Elisabeth Mariano Apresenta...


Edição nº 188 - de 15 de Setembro de 2017 a 14 de Outubro de 2017

Olá Leitoras! Olá Leitores!

Destaque para jovens que estão revolucionando com suas conquistas

Quando se lê uma reportagem sobre um jovem mineiro, André Luiz Souza, que sai de uma favela com um sonho, e o realiza pelo próprio esforço, tornando-se um líder dentro de uma das maiores multinacionais de informação do mundo, é que afirmamos, quão triste é ser criança e jovem nas periferias de nosso país, quanto abandono dos governantes, e quão gigante é o esforço da superação e vitória.

Quando se lê que uma jovem russa tem a liberdade de ser professora e dançar ballet, e ao mesmo tempo ser piloto de avião há dez anos. E ela afirma: "Para aviadores, o gênero não importa. Cada voo me faz feliz. Você doma essa fera, e juntos vocês conquistam o céu."...

Quando se lê as vitórias de nossas cientistas jovens, a exemplo de Sayuri Miyamoto, que já ganhou 15 prêmios em sua invenção já está ]cursando engenharia nos EUA

E, além disto, temos destacada com inventos, a Sabrina Gonzalez Pasterski, 23 anos já estudando nos EUA e considerada uma “nova Eistein.”

Quando se lê, e se vê, e se imagina, que esforço, que coragem, que determinação!

É a vitória da força de vontade própria, sobre a falta de força de vontade das autoridades.

Nossa juventude vale milhões de toneladas de ouros e diamantes, valem muito mais que petróleo. É lastimável, que investidores sejam tão incapazes até de avaliar este tesouro!

Vamos refletir, vamos apoiar e parabenizar os sonhos, ideais, missão de nossos adolescentes e jovens...

Será esta geração que estará a altura para bem nos representar no mundo, não “teremos vergonha mundialmente de dizer que somos “mães de brasileiros e de brasileiras”.

Será uma verdadeira elite, não as que temos fundadas em desvios de verbas públicas.

Incluir a oração diária faz parte também. Tanto a de exorcismo, quanto de agradecimentos a Deus! Vamos em frente, e vamos investir em gente...

Agradecimentos eternos aos nossos valiosos/, e, nossas valiosas, colaboradores/as.

Beijo fraternal em seu coração. Elisabeth Mariano.

Conheça o Currículo de Elisabeth Mariano.

Para informações, críticas, sugestões, envio de notícias, para anunciar, contate-nos.

Brasil é ‘lanterna’ em ranking latino-americano sobre paridade de gênero na política

“O Brasil ocupa a 32ª posição em um ranking de 33 países latino-americanos e caribenhos sobre participação das mulheres nos parlamentos nacionais. Com 9,9% de parlamentares eleitas, o país só fica à frente de Belize, cujo índice é de 3,1%. O primeiro colocado é a Bolívia, com 53,1% de participação de mulheres no parlamento.

“No Brasil, é urgente reconhecer que as mulheres são fundamentais para a democracia e que elas estão cada vez mais distantes de fazer parte do grupo decisório sobre a política nacional, das possibilidades de exercer a cidadania e da igualdade de maneira plena e concreta”, disse Nadine Gasman, representante da ONU Mulheres Brasil.

A Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS) disponibiliza 12 bicicletas aos funcionários de sua representação em Brasília (DF). Mais do que uma forma de lazer, a oferta de bikes no ambiente de trabalho pode ser uma estratégia para mobilizar funcionários a adotar hábitos benéficos ao meio ambiente e à própria saúde.

Segundo a agência da ONU, seu uso como meio de transporte gera atividades físicas regulares que previnem diversas doenças crônicas não-transmissíveis, como hipertensão e diabetes, e o bem-estar físico e mental dos funcionários. Além disso, reduz a quantidade de veículos no trânsito e as emissões de partículas nocivas à saúde, além de estimular o uso do espaço público.”

(Fonte: https://nacoesunidas.org/brasil-e-lanterna-em-ranking-latino-americano-sobre-paridade-de-genero-na-politica/, data de acesso 10/09/2017)

ONU traduz para o português recomendações de direitos humanos feitas ao Brasil

Publicado em 14/08/2017

“O Centro de Informação das Nações Unidas no Brasil (UNIC Rio) traduziu para o português documento com mais de 240 recomendações de Estados-membros da ONU para melhorar a situação dos direitos humanos no país.

As recomendações foram feitas em maio deste ano, no âmbito da Revisão Periódica Universal (RPU), uma espécie de sabatina na qual os países são avaliados pelos membros das Nações Unidas.

O Centro de Informação das Nações Unidas no Brasil (UNIC Rio) traduziu para o português documento com mais de 240 recomendações de Estados-membros da ONU para melhorar a situação dos direitos humanos no país.

As recomendações foram feitas em maio deste ano, no âmbito da Revisão Periódica Universal (RPU), uma espécie de sabatina na qual os países são avaliados pelos membros das Nações Unidas.

Acesse o relatório na íntegra, em português, clicando aqui.

Os países fizeram uma série de recomendações sobre segurança pública, alertando para a violência policial, especialmente contra a população negra e pobre. Também demandaram melhorias no Sistema Judiciário e penitenciário com base nas leis internacionais de direitos humanos.

Houve ainda orientações para o combate à violência contra negros, mulheres, indígenas, jornalistas e comunidade LGBTI, assim como pedidos e sugestões concretas para reduzir as desigualdades sociais e a pobreza no país, com ampliação do acesso a empregos dignos e serviços públicos como saúde, educação e saneamento básico.

O Brasil tem prazo até setembro deste ano, quando ocorrerá a 36ª sessão do Conselho de Direitos Humanos, para emitir uma resposta sobre as orientações feitas pelos países.”

(Fonte: https://nacoesunidas.org/onu-traduz-para-o-portugues-recomendacoes-de-direitos-humanos-feitas-ao-brasil/, data de acesso 10/09/2017)

OPAS/OMS apoia decisão da ANVISA de proibir aditivos para mudar sabor e cheiro de cigarros

“O Supremo Tribunal Federal (STF) deve julgar na tarde desta quinta-feira (17) a possibilidade de a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) impedir o uso de aditivos em produtos derivados do tabaco. A Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS) se manifesta favorável à proibição desses agentes, que são usados para, por exemplo, modificar o sabor e o cheiro de cigarros, tornando-os mais atrativos, principalmente para os jovens.”

(Fonte: https://nacoesunidas.org/opasoms-se-manifesta-a-favor-da-decisao-da-anvisa-de-proibir-aditivos-para-mudar-sabor-e-cheiro-de-cigarros/, data de acesso 10/09/2017)

Jovens da América Latina e do Caribe mantêm otimismo com futuro do trabalho

Os jovens da América Latina e do Caribe enfrentam atualmente um mercado de trabalho adverso, com aumento do desemprego e altas taxas de informalidade. No entanto, isso não impede que eles tenham confiança no futuro do trabalho, otimismo sobre o que podem conseguir em seus empregos e boas expectativas sobre o impacto das novas tecnologias, destacou um novo relatório técnico da Organização Internacional do Trabalho (OIT).

(Fonte: https://nacoesunidas.org/jovens-da-america-latina-e-do-caribe-mantem-otimismo-com-futuro-do-trabalho/, data de acesso 10/09/2017)

A bailarina russa que virou piloto de avião

8 setembro 2017

“No mês passado, a Rússia passou a aceitar pilotos de guerra mulheres pela primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial.

Os militares dizem que receberam centenas cartas de interesse. O primeiro grupo, com quinze mulheres, começa a treinar no mês que vem.

Durante a guerra, as pilotos da União Soviética eram conhecidas como "Falcões de Stálin", mas depois não puderam continuar a carreira na aeronáutica.

A BBC perguntou a três mulheres como é ser piloto hoje no país.

"Sou bailarina profissional e dou aulas de dança para crianças. Alguns pais das minhas alunas ficaram surpresos e chocados quando descobriram que o balé não é meu único interesse", diz a bailarina Ekaterina Voronina, que também é piloto há dez anos.

"Para aviadores, o gênero não importa. Cada voo me faz feliz. Você doma essa fera, e juntos vocês conquistam o céu."

No topo

"É difícil descrever o que sinto quando ganho um campeonato", diz. "É difícil ganhar da primeira vez e ainda mais difícil continuar ganhando, ano após ano."

"No meu primeiro campeonato, havia 44 homens. Eu era a única mulher. Quando a competição pegou fogo, todos os homens ficaram de pé e gritaram: 'Primeira! Primeira! Eles queriam que eu fizesse o primeiro voo", conta.

A estudante de aviação Anastasia Dagaeva diz que não há estereótipos de gênero entre os pilotos, mas mesmo a aviação amadora ainda é considerada um universo masculino.

"As mulheres superam os desafios, e isso me deixa muito feliz."

(Fonte: http://www.bbc.com/portuguese/internacional-41207599, data de acesso 10/09/2017)

Einstein de nossa geração já nasceu, é mulher e tem apenas 23 anos, aponta Harvard

“Uma jovem de apenas 23 anos tem conquistado o campo científico e está sendo comparada a gênios como Stephen Hawking e Albert Einstein. Trata-se de Sabrina Gonzalez Pasterski, que possui uma inteligência incomum desde muito cedo. As comparações feitas entre ela e grandes nomes da ciência não são em vão. Quando tinha apenas 14 anos, a garota construiu sozinha o seu próprio avião de motor único. Como se não bastasse, ao terminar a obra, ela fez questão de pilotar, entrando para a história como a pessoa mais jovem a conduzir uma aeronave. Sabrina levou dois anos para montar o avião, cuja construção foi documentada por ela no YouTube.

Formada na Illinois Mathematics and Science Academy desde 2010, Pasterski se inscreveu no renomado Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT). De imediato, ela precisou esperar para ser aceita, mas, logo depois que professores da instituição viram o seu vídeo, foi aprovada. “Nossas bocas estavam penduradas depois de verificá-la. Seu potencial está fora das paradas”, afirmou, em entrevista ao Femalista, Allen Haggerty, um dos professores. Com apenas três anos no MIT, a jovem já atingiu a mais alta média de pontos de classificação, 5.0.

Atualmente, Sabrina, com seus 23 anos de idade, está investindo em seu doutorado na Universidade de Harvard, com total liberdade acadêmica. Para a surpresa de muitos, ela não está mais interessada em construir aviões; agora o seu maior interesse é pelos estudos da Física na análise de buracos negros e questionamentos sobre a gravidade. É partir daí que surgem as comparações do corpo docente com Einstein e Hawking, segundo reporta o jornal britânico Independent. A garota não nega o desejo de estudar a “gravidade quântica” e, caso suas pesquisas alcancem êxito, algumas descobertas poderão mudar a maneira como se entende o universo.

Paterski costuma registrar os seus estudos e pesquisas em seu site Physics Girl, e, em depoimento à revista Marie Claire, a jovem cientista incentivou o otimismo na busca dos sonhos. “Seja otimista sobre o que você acredita que pode fazer. Quando você é pequeno, diz muitas coisas sobre o que você fará ou será quando for mais velho. Eu acho que é importante não perder de vista esses sonhos”, disse.”

(Fonte: http://curiosamente.diariodepernambuco.com.br/project/einstein-de-nossa-geracao-ja-nasceu-e-mulher-e-tem-apenas-23-anos-aponta-harvard/, data de acesso 10/09/2017)

A história de uma inventora brasileira que é uma amostra da nossa mentalidade

By Marcelo Faria - 13/06/2017

“Quando estava no 2° ano do ensino médio, Sayuri Miyamoto criou uma bandeja biodegradável, feita com bagaço de cana-de-açúcar, para substituir as tradicionais bandejas de isopor.

Sua invenção rendeu mais de 15 prêmios, participação em uma conferência científica em Portugal e em uma feira de ciências em New York, o prêmio “Jovens Inventores” do Caldeirão do Huck e uma semana visitando a Universidade de Harvard (EUA).

Fosse uma americana, Sayuri muito provavelmente estaria buscando investidores para financiar a produção de sua invenção em larga escala e lucrar. Mas não foi o que ela fez.

Ela preferiu gastar quatro anos da sua vida estudando Engenharia Biomédica, veja só, nos EUA.

Pode ser que a experiência lhe renda conhecimento e contatos para transformar o invento em uma empresa. Pode ser que seja apenas desperdício de tempo enquanto outras pessoas copiam sua invenção e lucram com ela, e no fim ela descubra que um pedaço de papel não significa muita coisa.

Mas nem é essa minha crítica principal.

Quando retornar ao Brasil, Sayuri não quer montar uma mega empresa, ganhar muito dinheiro, empregar milhares de pessoas e usar parte do lucro para novos inventos.

Sayuri quer voltar para aplicar seu conhecimento no Ministério da Ciência e Tecnologia, onde pretende “lutar para tornar nosso país uma referência mundial em desenvolvimento científico”.

Ê Brasil…

Marcelo Faria - Presidente do ILISP e empreendedor

(Fonte: http://www.ilisp.org/artigos/a-historia-de-uma-inventora-brasileira-que-e-uma-amostra-da-nossa-mentalidade/, data de acesso 10/09/2017)

Ele cresceu numa favela mineira, virou doutor nos EUA e agora é pesquisador do Google

A história de André Luiz Souza, que nasceu na periferia de BH e hoje, na Califórnia, lidera uma equipe na empresa mais valiosa do mundo

08/09/2017 - 11H07 - ATUALIZADA ÀS 13H19 - POR ALEXANDRE TEIXEIRA.

“O novo escritório do Google em Belo Horizonte, no bairro emergente de Santa Efigênia, à sobrevivente localidade que chamam Vera Cruz são apenas dez minutos de carro. Mas são dois mundos à parte, invisíveis um para o outro. Menos para André Luiz Souza. André é um e é outro. Leva as duas realidades em sua trajetória espetacular. No começo de maio, ele construiu uma ponte temporária, quando veio de sua morada atual (em Mountain View, na Califórnia, sede global do Google) a BH e topou passar uma tarde comigo nas quebradas de sua infância, relembrando as coisas e os caminhos da vida que o tiraram de uma favela brasileira e o levaram a um cobiçado posto na empresa mais valiosa do mundo.

ANDRÉ É A PRÓPRIA PONTE

Magro, de farto cavanhaque e boina preta descolada, ele circula à vontade pelo escritório caracteristicamente colorido, de design arrojado, do Google mineiro. Durante o rápido almoço na cafeteria da empresa, antes da incursão a Vera Cruz, vai saltando do português para o inglês e de volta e mais uma vez com grande desenvoltura, sem deixar cair a conversa com visitantes americanos e brasileiros. Inevitavelmente, porém, André destoa naquele ambiente, onde todas as outras pessoas à vista são brancas e aparentam ser, como se diz, jovens “bem-nascidos” e “bem-criados”. Se André percebe isso, não demonstra nem comenta. Porque ser um estranho no ninho é sua segunda natureza, desde que prestou vestibular para o curso de Letras na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em 1999. A faculdade lhe rendeu um intercâmbio e um doutorado em psicologia na Universidade do Texas, que rendeu um pós-doutorado em Montreal, que rendeu uma temporada como professor da Universidade do Alabama, que rendeu o emprego como pesquisador de experiência do usuário no Google.

Dito assim, parece uma via expressa. Mas é preciso rodar os quatro quilômetros de Santa Efigênia a Vera Cruz no banco do passageiro do carro alugado e conduzido por André para vislumbrar o que, na verdade, foi uma corrida de obstáculos. Em poucos minutos, as avenidas dão lugar a ruas estreitas, os prédios encolhem, a limpeza pública escasseia, as pichações tomam conta de paredes e muros, carros envelhecem, a cor da pele das pessoas nos faróis escurece. E André, falando mais com seus botões do que comigo, afirma: “Se eu puder deixar alguma contribuição será a de mostrar que existe uma ligação possível entre os dois mundos, Vera Cruz e Mountain View. Isso talvez motive aqueles que ainda estão na comunidade e não tinham nem conhecimento de que existe um caminho. Por mais árduo que seja, ele existe”.

Estamos no miolo de Vera Cruz, hoje um bairro de classe média baixa na Zona Leste de BH. Mais adiante, e algumas ladeiras acima, está a comunidade onde ele cresceu, chamada Alto Vera Cruz. André define o lugar: “A gente brincava que carro que subia aqui era só camburão da polícia”. Embora só tenha aprendido a dirigir nos Estados Unidos, depois de adulto, ele manobra com confiança e bom humor pelas vielas estreitas e pelas reminiscências do seu tempo de menino. O caos de carros, motos e pedestres disputando um espaço insuficiente lhe agrada. Porque toda vez que dobra uma esquina é lançado de volta ao passado – e o passado, sabe como é, nunca sai da gente. “Este pedaço aqui, ó”, diz, apontando pela janela do carro uma rua comercial esquálida, “eu fazia todo a pé, para ir para a escola. Faltava dinheiro para a passagem. Mas às vezes meu pai, que era motorista de ônibus, me dava uma carona disfarçada”. André está com 36 anos. Saiu de Vera Cruz só aos 26, para fazer o intercâmbio na Universidade do Texas. E lembra com carinho, também, do imóvel (hoje um salão de beleza) onde funcionava a sorveteria em que comprava picolés para revender na rua. Só a casa em que nasceu é que não consegue localizar. Provavelmente foi demolida.

Nossa primeira parada é na esquina onde esperava o ônibus do pai, seu Edilson, para lhe entregar a marmita recém-saída do fogão. André tinha 8 anos. Queria ser condutor também. “Eu vinha com a marmita, ia até o ponto final, esperava o pai comer e voltava. Me sentia importante, porque ia na frente, conversando com o motorista”, lembra. Ele comprava fiado na padaria em frente à parada onde embarcava com a marmita. É o mesmo ponto há 36 anos, conta Rafael Barroso, vulgo Bom Dia, o dono da Padaria Pão e Queijo. Bom Dia e a mulher, Mariete, fazem festa quando reconhecem o antigo cliente: “Veio visitar os pobres, André?”.

Aquela foi a época de maior dificuldade financeira da família, que morou em pelo menos dez endereços diferentes no bairro, por causa dos despejos frequentes. Os Souza chegaram a viver no galpão de uma gráfica por dois meses. A casa onde passaram mais tempo está de pé. Fica no número 147 da Rua Tebas, que concentra o intenso comércio popular da comunidade.

Um dos portos seguros de André era a Escola Estadual Coronel Vicente Torres Júnior, onde estudou até a quarta série do ensino fundamental. Outro era a Paróquia Santa Cruz, onde cantou dos 7 aos 15 anos. É uma igreja austera, mas bonita e bem preservada. “Minha mãe sempre foi devota de Nossa Senhora e, na época dos apertos, dizia: ‘vamos rezar’.”

O primeiro sonho que André teve na vida foi o de, um dia, tentar a sorte fora do Brasil. Quando tinha 12 ou 13 anos, muita gente conhecida ia trabalhar nos Estados Unidos. E eram das famílias desses emigrantes “as casas mais legais na comunidade”. Ainda era cedo, porém, para sair do país. Seu primeiro emprego, aos 14 anos, foi numa editora, como office boy. Depois, trabalhou como menor aprendiz, dos 15 aos 16 anos, em diversas empresas.

Eram os tempos em que Alto Vera Cruz começava a ficar violento e a acumular as tragédias cotidianas que todo morador de periferia brasileira conhece bem. “Vi amigos morrendo”, diz André. “Garotos que conviviam comigo e acabaram assassinados porque estavam envolvidos com o tráfico.” Nessa época, uma cartomante disse à sua mãe que um filho dela iria morar nos Estados Unidos. Dona Rosângela teve certeza de que seria ele, o filho do meio – e não o irmão mais velho, hoje com 38 anos, nem a irmã mais nova, com 31. Um amigo do bairro ponderou, contudo, que, para ir, André precisava ter curso superior. Foi por isso que, aos 17 anos, contrariando o provável destino – a maioria dos amigos mal terminava o segundo grau –, ele resolveu fazer faculdade. Escolheu o curso de Letras simplesmente porque ensinavam inglês.

Para surpresa geral, embora tenha sido sempre bom aluno, André foi aprovado no vestibular da UFMG. No quarto período, entrou num programa de intercâmbio para alunos com bom desempenho escolar e foi selecionado para um semestre na Universidade do Texas. “Só que a gente só consegue o visto se provar que tem condições financeiras de estar nos Estados Unidos, e eu não tinha.” Amigos da faculdade juntaram dinheiro e depositaram R$ 6 mil em sua conta para que ele pudesse tirar um extrato e mostrar no consulado americano. Concedido o visto, André devolveu tudo e entrou nos Estados Unidos com US$ 25 no bolso.

7“DUAS \'LAJE\' É TRIPLEX"

NOS BECOS DO PASSADO, ANDRÉ LEMBRA QUE OS AMIGOS LHE EMPRESTARAM R$ 6 MIL PARA TIRAR O VISTO AMERICANO. RESOLVIDA A BUROCRACIA, ELE DEVOLVEU O DINHEIRO E VIAJOU COM US$ 25 NO BOLSO

MUDANÇA DE RUMO

Seu plano era, após os seis meses, ficar de vez nos Estados Unidos. Ilegalmente. A mudança de rumo que transformou sua vida foi a entrada num projeto de pesquisa sobre “aquisição de linguagem” – basicamente, o modo como as crianças aprendem a falar. Ele não caiu de paraquedas nessa disciplina. Durante o curso de Letras na UFMG, já havia se interessado por linguística cognitiva. “Entrei no site da Universidade do Texas e pesquisei qual professor do Departamento de Linguística tinha formação na Universidade da Califórnia em San Diego, maior centro de linguística cognitiva do mundo”, conta. André encontrou o professor Richard Meier, entrou em contato, apresentou-se e perguntou se havia algum projeto em que pudesse se envolver. Meier não tinha nenhum, mas o apresentou à professora Catharine Echols, que estava fazendo um trabalho sobre linguagem no Departamento de Psicologia.

“Fiquei muito impressionada com André, e reconheci que ele tinha potencial desde o primeiro encontro”, lembra Catharine. “Embora ainda fosse um estudante de graduação e um falante não nativo de inglês aprendendo um novo campo, as contribuições que ele trazia para as discussões sobre projetos de pesquisa eram do nível dos alunos de pós-graduação.” Na época, a professora tinha uma aluna de doutorado brasileira que fazia uma pesquisa com a Língua Portuguesa. Ela propôs a André que, ao final do intercâmbio, voltasse ao Brasil e ajudasse a equipe com uma coleta de dados no país, o que lhe daria, enfim, a oportunidade de retornar aos Estados Unidos legalmente.

Foi o que ele fez. Voltou para a casa dos pais em BH, agora em outra quebrada, perto da favela Cabana do Pai Tomás, foi fazer um mestrado no Departamento de Psicologia da UFMG e, de imediato, retornou ao Texas, onde passou a trabalhar com Catharine, sua “anja da guarda” profissional. Ela o aceitou como aluno de doutorado, pagou do próprio bolso a passagem dele de volta para os Estados Unidos e ainda lhe pagava para tomar conta das duas filhas pequenas.

Em pleno doutorado, André ganhava a vida lavando pratos num restaurante de luxo em Austin. Ilegalmente. Como bolsista, ele, teoricamente, não poderia trabalhar fora do campus. Na prática, depois do expediente na faculdade, começava entre 6h30 e 7h da noite e ia até a 1h da manhã na cozinha. Sua bolsa de doutorado era de US$ 1,1 mil por mês. No restaurante, ganhava US$ 1,2 mil num fim de semana.

Doutorado no Texas, André mudou para o Canadá, onde se pós-doutorou na Universidade de Montreal e lecionou pela primeira vez em bases regulares. Apenas um ano depois de desembarcar na cosmopolita província de Quebec, fez as malas de novo e desceu direto até Tuscaloosa, uma das cidades mais conservadoras dos Estados Unidos, para uma temporada na Universidade do Alabama – onde o primeiro aluno negro só foi autorizado a estudar em 1953. “A experiência na universidade foi fantástica. Mas viver no Alabama não foi, não”, ele resume. “Em 100% dos lugares, quando falava que trabalhava na universidade, as pessoas achavam que era na limpeza.”

Profissionalmente, foi um período de crescimento. Sua linha de pesquisa investigava como funciona nosso sistema cognitivo quando interagimos com tecnologias. O projeto que André liderou no Alabama conciliava, pela primeira vez, suas três áreas de interesse profissional: cognição, tecnologia e tomada de decisão. Para viabilizá-lo como professor universitário, ele submeteu um pedido de financiamento a um fundo do Google para pesquisas tecnológicas. Recebeu US$ 250 mil para tocar o projeto.

No final de 2013, André foi à Califórnia apresentar os resultados da pesquisa ao patrocinador – e saiu maravilhado. “Como faz para trabalhar aqui?”, perguntou, ainda na sede do Google. Recebeu a resposta-padrão: procure no site uma oportunidade que lhe interesse e mande seu currículo. Ele fez isso. A seu modo. Mandou 36 currículos, devidamente adaptados às posições disponíveis.

Esse desprendimento para ir atrás do que lhe interessa é, segundo André, talvez o único segredo por trás de sua trajetória de sucesso. Ou um dos dois únicos, se incluída na conta uma dose cavalar de perseverança. Para ele, todas as decisões importantes que tomou na vida se resumiram à determinação de não desistir. “É o dia a dia que pega”, diz. “Te contei que lavava prato ao mesmo tempo em que estudava, mas não disse que tinha dias em que chegava em casa tão cansado que falava: ‘não vou dar conta’.”

Em alguns momentos, André pensou em largar tudo. Em outros, pensaram por ele. Nos primeiros tempos de UFMG, ele estudava de manhã, trabalhava na Telemig Celular à tarde e virava a noite programando celulares. “Como ficava muito cansado, comecei a faltar às aulas e acabei perdendo a vaga na universidade. Cogitei não recorrer, mas pensei: passei numa universidade federal vindo de escola pública e não posso perder isso desse jeito.” Recorreu, recebeu parecer favorável e pôde retomar os estudos. Tirou uma lição fundamental disso: correr atrás de tudo e não esperar as oportunidades caírem do céu.

Para Catharine Echols, quando se consideram os desafios que André enfrentou, é surpreendente que ele tenha chegado aonde está. “Em parte, ele foi bem-sucedido por causa de qualidades como sua curiosidade, criatividade, habilidades analíticas, iniciativa e determinação. Mas uma parte importante de seu sucesso foi a sua capacidade de identificar oportunidades – mesmo quando elas eram de alto risco – sem medo de aproveitá-las plenamente”, diz ela.

De todos os recrutadores do Google que receberam o currículo de André, só uma entrou em contato. André suspeitou, de início, que fosse brincadeira de algum amigo. Ao perceber que era sério, respondeu no mesmo dia às perguntas enviadas por e-mail – as quais, segundo ele, eram relativamente fáceis. Aprovado nessa triagem, entrou no processo de contratação do Google, que classifica, aí sim, como “bem intenso”. Foram duas entrevistas de 45 minutos por telefone, seis entrevistas presenciais na Califórnia, além de uma apresentação de 45 minutos. “Agora que estou dentro, sei que cada uma dessas pessoas estava avaliando um aspecto diferente”, explica André, já a caminho do aeroporto, de onde voaria para São Paulo e, de lá, de volta para Mountain View.

DOIS MOMENTOS

Três semanas depois da última entrevista, ele recebeu a oferta do Google. Foi, como diz, um dos dois momentos mais felizes de sua vida (receber o título de doutor na Universidade do Texas também conta muito). “Lembro até hoje do professor falando: Doctor André”, afirma, sorridente. E nas duas ocasiões, o mesmo sentimento, inesquecível, de “caramba!, olha só de onde eu saí e o que consegui”.

O trabalho na Califórnia o levou para outro mundo. Como pesquisador de experiência do usuário, André analisa dados que depois são usados no aprimoramento de produtos do Google. “Por exemplo, quantas pessoas baixaram determinados aplicativos”, ele diz, entregando pouco porque sabe bem onde pisa nesse ambiente em que segredos valem ouro. André ganha seis vezes mais do que na universidade. E, de novo sem entrar em detalhes, conta que paga US$ 3,5 mil mensais para morar de aluguel.

Foi um salto e tanto. Uma trajetória incomum para um jovem negro, pobre, morador das periferias brasileiras. Foram mudanças que mudaram o próprio André. Mas não no que realmente importa, que é a capacidade de valorizar suas origens, olhar para elas e não se render ao cruel determinismo imposto num Brasil tão desigual em oportunidades. Mesmo que todas as novidades do “novo mundo”, às vezes, lhe tragam inseguranças. “O perfil do funcionário do Google é completamente diferente do meu. É gente que sempre estudou em escola muito boa”, observa. Alguns de seus colegas estão no primeiro emprego e, segundo ele, não dão tanto valor ao que conquistaram – até porque a vida promete ser fácil depois de rompida essa barreira inicial. “Se você entra no Vale do Silício, começa a se destacar. Eu mesmo, depois que entrei no Google, já recebi proposta até do Facebook”, ele conta.

Seus planos, contudo, são levar a carreira no Google até o mais alto possível. E o mais alto possível, ele já explicou para a mãe, lá no outro alto, o da Vera Cruz, é se tornar CEO. Muitos duvidarão. “Tudo bem. Poucos acreditaram quando eu disse que seria doutor.”

*Matéria originalmente publicada na edição de junho de 2017 de Época NEGÓCIOS

(Fonte: http://epocanegocios.globo.com/Carreira/noticia/2017/09/ele-cresceu-numa-favela-mineira-virou-doutor-nos-eua-e-agora-e-pesquisador-do-google.html, data de acesso 10/09/2017)