuação. “No início, eu sofri toda essa espécie de machismo”, comenta. Um dos casos de preconceito que ela sofreu foi ao cobrir uma pauta de esportes e teve sua foto desfocada para não ser publicada na primeira página do jornal. Para Margarida, a diferença entre fotógrafo e fotojornalista é a questão do faro. “Eu sempre tive esse faro. Eu sabia que tinha paixão por isso”, conclui.”

Clique no link e Conheça mais do trabalho de Margarida Neide

“Videomaker é uma das profissões mais difíceis para se encontrar profissionais mulheres. E mulheres negras são quase impossíveis nessa área”, afirma Lindiwe Aguiar, jornalista e videomaker. Lindiwe é uma das poucas mulheres que trabalha com vídeo em Salvador e sua trajetória foi marcada por desafios e preconceitos. “Eu estava dando oficina em algum lugar e a tevê não pegava, mas eles chamavam o porteiro para consertar”, comenta Lindiwe ao retratar uma das cenas inusitadas que ela passou por não conferirem credibilidade ao seu trabalho. Hoje, Lindiwe é dona de sua própria Produtora, Ogunjá, mas antes trabalhou em outros veículos, a exemplo da rádio Sociedade. Ao fornecer serviços para algumas instituições, Lindiwe comenta que no início era perseguida pelo fato dos homens acharem que ela não sabia fazer vídeo, mas ao passar do tempo, mostrando seu trabalho, eles a deixavam concluir sua tarefa. Além dos homens, muitas clientes diziam “você sabe mesmo fazer vídeo?”, comenta sorrindo ao lembrar-se do fato. Quanto à entrada de mulheres na área, Lindiwe se mostra positiva. “Esse cenário vem sendo transformado. Eu percebo que venho ganhando colegas”, relata.”

Clique no link e assista o Vídeo educativo produzido por Lindiwe Aguiar

As Futuras Profissionais

“Estudantes de jornalismo já cogitam atuar com fotojornalismo ou cinegrafia, como é o caso das alunas da Faculdade de Comunicação da UFBA, Vitória Régia Sampaio e Salete Maso. Vitória cursou o Bacharelado Interdisciplinar de Artes com área de concentração em Cinema e comenta que sempre teve uma grande paixão pela área audiovisual desde criança. Sobre a atuação feminina na comunicação, ela defende o crescente número de mulheres na área. “Há a cada dia mais mulheres cineastas, jornalistas e âncoras à frente de Redes de Comunicação”, analisa.

Assim como Vitória, Salete já vem de outra formação acadêmica e seu interesse pela fotografia se deu por conta da sua graduação em Publicidade e Propaganda. Enquanto futura jornalista, Salete espera praticar uma fotografia documental. “Acredito que fazendo jornalismo terei mais bagagem para explorar a fotografia próxima do olhar de Sebastião Salgado, Pierre Verger, que assim como outros fotógrafos, são mestres nesta área. O jornalista, além de desenvolver o olhar noticioso por conta da sua profissão, aprende a se tornar neutro e se permite ser apenas um observador da vida”, afirma.”

*Analú Ribeiro e Eduardo Bittencourt são estudantes de jornalismo da Faculdade de Comunicação da UFBA e bolsistas do Centro de Comunicação, Democracia e Cidadania – CCDC

(Fonte: http://www.ccdc.org.br/noticias/atuacao-feminina-na-comunicacao/)

Informações da Metodista/Unesco.

“Segundo levantamento do Ibope Solution, a participação das mulheres brasileiras no mercado de trabalho representa 49% da População Economicamente Ativa do país, comandando cerca de 12 milhões de domicílios.

Consequentemente, também houve um aumento no número de mulheres que ocupam cargos de liderança nas empresas modernas. Porém, segundo estudo do Ibope Solution sobre a mulher do novo século, apenas 34% das entrevistadas consideram justo o salário que recebem, devido à discriminação que ainda persiste.

O estreitamento da relação entre mulheres, comunicação e tecnologia pode ser apontado como uma forte tendência. Se, anteriormente, o papel desempenhado pela mulher era de coadjuvante, agora, a necessidade da sua entrada no mercado de trabalho aponta novos caminhos. Instrumentos evidentes de poder, como a informação (disseminada por meio da comunicação) e a tecnologia, antes privilégios exclusivos de uso masculino, tornam-se cada vez mais acessíveis às mulheres.

Na área de comunicação, as profissionais estão cada vez mais empregando tecnologia para proporcionar agilidade, dinamismo e rapidez ao seu trabalho. Porém, não se esquecem de que uma comunicação efetiva e cada vez mais cidadã, também depende de bons relacionamentos e, relacionamentos também dependem do contato pessoal com o público para quem se quer transmitir uma mensagem.

Para as mulheres, apesar do reconhecimento da importância do aprendizado da utilização das novas tecnologias, a área de comunicação continua tendo como essência o relacionamento interpessoal, que demonstra maior efetividade e durabilidade da recepção das informações transmitidas.

Entenda-se, aqui, por comunicação cidadã, aquela que fortalece o poder da cidadania, como direito ao gozo dos direitos civis e políticos de um Estado. O que pode ser dito é que estas ferramentas ainda são pouco exploradas neste sentido.

Muito da dificuldade encontrada pelas mulheres de comunicação deve-se a anos de dominação masculina, que criaram o estereótipo de que a utilização de instrumentos técnicos cabe ao homem.

No caso das comunicadoras, elas devem ser vistas como importantes formadoras de opinião no combate à desigualdade social de gênero e, por isso, faz-se necessário que, cada vez mais, exista o domínio e conhecimento da tecnologia entre as mulheres para que ela seja disseminada.”

(Fonte: http://www2.metodista.br/unesco/agora/mapa_animadores_pesquisadores_ana_maria.pdf)

Morreu uma das mulheres mais velhas do mundo aos 117 anos

“Hua Erxu, que aos 117 anos era uma das mais velhas pessoas no mundo, morreu na localidade de Wenshui, na província oriental chinesa de Jiangxi, informou hoje a imprensa do país.

De acordo com a agência Xinhua, a idosa faleceu às 13h50 de terça-feira rodeada de uma centena de descendentes.

"Era uma mulher aberta, com a cabeça muito lucida", disseram vizinhos ao salientarem que Hua Erxu bebia regularmente vinho de arroz que ela própria fazia e ainda realizava tarefas domésticas.

Com seis filhos, Hua Erxu estava viúva há 53 anos.

Antes de morrer, Hua Erxu podia ter sido considerada a pessoa mais velha do mundo, mas a ausência de datas de nascimento fiáveis na China no século XIX acaba por retirar das listas dos mais velhos os idosos chineses.

Atualmente, segundo o Livro Guinness dos Recordes, a pessoa mais velha com vida é a japonesa Misao Okawa, que em Março irá completar 116 anos.

Outra mulher chinesa, a uigur Alimihan Seyiti, solicitou ao Guinness que seja reconhecida a sua data de nascimento - 25 de Junho de 1886, há quase 128 anos - o que a ser considerado a tornará na pessoa mais velha do mundo.”

Autor: Lusa / Agora - Publicado 20/02/2014 12:50:12

(Fonte: http://agora.co.ao/Agora/Artigo/36814)

CCJ do Senado aprova cota de 20% para negros no serviço público

Proposta prevê 20% das vagas de concursos federais para negros e pardos

Publicado por Gazeta Web

Constituição da República Federativa do Brasil de 1988

“Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembléia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.

Constituição Federal de 1988 13171618”

“A Comissão de Constituição e Justiça do Senado aprovou no dia 7 d abril, o projeto de lei que reserva 20% das vagas em concursos públicos da administração federal para candidatos que se declararem negros ou pardos. O texto, que foi aprovado por unanimidade pelos integrantes da CCJ, será submetido à votação no plenário da Casa, com pedido de urgência.

A proposta já havia sido aprovada pelos deputados federais em 26 de abril. Se for avalizado pelos senadores, o projeto será encaminhado para a sanção ou veto da Presidência da República.

A proposta limita a aplicabilidade das cotas ao prazo de dez anos e não a estende a concursos cujos editais tenham sido publicados antes da vigência da lei.

De acordo com o texto, as cotas valerão em concursos realizados para a administração pública federal, autarquias, fundações públicas, empresas públicas e sociedades de economia mista controladas pela União, como Petrobras, Caixa Econômica Federal, Correios e Banco do Brasil. O projeto não estende as cotas para os poderes Legislativo e Judiciário.

O projeto foi encaminhado pelo governo ao Congresso em novembro de 2013, em regime de urgência.

Pela proposta, a reserva será oferecida sempre que a oferta no concurso for superior a três vagas. Poderá concorrer pelo sistema de cotas o candidato que se autodeclarar preto ou pardo no ato da inscrição do concurso.”

(Fonte: http://gazeta-web-al.jusbrasil.com.br/politica/118674800/ccj-do-senado-aprova-cota-de-20-para-negros-no-servico-publico)

A torcida pelo fracasso da Copa do Mundo e o valor dos contratos

Publicado por autor José Tadeu Gobbi

“A torcida pelo fracasso no Brasil é quase uma instituição nacional. É impressionante observar a quantidade de pessoas no país torcendo para que a Copa do Mundo resulte num retumbante fracasso, sem levar em consideração que o Brasil está inserido numa ordem mundial e o fracasso deste tipo de evento fatalmente irá comprometer o prestígio do país por muito tempo.

Sucesso e fracasso tem pesos diferentes na cultura dos povos. Países como os Estados Unidos cultuam o sucesso como doutrina. O americano médio tem orgulho por seu país liderar o mundo e ama pessoas bem sucedidas porque elas representam a força do país. O termo “loser” (perdedor) nos Estados Unidos é uma grave ofensa pessoal. No Brasil, ao contrário, temos o hábito de desconfiar do sucesso como se este fosse resultado de atividades escusas, espertezas ou sorte. A crença no preparo, na inteligência, na boa fé, na perseverança e na honestidade é frágil.

Temos um Estado que parece odiar quem empreende e cria todos os obstáculos possíveis e imagináveis para dificultar-lhe o sucesso. Uma imprensa que trabalha com a lógica que jornalismo de qualidade deve ser sempre de oposição, sempre crítico, sempre cáustico o que reforça a visão de que nada funciona e tudo está sempre errado. Quem busca se informar tem a impressão que o mundo esta permanentemente em crise, que a sociedade caminha à beira de um abismo de incúria e violência e que a economia irá sucumbir no próximo trimestre. Não está no DNA da imprensa dar boas notícias, mas a cultura do brasileiro de falta de compromisso com o bem público e a dificuldade de lidar com normas e regras ética e moralmente aceitáveis só fazem potencializar a visão negativa das coisas.

Empresários bem sucedidos no Brasil são vistos com desconfiança. Gente como um Steve Jobs ou um Jeff Bezos não seriam admirados nem exemplos por aqui. Prevaleceria uma visão distorcida de que são pessoas que se deram bem porque tinham um amigo no governo ou tiveram sorte e conseguiram uma mamata qualquer. Vemos com certo prazer a derrocada de um Eike Batista independente de sua história e do seu mérito e nem tomamos conhecimento de pessoas como Carlos Alberto Sicupira, João Paulo Lemann ou Abilio Diniz.

Cientistas, pesquisadores, grandes profissionais, empreendedores bem sucedidos das mais diversas atividades são personagens periféricos e sem importância em nossa cultura. Somos o país da malandragem, não dos grandes feitos. Gostamos da Mulher Melancia com sua bunda e daquele atleta do nosso time favorito que sem ter o segundo grau completo conseguiu um contrato milionário com um clube europeu. Temos admiração por quem consegue algum sucesso pulando etapas como a da educação, por exemplo.

A cultura da malandragem e a responsabilidade objetiva

Não enxergamos mérito em nossos adversários, nada do que fazem merece nossa melhor avaliação. Não temos a coragem de ver mérito em nossos oponentes porque acreditamos que ter esta atitude é reconhecer que somos menores e menos capacitados. Falta-nos grandeza. Na política escolhemos os piores, os mais espertos, os malandros, os sem caráter, porque nos identificamos com estes personagens. Não importa que o sujeito esteja na lista da Interpol e condenado em toneladas de processos. Criminalizamos a política sem entender que estes personagens existem porque nós os elegemos, somos responsáveis por eles.

O brasileiro tem este lado negativo, mórbido de torcer para que algo não funcione porque acredita que não será ele quem usufruirá dos benefícios. A torcida para que os estádios não fiquem prontos, para que o planejamento falhe, para que os transportes não funcionem e todas as desgraças possíveis e imagináveis esta no subconsciente de muitos brasileiros de forma natural. Produzimos o “wishful thinking”, a professia autorrealizável, se todo mundo desejar a coisa toda se concretiza pela força do desejo. Não vencemos nossos oponentes oferecendo argumentos melhores ou um projeto superior, mas, por ação ou omissão, contribuindo para que fracassem. E quando acontece ocorre o que os alemães chamam de “Schadenfreud”, um grande prazer em ver a desgraça de quem não gostamos, sem saber que em nosso inconsciente o prazer pelo fracasso expõe nossa incapacidade em vencer, em acreditar no sucesso.

O pior é que não nos sentimos responsáveis como povo, responsabilidade significa comprometimento e no fundo fomos educados para transferir responsabilidades, descrer do mérito, do esforço, porque no fim tudo se ajeita, Deus provê. A malandragem é uma lógica aceitável. Fazemos discursos moralistas e éticos para nossos filhos e logo em seguida damos um golpezinho na conta do restaurante na frente deles. Somos incapazes de dizer ao garçom que ele se esqueceu de lançar na conta o suco de laranja que consumimos, afinal os caras também empurraram o couvert que não pedimos.

Gostamos de andar pelo acostamento, furar fila, sentar no banco exclusivo para gestantes no ônibus, estacionar na vaga de deficiente nos shoppings, passar no sinal vermelho, humilhar nossa empregada doméstica, adoramos uma indicação política e odiamos concursos. São muitos os exemplos que demonstram quanto esta mentalidade esta enraizada em nós.

Os contratos e o sistema de justiça

Vemos isto também no âmbito das corporações. Observe as grandes corporações no mercado brasileiro, como tratam seus clientes, como os enganam com cláusulas contratuais abusivas, promoções mandrake e atendimento de quinta categoria. Fingem observar as leis e os direitos dos consumidores, mas contam-se aos milhares os clientes com queixas absurdas de bancos, operadoras de telefonia, planos de saúde, companhias aéreas e assim por diante. Os contratos no Brasil são rigorosos nas responsabilidades do consumidor e flexíveis nos deveres das empresas. Nosso sistema de justiça foi construído para não funcionar. Temos uma justiça seletiva extremamente dura e inclemente quando julga cidadãos mais vulneráveis e omissa e leniente quando julga cidadãos do topo da pirâmide social. Como a justiça não funciona, os espertos sempre se dão bem logo ser esperto no Brasil é um meio de vida.

A generalização é sempre ruim porque nivela toda população pelo comportamento do que julgamos ser uma parcela, mas já vivi o suficiente neste país para entender que o silêncio dos que não compactuam com esta realidade é quase um endosso a ela. Afinal, quem defende coisas como mérito, responsabilidade, honestidade, senso de dever, compromisso com os contratos e com o país costuma fazer papel de tolo, de otário.

Complexo de vira-latas

Nelson Rodrigues cunhou o termo “complexo de vira-latas” para definir nossa baixa autoestima depois do fracasso na Copa de 1950 e em seguida para definir como o brasileiro se colocava diante do mundo. O tempo passou, a sociedade evoluiu, o país cresceu e Nelson Rodrigues continua mais atual do que nunca. Como povo continuamos um tanto vira-latas, afinal num país onde todos são espertos no fim acaba que somos todos otários. Daí torcer para que a Copa do Mundo não se realize, que tenhamos uma crise de energia em escala nacional e que o fornecimento de água em São Paulo seja racionado é tão simples quanto acreditar que os venais atuando como parlamentares no Congresso Nacional foram indicados pelo Presidente da Fifa.”

Autor: José Tadeu Gobbi - Publicitário

Diretor Comercial da Valebravo Editorial S/A – Jornal O VALE

(Fonte: http://tadgobbi.jusbrasil.com.br/artigos/118680095/a-torcida-pelo-fracasso-da-copa-do-mundo-e-o-valor-dos-contratos)