Jornal Espaço Mulher


Edição nº 170 - de 15 de Março de 2016 a 14 de Abril de 2016

Olá Leitoras! Olá Leitores!

Michelle Obama e outras importantes líderes femininas se engajam para que as “meninas no mundo possam estudar e serem felizes”

Por ocasião do Dia Internacional da Mulher, em 8 de março, sempre há mais acesso a informações das atividades que são desenvolvidas para as mulheres na suas diversas fases e condições existenciais. Assim trazemos notícias desde o engajamento da primeira dama Michelle Obama em prol das meninas, e, destacamos a representante da ONU Mulheres Brasil, Nadine Gasman, que se manifesta pela campanha “Por um planeta 50-50 em 2030: um passo decisivo pela igualdade de gênero (incluindo a Embaixadora ONU Mulheres Brasil, Camila Pitanga, que faz em favor dos direitos das mulheres brasileiras, da igualdade de gênero e do empoderamento as mulheres durante todos os dias do ano). Nas politicas públicas temos o PROGRAMA MULHER TRABALHADORA DISCUTE IGUALDADE DE GÊNERO NO MERCADO DE TRABALHO, em que a presidenta da Federação Nacional de Empregadas Domésticas, Creuza Maria Oliveira, cita “a luta pela igualde no trabalho tem que ser permanente”. E a entrevista com Míriam Terena (uma das fundadoras do Conselho Nacional de Mulheres Indígenas) que explica como as indígenas brasileiras enfrentam dificuldades como a falta de informações sobre os seus direitos. Enfim são muitas informações valiosas, que demonstram o quanto em cada parte da Sociedade, há uma grande movimentação mundial e nacional para que todas as Mulheres que ainda encontram dificuldades sejam inseridas junto a Sociedade, e, assim, venham a ser tratadas como um ser digno de ter os mesmos direitos para que possa exercer os próprios deveres com a Sociedade. Nada é mais degradante do que Mulheres que discriminam outras Mulheres, pois estar hipossuficiente diante de alguma intempérie da vida, não que dizer que está em estado de miserabilidade, e que por isto tenha que ser abandonada. Ninguém é melhor que ninguém. Somos todas iguais diante das agruras sociais, políticas, econômicas, por falta de oportunidades, por abusos de poder, por perseguições políticas, dentre outras situações inesperadas que podem ocorrer em várias fases na vida de cada uma. misericórdia humana.

Destacamos aqui também o evento que foi realizado em 8 de março, no Vaticano, e se chamou “Vozes de Fé”, onde ocorreu um Festival de narração feminina, e foi promovido pela Fundação Fidel Götze. Neste encontro houve a participação de mulheres provenientes de países como Filipinas, Quénia, Alemanha, República Democrática do Congo, Hong Kong, Estados Unidos, Índia e República Checa. Esta terceira edição apresentou uma novidade: uma parceria com o Serviço Jesuíta para Refugiados (JRS), para reforçar a importância da educação, sobretudo para as meninas. Os testemunhos feitos no evento foram intercalados com música ao vivo. O tema da edição 2016 é “A MISERICÓRDIA REQUER CORAGEM”.

Sem dúvida, em tudo é preciso coragem, até mesmo para envolver-se solidariamente no empoderamento de umas e de outras, e no enfrentamento contra as discriminações, perseguições e abusos de poder que ocorrem. Isto é a misericórdia corajosa. Receba nos fraternal abraço, com as notícias e pesquisas que fizemos para você nesta edição festiva da criação dos 31 anos de criação e dos 30 anos de implantação do ESPAÇO MULHER. Elisabeth Mariano e equipe.

Para informações, críticas, sugestões, envio de notícias, para anunciar, contate-nos.

“Nenhum garoto, por mais bonito que seja, deve impedi-las de estudar”, diz Michelle Obama à plateia de meninas

LIFESTYLE - Redação

Michelle Obama participou, no dia 29 de Fevereiro, do “The Power of an Educated Girl”, evento sobre a educação de meninas promovido pela revista Glamour, em Nova York. Na ocasião, sem cerimônia, a primeira-dama dos Estados Unidos foi direto ao assunto: “Na idade de vocês, não há garoto bonito o bastante capaz de impedi-las de estudar”, disse à plateia feminina.

Michelle aproveitou o encontro para divulgar a campanha lançada por ela e pelo presidente Barack Obama “Let Girls Learn” (“Deixe as meninas aprenderem”, em tradução livre), para conscientizar as estudantes sobre a importância de frequentar a escola. “Vamos ser claros. Nenhuma de vocês quer estar com um menino estúpido ao ponto de achar que uma menina que estuda não é interessante o suficiente”, completou Michelle.

Para debater o tema, o evento, que reuniu mais de 1.000 estudantes, também contou com a atriz sul-africana Charlize Theron, a ex-primeira ministra da Austrália, Julia Gillard, e a militante adolescente filipina Nurfahada.

Segundo dados da Casa Branca, 62 milhões de meninas ao redor do mundo estão impedidas de estudar, seja por dependência financeira, gravidez ou casamento forçado, entre outros motivos.

Ao final, a primeira-dama incentivou as estudantes a usarem as redes sociais para difundir a importância da educação. “Se eu tivesse me preocupado com quem me achava bonita quando eu tinha a idade de vocês, eu não teria me casado com o presidente dos Estados Unidos”, concluiu.

Leia o texto original, veja fotos e imagens, acesse o link da fonte.

(Fonte: http://www.forbes.com.br/lifestyle/2015/10/nenhum-garoto-por-mais-bonito-que-seja-deve-impedi-las-de-estudar-diz-michelle-obama-a-plateia-de-meninas/, data de acesso 10/03/2016)

A igualdade de gênero, por representante da ONU Mulheres Brasil, Nadine Gasman

Postagem: 18:15 08/03/2016

Para a representante da ONU Mulheres Brasil, Nadine Gasman, a igualdade de gênero somente acontecerá se forem eliminadas todas as formas de discriminação contra as mulheres.

“Temos de quebrar o ciclo perverso da violação de direitos das mulheres. Isso implica mudanças concretas e diárias dentro de casa, na maneira como as pessoas vivem, nas estratégias e nos investimentos em políticas públicas, no avanço de leis que garantam os direitos das mulheres, na responsabilidade de empresas para enfrentar barreiras que ainda impedem salário igual e mais poder para as mulheres desenvolverem suas carreiras”, destacou Nadine.

Paridade de gênero

“Por um planeta 50-50 em 2030: um passo decisivo pela igualdade de gênero” é uma iniciativa da ONU Mulheres para que os governos assumam compromissos nacionais para enfrentar os desafios que estão impedem mulheres e meninas de alcançar seu pleno potencial.

Planeta 50-50 surgiu em março de 2015 como proposta da ONU Mulheres de acelerar os compromissos em prol do empoderamento de mulheres e meninas.

A iniciativa está vinculada à Agenda 2030 das Nações Unidas, a ser implementada pelo cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), que fornece um roteiro abrangente por meio de 17 objetivos globais e 169 metas, para o futuro das pessoas e do planeta.

Dentre as ações do Planeta 50-50, destacam-se novas leis e o fortalecimento de direitos conquistados pelas mulheres.

Outras ações podem incluir a criação de programas para erradicar a violência contra mulheres e meninas, incentivando a participação das mulheres na tomada de decisão, e investir em planos de ação nacionais ou políticas para a igualdade de gênero, criando campanhas de educação pública para promover a igualdade de gênero.

Compromissos do Brasil

O Brasil foi um dos primeiros países a aderir à iniciativa Planeta 50-50 por meio da sanção da tipificação do crime de feminicídio, em março de 2015.

São outros compromissos do país registrados na plataforma global: garantia de que todas as mulheres em situação de violência encontrar proteção e apoio no programa ‘Mulher, Viver sem Violência’; cuidados de saúde materna e assistência às meninas; plano para os cuidados prestados às vítimas de violência sexual por parte de profissionais de segurança pública e de saúde; grupo de trabalho sobre a saúde para as mulheres com deficiência; licença-maternidade para mulheres militares; permissão de registro do nascimento de filhas e filhos sem a presença do pai.

Em setembro de 2015, durante a Reunião dos Líderes Globais, na Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável, a presidenta Dilma Rousseff reiterou a sua responsabilidade com as mulheres brasileiras. “Eu lhes trago uma mensagem de compromisso inabalável e firme para implementação da Plataforma de Ação de Pequim”, destacou Dilma.

Fonte: ONUBR

Leia na íntegra, veja fotos e imagens assista vídeos, acesse o link da fonte.

(Fonte: http://www.ceert.org.br/noticias/genero-mulher/10642/em-video-embaixadora-da-onu-mulheres-brasil-camila-pitanga-lanca-desafio-sobre-direitos-das-mulheres, data de acesso 10/03/2016)

Programa Mulher Trabalhadora discute igualdade de gênero no mercado de trabalho

12/03/2016 22h43

Brasília Da Agência Brasil

O Programa Mulher Trabalhadora, que discute a igualdade de gênero na sociedade brasileira, feito pelo Ministério do Trabalho e Previdência Social em parceria com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), apresenta um conjunto de informações que mostram a inserção das mulheres no mercado de trabalho.

De acordo com o ministro do Trabalho e Previdência Social, Miguel Rossetto, o programa tem por objetivo a busca da igualdade dentro do mercado de trabalho. “Esse trabalho trás dados importantes, uma realidade que nos permite analisar, pensar e mudar. Não queremos viver em uma sociedade machista e racista. Dar continuidade a esta luta no mundo do trabalho, nesse objetivo de construirmos e disputar uma sociedade de iguais que é capaz de valorizar as diferenças, capaz de encontrar beleza nas diferenças mas que é capaz de recusar as desigualdades de gênero de raça no nosso país, esse é o nosso desafio”, disse.

Rossetto falou ainda sobre as conquistas femininas e os avanços que tem sido realizados no combate a desigualdade de gêneros. “Estamos com avanços muito importantes em relação a esse tema, a uma diminuição das disparidades salariais e das condições de trabalho das mulheres e homens ao longo dos últimos anos, ela persiste mas existe uma diminuição que expressa a conquista das mulheres trabalhadoras ao longo dos últimos anos. Avançamos mas ainda temos muito que construir”, completou.

Segundo a coordenadora da Coordenação de Igualdade de Gênero e Raça da Diretoria de Estudos e Políticas Sociais, Luana Simões Pinheiro, quatro em cada dez mulheres não estão no mercado de trabalho hoje, e ressaltou que a diferença entre homens e mulheres no mercado de trabalho ainda é grande. “Houve uma feminilização no mercado hoje, mas a diferença ainda é muito clara. As mulheres entraram com força no mercado na década de 70, mas percebe-se uma estabilidade nessa inserção”, dissePara a presidenta da Federação Nacional de Empregadas Domésticas, Creuza Maria Oliveira, a luta pela igualde no trabalho tem que ser permanente. “Nossa luta tem história, história de mulheres guerreiras. Os direitos ainda não estão iguais, mais ainda continuaremos lutando. Nós [empregadas domésticas] temos o direito a carteira assinada no Brasil há 43 anos, mas muitas ainda trabalham de forma irregular”, disse.

Edição: Aécio Amado

Leia o original, veja imagens e fotos, acesse o link da fonte.

(Fonte: http://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2016-03/programa-mulher-trabalhadora-discute-igualdade-de-genero-no-mercado, data de acesso 08/03/2016)

Direitos das Mulheres: como alcançar a igualdade de gênero?

Valeria Perasso - Repórter especial do Serviço Mundial da BBC

8 março 2016

Ao redor do mundo, o número de homens excede em 62 milhões o de mulheres, já que nascem mais bebês do sexo masculino do que do feminino, segundo as Nações Unidas.

Mas quando se trata de inserção no mercado de trabalho, há pelo menos 3,3 bilhões de mulheres à sombra dos homens. Seus direitos continuam sendo suprimidos ou negligenciados em diversas regiões do globo.

Não há dúvida de que houve progresso nas últimas décadas, em parte pela luta incansável das ativistas. Leis específicas foram criadas para proteger as mulheres. Elas ganharam maior acesso à educação. E o índice de mortalidade ao dar à luz caiu.

No entanto, alguns dos problemas que têm perseguido as mulheres por séculos permanecem.

Como atingir a igualdade de gêneros? Em quais áreas?

No Dia Internacional das Mulheres, a BBC enumerou junto a especialistas uma lista de alguns dos direitos das mulheres que estão sob risco - e as estatísticas surpreendentes por trás deles.

Política

O mundo da política continua sendo predominantemente masculino.

Em 2015, a União Interparlamentar (UIP), ligada à ONU, revelou que apenas 17% de todos os ministérios em todo o mundo são chefiados por mulheres. E elas são apenas 22% de todos os parlamentares.

Mulheres e Política

Posições de liderança

Fonte: União Interparlamentar e ONU Mulheres, 2015

O cenário também é desalentador quando se analisam as posições de liderança: 11 mulheres atuam como chefes de Estado e 13 como chefes de Governo, segundo um último levantamento da ONU Mulheres, em agosto do ano passado.

"Nesse estágio do desenvolvimento humano, não há justificativa para tamanha desigualdade. Infelizmente, contudo, a vontade política para mudar isso é inexistente na maior parte dos casos", afirmou Anders B. Johnsson, especialista em direito internacional e ex-secretário-geral da UIP.

De certa forma, os dados melhoraram. Os números mais que dobraram ao longo da última década, especialmente em países que implementaram cotas para aumentar a participação política das mulheres: em 2015, 41 Parlamentos unicamerais ou câmeras de deputados são compostas por mais de 30% de mulheres - entre elas 11 na África e nove na América Latina.

Até mesmo o mais básico dos direitos políticos para as mulheres, o voto, ainda enfrenta empecilhos: na Arábia Saudita, por exemplo, as mulheres votaram pela primeira vez na história apenas nas eleições municipais de dezembro passado.

O desafio do mercado de trabalho

Outro debate acalorado está relacionado ao mercado de trabalho: o quanto as mulheres conseguem entrar e como são pagas uma vez que conquistam as vagas.

O relatório mais recente lançado pela ONU sobre o assunto, "The World's Women 2015" ("O Mundo das Mulheres 2015, em tradução literal), aponta que, como grupo, as mulheres trabalham tanto quanto os homens, senão mais.

"Quando se leva em conta o trabalho pago e não pago, como as tarefas domésticas e o cuidado com as crianças, as mulheres trabalham mais horas que os homens - uma média de 30 minutos a mais por dia em países desenvolvidos e 50 minutos naqueles em desenvolvimento", apesar que as horas gastas em trabalhos domésticos diminuiu com o passar do tempo.

Isso não se reflete no salário que recebem - pelo contrário, se olharmos a diferença entre os valores.

É fato conhecido que, em média, as mulheres recebem menos que os homens pelos mesmos trabalhos. E equilibrar isso teria um impacto de U$ 28 trilhões (R$ 105 trilhões) no PIB global até 2025.

Esse cálculo foi feito pela consultoria McKinsey Global Institute, liderada pelo cientista político Jonathan Woetzel.

"A desigualdade de gêneros não é somente uma pressão moral e social, mas também um desafio econômico crítico. Se as mulheres não alcançarem todo o potencial econômico delas, a economia global vai sofrer", disse ele.

Especialistas apontam que tão preocupante quanto a diferença salarial é o desequilíbrio na participação na força de trabalho, que permanece grande especialmente no norte da África, no oeste e sul da Ásia. Dados da Organização Internacional do Trabalho mostram que somente 47% das mulheres em idade ativa estão no mercado, contra 72% dos homens.

Um estudo recente feito pelo Banco Mundial em 173 países mostra que em 155 deles há pelo menos uma diferença legal que restringe as oportunidades econômicas às mulheres.

Como resultado, elas são mais suscetíveis ao mercado informal de trabalho do que os homens. De acordo com a agência da ONU para Mulheres, em 2015, mais de 80% das mulheres em trabalhos não-agrícolas no sul da Ásia estavam na informalidade; na África Subsaariana, são 74% e na América Latina e no Caribe, 54%.

Sozinha e segura

Em alguns países, os níveis de violência de gênero devem ser tratados com urgência - e não somente nos mais pobres ou naqueles com conflitos.

O "índice de insegurança", criado por pesquisadores americanos para posicionar países de acordo com o nível de segurança percebido para as mulheres, revela que a ameaça ao bem-estar físico e psicológico em nível global é de 3.04 (em um ranking em que quatro é o pior e zero, o melhor nível de segurança).

"O mundo todo flutua ao redor do nível 3, então o cenário geral não é bom. Vemos a insegurança física das mulheres como um dos dilemas de segurança global", afirma Valerie Hudson, autora de Sex and World Peace (Sexo e Paz Mundial, em tradução livre).

Hudson lidera o time que está por trás do "índice de insegurança" e é membro fundadora do WomanStats Project, a base de dados mais ampla sobre direitos da mulher.

"A forma da violência pode mudar de país para país. Taxas de homicídio na América Latina são excepcionalmente altas. A violência doméstica é absolutamente penetrante na África Subsaariana, enquanto Índia, China, Vietnã e outros têm riscos muito altos de seleção de gênero por aborto", disse Hudson.

Direitos das Mulheres e Violência Física

Fonte: ONU, 2016

'Sim' consentido

Observadores também pressionam para uma mudança na legislação que vai diminuir o número de casamentos de menores de idade ao redor do mundo.

"Se me perguntassem que mudanças específicas eu faria para melhorar a situação da mulher, eu diria (banir) casamentos infantis. Meninas com oito anos se casam. Essa prática condena não só as meninas, mas também seus filhos a uma vida de pobreza, desnutrição e níveis mais baixos de educação", diz Hudson.

A Unicef estima que mais de 700 milhões de mulheres que estão vivas hoje se casaram antes de fazer 18 anos e, dessas, 250 milhões o fizeram aos 15 anos.

A ONU chamou casamentos de menores - às vezes arranjados pelas famílias, frequentemente sem consentimento - de "violação fundamental dos direitos humanos" que expõe meninas ao "risco de violência doméstica e isolação social".

Apesar de os números terem declinado fortemente desde os anos 1970, ainda quase a metade das mulheres de 20 a 24 anos no sul da Ásia e 20% na África Subsaariana se casaram antes dos 18 anos, de acordo com o documento "The World's Women 2015".

As descobertas sugerem que o casamento adolescente, com permissão dos pais facilmente concedida quando necessária, é ainda uma prática generalizada.

O mesmo pode ser dito da poligamia, uma prática social que muitos acreditam atrasar o desenvolvimento da mulher.

De acordo com a última pesquisa da ONU, a poligamia ainda era predominante em 2009: legal ou geralmente aceita em 33 países (25 deles na África); aceita em parte pela população ou legal para algum grupo em 31 países, 18 dos quais na África e 21 na Ásia.

Nos olhos da lei

Casamentos Infantis

Fonte: ONU

Há outras restrições legais sendo combatidas: do impedimento a que mulheres dirijam, na Arábia Saudita, a restrições ao livre movimento a mulheres que não estejam acompanhadas de seu marido ou pai.

O problema oculto, dizem especialistas, é o acesso desigual às leis familiares, que dão tratamentos diferentes para mulheres e homens não apenas em relação ao casamento, mas em vários aspectos da vida cotidiana.

A transmissão de bens de geração a geração é também uma das áreas em que as mulheres têm menos direitos.

A Mauritânia é o país em que leis de herança parecem ser mais desiguais, de acordo com análises do Banco Mundial. Mas outros países, como Lesoto, também impedem as mulheres de ter posse de bens - elas são obrigadas a assinar a propriedade em conjunto com homens.

O fato de elas não serem consideradas beneficiárias ou proprietárias de terra no mesmo patamar que os homens, dizem especialistas, tira das mulheres a possibilidade de independência financeira.

Diferença de gênero

Então, quão ruim é o quadro geral? Uma das formas de medir o estado atual das coisas, dizem especialistas, é o índice de disparidade entre sexos que o Fórum Econômico Mundial vem atualizando pelos últimos dez anos.

Apesar de essa medida não contemplar todos os aspectos da desigualdade de gênero, tem sido usada como uma forma de chamar atenção ao problema.

O Banco Mundial calculou o quanto a disparidade diminuiu desde 2006 (quando começou a coletar informações), e a resposta é: não muito.

Mesmo nas regiões que apresentam melhora nos índices, como a América do Norte e a Europa, a distância diminuiu apenas alguns pontos percentuais.

Olhando por países, o top 5 é dominado por nações nórdicas, com a Islândia em primeiro lugar, seguida por Finlândia, Noruega, Suécia e Dinamarca.

No lado oposto do ranking estão Mali, Síria, Paquistão e Iêmen, países com as maiores porcentagens de desigualdade entre homens e mulheres.

Desequilíbrio Patrimonial

Fonte: Banco Mundial

Além disso, seis países viram a disparidade entre sexos aumentar desde 2006, indo contra a tendência geral: Sri Lanka, Mali, Croácia, Macedônia e Tunísia.

"É uma via de mão dupla: o que acontece com as mulheres afeta a nação como um todo. E há muito o que fazer para ajudar as mulheres e tornar os países um lugar melhor para viver", diz Valerie Hudson.

Leia original, veja fotos e imagens no link da fonte.

(Fonte: http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2016/03/160308_gch_dia_internacional_das_mulheres_direitos_lgb, data de acesso 10/03/2016)

11 tecnologias extraordinárias criadas por mulheres

Margarita Rodríguez

Da BBC Mundo

8 março 2016

Se você olhar ao seu redor, com certeza as encontrará. São invenções que revolucionaram o mundo. Em alguns casos, salvaram vidas. Em outros, simplesmente as tornaram melhores.

No Dia Internacional da Mulher, apresentamos 11 inventos ou tecnologias desenvolvidos por elas.

1. Teste de urina para monitorar diabetes

O trabalho no campo da química realizado pela cientista americana Helen Free, de 93 anos, revolucionou os exames para diagnosticar doenças e detectar gravidez.

Free desenvolveu, junto com seu marido, Alfred, as tiras que são usadas em todo o mundo para monitorar a diabetes ao revelar a presença de glucose na urina no paciente.

Dotadas de substâncias químicas, essas tiras de alguns milímetros de largura apresentam uma reação ao entrar em contato com compostos presentes na urina.

Nascida em 1923, a pesquisadora lançou seu invento no mercado com o nome de Clinistix, uma tecnologia que representou um grande avanço em testes rápidos e eficazes não só de urina, como também de sangue.

2. Medicamento contra leucemia

Segundo o Salão da Fama dos Inventores dos Estados Unidos, a americana Gertrude B. Ellion (1918-1999), nascida em uma família de imigrantes lituanos, inventou o medicamento contra leucemia conhecido como 6-mercaptopurina e inovações farmacêuticas que facilitaram o transplante de rim.

Suas pesquisas também levaram ao desenvolvimento de outro fármaco, a 6-tioguanina.

"A expansão de sua pesquisa a conduziu ao Imuran, um derivado da 6-mercatopurina que impedia a rejeição pelo corpo de tecidos externos. Usado com outros medicamentos, o Imuran permitiu os transplantes renais entre pessoas que não eram parentes", destaca o Salão da Fama de Inventores.

Ellion também liderou a equipe que desenvolveu medicamentos para tratar gota e um antiviral para combater infecções causadas pelo vírus da herpes.

Em 1988, o prêmio Nobel de Fisiologia e Medicina foi concedido a ela, James W. Black e George H. Hitchings "por suas descobertas sobre princípios-chave de tratamentos a base de medicamentos".

"Por casualidade, conheci um químico que buscava um assistente de laboratório. Ainda que não pudesse me pagar um salário nesta época, decidi que a experiência valia a pena", disse a cientista em um texto autobiográfico publicado no site do prêmio Nobel.

"Fiquei ali um ano e meio, e finalmente passei a ganhar o incrível montante de US$ 20 (em valores atuais, US$ 338, ou R$ 1278) por semana. Já havia economizado um pouco de dinheiro e, com a ajuda de meus pais, entrei na escola de pós-graduação da Universidade de Nova York no outono de 1939. Era a única mulher na classe de química, mas ninguém parecia se importar."

3. Método para melhorar negativos fotográficos

Em 1978, a Associação para o Avanço de Invenções e Inovações dos Estados Unidos elegeu a química Barbara S. Askins, hoje com 77 anos, como a inventora do ano por ter criado um processo para recuperar os detalhes de negativos que haviam sido subexpostos.

No mesmo ano, a pesquisadora patenteou sua invenção, que permitia melhorar fotografias usando materiais radioativos.

A Nasa a havia contratado em 1975 para encontrar uma forma melhor de revelar fotos astronômicas e geológicas feitas a partir do espaço e obter imagens em que os detalhes pudessem ser vistos com clareza em vez de borradas ou com pouca definição.

Sem sua tecnologia, diz a Nasa em seu site oficial, estas imagens seriam inúteis. Seu invento foi "tão bem sucedido que seu uso se expandiu para além da agência espacial e foi aproveitado na obtenção de melhorias em raios-X e na restauração de fotos antigas".

4. 'Calculadora gráfica' para resolver problemas de transmissão de energia

Edith Clarke (1883- 1959) é considerada uma pioneira da engenharia elétrica e da computação. Ela foi a primeira engenheira elétrica a ser empregada profissionalmente nos Estados Unidos e a primeira professora em tempo integral desta área no país.

"Inventou uma calculadora gráfica que simplificou para determinar as características elétricas de longas linhas de transmissão de eletricidade", indica o Salão da Fama de Inventores dos Estados Unidos.

Clarke foi uma autoridade na manipulação de funções hiperbólicas, circuitos equivalentes, análise gráfica e sistemas elétricos. A cientista patenteou a calculadora Clarke em 1925.

"Sua carreira teve com tema central o desenvolvimento e a disseminação de métodos matemáticos que simplificaram e reduziram o tempo empregado em cálculos complicados para resolver problemas de design e operação de sistemas de energia elétrica", explica James E. Brittain no ensaio Do Computador à Engenharia Elétrica: a extraordinária carreira de Edith Clarke.

"Ela traduziu o que muitos engenheiros viam como métodos matemáticos esotéricos em gráficos ou em formas mais simples, em uma época em que os sistemas de energia se tornavam mais complexos."

5. Vidro sem reflexo

As pesquisas de Katharine Blodgett (1898-1979) e Irving Langmuir criaram uma nova disciplina científica ao experimentarem com películas orgânicas com uma só molécula de espessura que tiveram aplicações práticas em campos tão variados como a conversão de energia solar e a fabricação de circuitos integrados.

"Como assistente de Langmuir na General Electric, Blodgett deu prosseguimento à sua descoberta, que consistia em uma capa única de superfície de água que podia ser transferida para um substrato sólido. Anos depois, ela verificou que o processo podia ser repetido para criar uma pilha de capas múltiplas de qualquer espessura", explica o Salão da Fama dos Inventores dos Estados Unidos.

Primeira mulher a obter um PhD em Física na Universidade de Cambridge, no Reino Unido, Blodgett aprofundou seu trabalho e criou revestimentos antirrefletores para superfícies de vidro. Isso fez com que produzisse, como destaca o Salão, o primeiro vidro "verdadeiramente invisível".

Sua invenção, conhecida como filme Langmuir-Blodgett, foi patenteada nos Estados Unidos em 1940. "O vidro sem reflexo eliminou a distorção de luz que existia em vários equipamentos ópticos, incluindo lentes de sol, telescópios, microscópios, câmeras e projetores."

6. Peneiras moleculares para refino de petróleo

Não há como falar de Edith Flanigen sem mencionar a descoberta de formas mais eficientes, limpas e seguras de refinar petróleo. De fato, seu invento foi uma peça-chave na produção de gasolina em todo o mundo.

Em 1956, a química americana "começou a trabalhar na tecnologia emergente de peneiras moleculares, estruturas cristalinas microporosas", segundo o Salão da Fama de Inventores dos Estados Unidos.

"Esses compostos podem ser usados para purificar e separar misturas complexas e catalisar ou acelerar o ritmo das reações dos hidrocarbonetos e têm uma ampla aplicação no refinamento de petróleo e nas indústrias petroquímicas."

Em 2004, o Instituto de Tecnologia de Massachussets (MIT, na sigla em inglês) conferiu a ela o prêmio Lemelson-MIT pelos efeitos revolucionários desta tecnologia.

Flanigen liderou uma equipe de inventores que descobriu "mais de uma dezena de estruturas de peneiras moleculares e 200 composições, muitas das quais foram comercializadas no refinamento de petróleo e nos processos petroquímicos para reduzir os custos de energia e o desperdício industrial", destacou o MIT.

Aos 87 anos, Flaningen detém hoje 108 patentes nos Estados Unidos, e, entre suas pesquisas foram aplicadas na purificação de água e no saneamento ambiental.

7. Máquina para fazer sacolas de papel

Dona de 26 patentes, concedidas entre 1870 e 1915, a americana Margaret Knight (1838-1914) entrou para a história por ter inventado uma máquina para fabricar sacolas de papel de fundo plano.

"A invenção revolucionou a indústria de sacolas de papel ao substituir o trabalho de 30 pessoas pelo de uma única máquina", diz o Salão da Fama dos Inventores dos Estados Unidos.

De forma automática, a máquina cortava o papel, o dobrava e unia suas partes para criar a sacola. "Antes de sua invenção, as sacolas de fundo plano só podiam ser feitas manualmente e com um alto custo."

Seu invento foi usado em todo o mundo e permitiu a produção em massa desse tipo de sacola. Uma variação de sua máquina ainda era usada no fim do século 20.

8. Fralda descartável

Em 1951, foi concedida à arquiteta americana Marion Donovan (1917-1998) a patente de uma cobertura impermeável para fraldas, o que fez com que ficasse reconhecida mundialmente como a "mãe das fraldas descartáveis".

Quando ela faleceu, o jornal The New York Times escreveu em seu obituário: "Tinha 81 anos e havia ajudado a encabeçar uma revolução industrial e doméstica ao inventar o precursor da fralda descartável".

"Motivada pela tarefa frustrante e repetitiva de trocar as fraldas de pano sujas, a roupa e os lençóis de seu filho, Donovan criar uma capa para a fralda que permitia manter seu bebê seco", conta o Salão da Fama de Inventores dos Estados Unidos.

"Diferentemente de outros produtos no mercado, o seu foi feito com uma tela que permitia que a pele do bebê respirasse e também incluía botões em vez de alfinetes."

Donovan batizou seu invento como "Boater", mas, num primeiro momento, ele foi recusado por fabricantes. Por essa razão, ela começou a comercializar a capa por conta própria e, após receber a patente, a vendeu para uma companhia por US$ 1 milhão em valores da época.

Anos depois, o engenheiro industrial Victor Mills, da Procter & Gamble, lideraria a equipe que fez a primeira fralda descartável como a conhecemos hoje.

9. Sinalizadores marítimos

"Em uma época em que as mulheres pareciam não fazer nada além de arrumar a casa e criar os filhos, Martha Coston estava ocupada salvando vidas ao aperfeiçoar os sinalizadores marítimos noturnos", destaca o livro As Invenções de Martha Coston, de Holly Cefrey.

Coston (1826-1904) desenvolveu um sistema de luzes pirotécnicas vermelhas, brancas e verdes com base em esboços deixados por seu marido antes de ele morrer, para que os barcos pudessem se comunicar entre si e com o pessoal em terra em meio à escuridão e a grandes distâncias.

Ela passou dez anos desenvolvendo a tecnologia antes de patenteá-la e a vendeu para a Marinha americana. "O sistema deu uma vantagem decisiva à União na Guerra Civil e a empresa Coston, fundada para produzir os sinalizadores, operou até o fim do século 20", explica o Salão da Fama de Inventores dos Estados Unidos.

"O sistema de códigos e sinalização foi usado pelo serviço de emergência e o serviço meteorológico dos Estados Unidos, instituições militares na Inglaterra, França, Holanda, Itália, Áustria, Dinamarca e Brasil, navios mercantes e iates privados."

10. Limpador de para-brisa

Mary Anderson (1866-1953) teve a ideia de criar o limpador de para-brisa quando viajava em um bonde por Nova York em um dia de neve no início do século 20.

"Anderson observou que os condutores tinham que abrir frequentemente suas janelas para poder enxergar em meio ao clima impiedoso. Muitas vezes, eles tinham de parar o bonde e descer do carro para limpar a janela", conta o Salão da Fama de Inventores dos Estados Unidos.

"Sua ideia consistia em uma alavanca dentro do veículo que controlava um braço mecânico equipado com uma escova de borracha. A alavanca movia a escova pelo para-brisa para eliminar a chuva ou a neve."

Segundo o Salão, com a patente concedida em 1903, a invenção tornou-se o primeiro dispositivo eficaz de limpeza do para-brisa.

11. A superfibra Kevlar

Stephanie Kwolek (1923-2014) foi uma química americana de origem polonesa que, em 1965, descobriu uma variedade incrível de polímeros cristalinos líquidos.

Dona de 17 patentes, a cientista "se especializou em processos a baixas temperaturas para a criação de longas cadeias moleculares, o que a conduziu à descoberta de fibras sintéticas a base de petróleo de grande rigidez e resistência", indica o Salão da Fama de Inventores dos Estados Unidos.

A fibra mais famosa resultante dessas pesquisas foi a Kevlar, um polímero cinco vezes mais forte que o aço. Trata-se de um tecido de alta resistência que é usado para fabricar centenas de produtos, como coletes à prova de balas, cabos de fibra ótica, peças de avião e cascos de navio.

"Sabia que tinha feito uma descoberta", disse Kwolek em uma entrevista. "Não gritei 'eureka', mas fiquei muito emocionada, assim como todos no laboratório, por estarmos diante de algo novo e diferente."

Além de salvar vidas, o poderoso tecido gera centenas de milhares de dólares por ano em vendas de produtos derivados em todo o mundo.

Leia original, veja fotos e imagens no link da fonte.

(Fonte: http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2016/03/160302_dia_da_mulher_inventoras_rb, data de acesso 10/03/2016)

Homenagem póstuma de MMM para Berta Cáceres

“É com muito pesar e tristeza que recebemos na manhã de 3 de março, a notícia de que a companheira de Honduras, Berta Cáceres, foi assassinada em sua casa nesta madrugada. Segundo as primeiras informações relatadas por fontes locais, homens não identificados e armados invadiram a sua casa enquanto ela dormia, a mataram e feriram seu irmão.

Berta era líder da comunidade indígena Lenca e de movimentos de camponeses hondurenhos, defensora de direitos humanos e ativista ambiental. Como tantos e tantas outras lutadoras hondurenhas, Berta denunciou e resistiu ao Golpe em Honduras e, desde então, foi perseguida e enfrentou a criminalização. Ela não se intimidou: junto com o povo Lenca, enfrentou corporações poderosas e conseguiram recuperar seus territórios.

A luta das comunidades indígenas Lencas, que habitam o ocidente hondurenho, é pela defesa de seu território ancestral frente à ofensiva de corporações poderosas que com projetos hidroelétricos e mineradores aprovados pelo governo sem nenhuma consulta aos moradores.

Em 2015 recebeu o prêmio Goldman, considerado o Nobel do Meio Ambiente, pela luta em defesa das comunidades rurais de Honduras.

Berta dedicou sua vida a denunciar as expropriações e violação aos direitos humanos impulsionadas pelo governo em territórios ancestrais. Além disso, cobrou ampliação de serviços básicos de saúde e assistência rural. Sempre se colocou como feminista em defesa dos direitos das mulheres. Também não se curvou diante das tentativas norte-americanas de implementar bases militares no território Lenca, e fortaleceu a luta dos povos latino-americanos pela desmilitarização.

A ativista sofria ameaças de morte há anos, inclusive concedeu uma coletiva de imprensa há pouco mais de uma semana na qual denunciou que quatro dirigentes de sua comunidade haviam sido assassinados e outros, incluindo ela, estavam recebendo ameaças.

Nós, mulheres da CUT e da Marcha Mundial das Mulheres, nos somamos a todas as organizações hondurenhas e latino-americanas e esperamos que sua morte seja investigada e que os culpados sejam punidos.

As corporações não vão conseguir seu intento porque não se cala Berta nem assassinando-a. Sua luta continua com o povo Lenca, que tem toda nossa solidariedade.

Nossa dor e tristeza se convertem em força para seguir a luta de Berta. Esse é nosso compromisso com todo povo que luta e resiste ao avanço das transnacionais sobre nossos territórios e corpos.

Seguiremos em marcha até que todas sejamos livres!”

Leia original, veja fotos e imagens no link da fonte.

(Fonte: http://www.marchamundialdasmulheres.org.br/assassinato-de-berta-caceres-transformamos-nossa-dor-em-luta/, data de acesso 04/03/2016)