Ao ler as notícias e reportagens atuais se tem a impressão de que a “evolução social” ainda não chegou ao nível máximo das cortes superiores do ensino (e, aprendizado)!
Creio que é preciso também, haver disciplinas, ou eventos, onde sejam tratados os temas de Educação e etiqueta social, pois, até mesmo, para que haja a “imagem de um bom/boa profissional” se torna essencial o respeito mínimo a dignidade humana da outra pessoa, além do que, para se potencializar um bom profissional ou educador, precisa instruir pelo próprio exemplo.
Fizemos uma pesquisa durante 5 anos com professores/as universitários, e, que ao mesmo tempo exerciam cargos públicos concursados, ou, atuavam como profissionais liberais em seus escritórios, e, sem dúvida é algo decepcionante... chegam a maus tratos a alguém que se apresente diante deles com “certa timidez ou dificuldades no que ali foi tratar”... lamentavelmente, homens e mulheres (independente do que expressavam em seus perfis biográficos, ou, na divulgação de seus serviços em seus escritórios /consultórios se equivaleram na mesma situação apresentada para eles/elas.
O que poderá ter ocorrido, má formação socio-profissional, ou processo discriminatório contra a sua cliente (fará isso com todas as pessoas, ou não?) conforme a análise da resposta, etc. obviamente, se tem até o “grau de criminalidade” em atos discriminatórios, violadores desde as leis de consumidor, além das suas em códigos de ética, até ultrapassando as de código civil, e penal... ou seja, violação de direitos humanos... muitas “supostas autoridades e experts acadêmicos “contam ainda com a impunidade... mas há sempre outros meios legais de se divulgara a verdade e as provas de maus tratos, abusos de poder, descaso, discriminação, perseguição social e política etc. enfim, algo muito lamentável, para a carreira ade qualquer pessoa que pensa ser notável. Contudo, agem com a maior covardia em discriminação humana e social.
Esperamos que você aprecie as pesquisas que fizemos para esta edição. Agradecemos muito a nossas colaboradores e colaboradoras... o incentivo e a confiança de todas e de todos é a mais valiosa moeda que guardamos cuidadosamente em nosso cofre existencial, fraternal abraço, e, que DEUS NOS PROTEJA SEMPRE!
Prof.ª Mestra Elisabeth Mariano e, equipe ESPAÇO MULHER.
Para informações, críticas, sugestões, envio de notícias, para anunciar, contate-nos.
Esta data foi instituída pela presidenta Dilma Roussef em 2012, atendendo a nossa reivindicação de socializar com a sociedade a importância desta etapa da educação.
Da LDB de 1996 quando conseguimos o reconhecimento legal da Educação Infantil como primeira etapa da Educação Básica avançamos muito na luta.
Em 2001 com a transferência em São Paulo das Creches para a Educação, reconhecendo legalmente em 2003 os Educadores da Infância como professoras, temos um outro ápice na luta em defesa desta faixa etária da educação.
Em 2006 quando através do movimento fraldas pintadas, o SEDIN protagonizou a luta contra o Golpe do MEC zero a três no FUNDEB, a Educação Infantil como um todo é fortalecida tendo, como o ensino fundamental, financiamento específico.
A lei 12602/12 para além do dia 25/8 que comemora o Dia da Educação Infantil, institui igualmente a semana, para que as reflexões acerca da importância desta etapa da educação sejam compreendidas por toda a sociedade em todas as suas dimensões.
Cuidar, educar e o afeto nunca podem estar dissociados.
Vivemos um momento muito delicado da conjuntura e o reconhecimento que tanto lutamos para que tomasse corpo enquanto direito ao acesso da criança a educação, encontram-se ameaçados por pensamentos que não consideram essa área da educação como investimento, entendem o desenvolvimento das crianças desperdício do dinheiro público.
Temos que ter consciência da importância do nosso papel fundamental enquanto Educadores da Infância para continuarmos regendo esse magistério e que esse setor não fique estagnado.
Viva a Educação Infantil de São Paulo e de todo país.
Parabéns professoras e professores da Educação Infantil.
SEDIN 100% Educação Infantil.
Juliana Andrade
13 de agosto de 2020
Mulheres representam 65% dos seis milhões de profissionais da área da saúde no Brasil
Na semana em que o número de casos de Covid-19 no Brasil chegou a 3 milhões e o de mortes atingiu a marca histórica de 100 mil, mais do que nunca os desafios impostos pelo novo coronavírus requerem atenção. Além das iniciativas de assistência social e econômica, a pandemia demanda ações rápidas, efetivas e antecipadas na área da saúde –marcada pela prevalência dos rostos de mulheres.
Segundo o relatório “Covid-19: Um Olhar para Gênero” do Fundo de População das Nações Unidas (da sigla em inglês UNFPA), 70% da força de trabalho ligada à área da saúde no mundo é feminina. No Brasil, os números são parecidos. O Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), indica que 65% dos seis milhões de profissionais do setor são do sexo feminino –em áreas como fonoaudiologia, nutrição e serviço social elas ultrapassar 90% de presença, e 80% em enfermagem e psicologia.
Quando são levadas em consideração apenas as profissões de médico, agente comunitário, técnico de enfermagem e auxiliar de enfermagem, dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) 2020 apontam que a força de trabalho feminina ocupa 78,9% dos postos.
A presença massiva de mulheres pode, ao mesmo tempo, representar uma vitória, em questão de presença equitativa profissional, mas também uma derrota. Para Elizabeth Hernandes e Luciana Vieira, autoras do artigo “A Guerra Tem Rosto de Mulher: Trabalhadoras da Saúde no Enfrentamento à Covid-19”, a área da saúde, que envolve cuidados com terceiros, sofre um fenômeno social chamado de feminilização: quando a presença de mulheres implica no valor atribuído às ocupações e os cargos passam a ser socialmente considerados de menor qualificação, remuneração e prestígio.
Entre os médicos, profissão de maior remuneração e reconhecimento, os homens ainda são maioria (52,5%) e possuem salários maiores do que mulheres em postos equivalentes. O estudo de Demografia Médica da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) diz que as mulheres têm menor probabilidade de chegar ao topo salarial e estão nos patamares mais baixos de remuneração no Brasil: 80% delas recebe até US$ 7.175, enquanto 51% deles recebe acima deste valor. Ainda com informações do estudo, homens têm 17,1% de chance de chegar ao topo da remuneração da categoria, já as mulheres apenas 4,1%, probabilidade mais de quatro vezes menor em comparação aos colegas do sexo masculino.
A presença das mulheres na linha de frente do combate à Covid-19 implica também em maior risco de contaminação e, consequentemente, óbitos. Espanha e Itália, países fortemente afetados pela transmissão do novo coronavírus, identificaram que 72% e 66% dos profissionais da saúde infectados são mulheres.
Mesmo diante de inúmeros indicativos desanimadores, elas continuam na busca por ocupar espaços e realizar trabalhos relevantes para a sociedade.
Conheça, na galeria de imagens a seguir, seis mulheres brasileiras na liderança do combate à crise de Covid-19 e seus feitos:
Professora da Universidade de São Paulo, médica cardiologista, porta-voz da Sociedade Brasileira de Cardiologia e chefe de UTI no Hospital da Clínicas de São Paulo
Papel durante a pandemia de Covid-19: Treinamento de médicos para combate à doença e cuidado de pacientes infectados; participação ativa nas reuniões de atualização sobre o avanço do novo coronavírus no país.
Como cardiologista, uma das principais frentes de atuação e estudo de Ludhmila Hajjar, tem sido no impacto da doença no coração e formas de tratamento mais eficazes. Para a doutora, o principal desafio do momento é o treinamento dos profissionais da saúde e estrutura de atendimento. “É preciso capacitar pessoas de todos os locais. Em junho, a doença estava avançando para regiões interioranas e setores periféricos. Então, a preocupação é a capacitação e a estrutura de atendimento”, diz Ludhmila que ressalta: “Esse não é o único desafio da Covid-19. Precisamos ter em mente que outros tratamentos como o de doenças cardíacas, cerebrovasculares e câncer não podem parar, mesmo diante da crise”. Durante a pandemia do novo coronavírus, especialistas médicos de diferentes áreas foram remanejados para assegurar atendimento aos infectados pela doença, o que reduz a força de trabalho disponível para suprir a demanda de outras patologias.
Ludhmila acredita que a chave para combater a pandemia é uma junção de trabalho em conjunto e comunicação. “Precisamos ter linguagem única e trabalhar de forma unificada em todas os extratos. O governo precisa prover sustentação economia aos vulneráveis e o isolamento deve acontecer de forma responsável e monitorada.” A doutora acredita que a doença possa causar novos picos de infecção e que, neste sentido, o papel da ciência é fundamental na orientação, assim como o apoio internacional.
A crise tem transformado a rotina de Ludhmila, antes atuante no tratamento de pacientes com problemas no coração e câncer, hoje, a doutora atua nos cuidados de infectados graves de Covid-19 e treinamento de profissionais 80% do tempo. “Não existe fim de semana e feriado. Me sinto honrada, somos os soldados e precisamos fazer o possível para deixar o exemplo.” Esperançosa, ela não pensa o momento como uma crise: “Vamos utilizar esse momento para implementar mudanças que não ocorreram antes, com foco em tecnologia saúde e educação, para ter uma sociedade mais justa e menos desigual”.
Publicado em 19/08/2019 - 06:46 Por Agência Brasil
O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) homenageia, no Dia Mundial Humanitário, comemorado hoje (19), mulheres que atuam em áreas de conflito no mundo inteiro.
Entre as homenageadas está a médica brasileira Nádia Rudneck, especializada em trauma e emergência. Atualmente, Nádia faz mestrado em ação humanitária internacional e atua como cirurgiã em um hospital militar no Sudão do Sul, onde é a única mulher da equipe.
Ela integra o Comitê da Cruz Vermelha e diz que pretende continuar a desenvolver ações humanitárias.
“Eu vejo que para pacientes do sexo masculino não muda se você é mulher ou homem. Mas sinto que com pacientes do sexo feminino, elas provavelmente se sentem um pouco mais confortáveis em ter uma médica, cirurgiã, do mesmo sexo que elas”, afirma.” (...)
Transcrição parcial
Lais Modelli, de São Paulo para a BBC Brasil
6 agosto 2016 (ou seja 4 anos depois, aqui publicamos)
Um dos motivos, apontam pesquisadores, é o fato de sua trajetória fugir - e muito - do esperado para as mulheres de sua época.
Em pleno do século 19, Anita escolheu não ter filhos ao ser casar pela primeira vez, se separou do marido para se juntar às tropas dos Farrapos e se tornou, com seu companheiro Giuseppe Garibaldi, uma heroína revolucionária não só no país, mas também na Itália.
"Além de atuar na Revolução Farroupilha, no sul do Brasil, e em lutas no Uruguai, Anita também teve importante atuação nas guerras da unificação italiana junto a Garibaldi, que foi reconhecido como o maior herói daquele país", conta Cristina Scheibe Wolff, historiadora da Universidade Federal de Santa Catarina.
"Ela se destacou em um campo que não era visto como possível para as mulheres: a guerra revolucionária."
Segundo a pesquisadora, uma das autoras do livro Nova História das Mulheres no Brasil (Editora Contexto), o país teve diversas personagens importantes como Anita Garibaldi, mas que acabaram não tendo a mesma "sorte" dela.
O fato de a revolucionária ter sido uma exceção, aponta, é obra de um homem: o próprio marido, que sempre a incluiu em suas memórias.
"O que sabemos sobre Anita veio principalmente das memórias do Garibaldi, que demonstrava uma grande admiração por ela. De certa forma, a fama de Anita é decorrente da vida longa de Garibaldi, que ainda em vida foi reconhecido como herói e fez questão de dividir esse lugar com a memória da mulher."...
Autor: Redação Hypeness Data da postagem: 12:00 14/10/2016
Quando viu que um passageiro duas fileiras à sua frente havia perdido a consciência e precisava de atendimento imediato, a obstetra e ginecologista americana Tamika Cross fez o que se espera de qualquer médico: imediatamente se prontificou a atende-lo.
O que ela não esperava era esbarrar em uma doença mais difícil de curar do qualquer mal súbito: o preconceito. Tamika é negra, e aparentemente não se encaixa na imagem que se imagina de um médico.
Em um post no Facebook ela contou todo o ocorrido, em um vôo da companhia aérea Delta. Diante de um pedido de socorro da mulher do homem desacordado, Tamika se ofereceu para atendê-lo imediatamente. Uma comissária de bordo, no entanto, primeiramente sequer considerou a oferta e, quando enfim compreendeu que se tratava de uma profissional para atendê-lo, iniciou um verdadeiro interrogatório, como que para comprovar que se tratava de fato de uma médica.
“Eu levantei minha mão para lhe chamar a atenção. Ela me disse: ‘ah, não, querida, abaixe sua mão, estamos procurando por um médico ou uma enfermeira ou alguém que possa atendê-lo, não temos tempo de falar com você. Eu tentei lhe informar que eu sou médica, mas continuei a ser cortada com comentários condescendentes”, conta Tamika em seu post.
A cena continuou, enquanto o passageiro seguia necessitando de atendimento urgente. “Ela disse: ‘ah, você é de fato médica?’”. Eu respondi que sim. Ela disse: “Deixa eu ver suas credenciais. Que tipo de médica você é? Onde você trabalha? Onde estava em Detroit? (Por favor, lembrem-se que o homem seguia precisando de ajuda e ela estava bloqueando o corredor impedindo que eu sequer ficasse em pé enquanto me bombardeava com perguntas”.
Outro médico ofereceu ajuda, que foi imediatamente aceita, sob a justificativa de que “ele tinha credenciais” – que evidentemente não foram mostradas em momento algum. Aparentemente o homem simplesmente “parecia” um médico, mais do que uma mulher negra. O paciente melhorou e ficou fora de perigo, e a comissária não só pediu imensas desculpas à médica como ofereceu milhas como uma indenização por seu lamentável comportamento.
Todo tipo de preconceito de fato torna-se responsável, direta ou indiretamente, por maus tratos e mortes em contextos diversos. Esse caso ilustra não só a absoluta ignorância mas também o perigo de se discriminar alguém por qualquer que seja o motivo – as consequências podem ser fatais.
Ter, 19 nov 2019 | 13:45
Acesso de alunos negros às universidades cresceu nos últimos anos. Mas pesquisadores ainda enfrentam dificuldades para se destacar no universo científico
“Quantos professores negros você teve, ou tem, no seu curso de graduação? E inovações científicas e novas tecnologias, sabe quantas e quais delas foram desenvolvidas por pesquisadores negros? Não ter resposta para essas questões é uma das várias formas com que o racismo se manifesta na sociedade. No mês da consciência negra, o Jornal da Unicamp propõe uma discussão importante para quem trabalha com a produção de conhecimento no país: o que pode ser feito para combater o racismo no mundo acadêmico? Conversamos com professores de diferentes áreas da universidade e todos concordam que a aposta na diversidade é um caminho garantido para a construção de uma ciência que beneficie toda a sociedade.
Uma das bases da cultura ocidental moderna é a ideia do eurocentrismo. Nessa visão de mundo, tudo o que vem da Europa - cultura, artes, línguas, religiões, política - e das sociedades europeias é vista como superior em relação aos demais povos da América, África, Ásia e Oceania. Foi com esse pensamento que vários países europeus trabalharam pela expansão de seus modos de pensar e agir ao redor do mundo, subjugando as demais culturas.” (continua...)
Autor: Mariana Fonseca Data da postagem: 12:30 07/10/2016
São Paulo — O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) está de olho em uma parcela de empreendedores que cresceu muito nos últimos anos: os donos de negócio afro-brasileiros. Afinal, a maioria dos empreendedores brasileiros já é negra — e o país tem muito a ganhar se investir mais nessa parcela de empresários.
Entre 2003 e 2013, o número de negros à frente de empresas no Brasil cresceu 27%. Nesse mesmo período, o número de pessoas brancas que possuem uma empresa teve uma redução de 2%, segundo estudo do Sebrae.
Mesmo assim, os empreendedores afrodescendentes enfrentam barreiras adicionais na hora de abrir uma empresa. Por exemplo: só 9% dos pretos e pardos que são donos de negócio conseguem contratar funcionários — enquanto 22% dos empreendedores brancos são empregadores.
O menor grau de desenvolvimento das empresas reflete também em menos dinheiro na conta no fim do mês: em 2013, o rendimento médio mensal dos empreendedores pretos e pardos foi de 1.246 reais, contra 2.627 reais entre brancos.
Para Luana Garcia, especialista em Desenvolvimento Social da Divisão de Gênero e Diversidade do BID, tais discrepâncias se devem a "arranjos discriminatórios históricos". "Queremos reverter esse quadro discriminatório e promover o crescimento dos empreendimentos de afro-brasileiros", afirmou em entrevista a EXAME.com, por e-mail.
Garcia é brasileira, mas fica em Washington para coordenar o Inova Capital: um programa do BID para apoiar empreendedores afro-brasileiros e que tem como meta investir 500 mil dólares (cerca de 1,6 milhão de reais) até 2017.
A ideia do Inova Capital é não apenas ajudar a criar “um segmento afro-empreendedor”, mas também entender o consumo dessa parcela da população.
Inova Capital: programa do BID apoia empreendedores afro-brasileiros e irá investir 500 mil dólares até 2017 / Foto: EXAME
Leia a seguir a entrevista com a especialista do BID, e entenda por que investir nos empreendedores afro-brasileiros pode ajudar a levantar o país.
EXAME.com: Por que o BID decidiu focar especificamente nos empreendedores afro-brasileiros?
Luana Garcia: O acesso a financiamento e a capacidade de gerir um negócio sem dúvida persistem como importantes barreiras ao crescimento de todas as empresas. Contudo, os empreendedores afrodescendentes muitas vezes enfrentam barreiras adicionais, em decorrência de arranjos discriminatórios históricos.
Em uma pesquisa realizada pelo PROCON-SP sobre discriminação racial nas relações de consumo, de 2010, a maioria dos entrevistados reportou haver presenciado atitude discriminatória de cor ou raça no momento da compra de um produto ou na contratação de um serviço. Os bancos e instituições financeiras estavam entre as três primeiras onde os consumidores mais se sentiam discriminados, depois das lojas e shopping centers.
Enquanto isso, os afrodescendentes representam 68 milhões de consumidores e 11 milhões de empreendedores brasileiros. Do total de donos de negócios no Brasil, 52% são negros. Queremos reverter esse quadro discriminatório e promover o crescimento dos empreendimentos de afro-brasileiros.
EXAME.com: Como o empreendedorismo pode ajudar a superar essa discriminação histórica?
(...) promover o empreendedorismo afro-brasileiro é fundamental para a sustentabilidade desse desenvolvimento [econômico e social]Luana Garcia, especialista do BID
Luana Garcia: O empreendedorismo é uma alavanca muito importante no desenvolvimento social e econômico de qualquer sociedade, bem como para o crescimento profissional e social do próprio empreendedor. Nós, do BID, acreditamos que promover o empreendedorismo afro-brasileiro é fundamental para a sustentabilidade desse desenvolvimento.
Esses empresários também em geral estão mais familiarizados com os problemas centrais de zonas mais vulneráveis das cidades, suas circunstâncias e seus mercados. E as grandes corporações e as agências governamentais de fomento têm incentivado empresas que possam impulsionar o desenvolvimento desses segmentos sociais. Um amplo capital está disponível para financiar empresas inovadoras neste espaço.
Além disso, para os investidores, investir em afro-empreendedores oferece uma opção de diversificação da carteira de investimentos com retorno econômico e impacto social.
EXAME.com: De que forma o BID investirá os 500 mil dólares destinados ao Inova Capital?
Luana Garcia: Os recursos são direcionados para duas vertentes: apoiar e criar um modelo de segmento afro-empreendedor e entender o consumidor negro.
A primeira vertente envolve a criação de uma estratégia de prospecção de afro-empreendedores de alto potencial de crescimento e impacto econômico e social. Teremos, por exemplo, o desenvolvimento de uma metodologia de capacitação empresarial integral, inclusiva e com pertinência cultural.
Outro ponto será a criação de ferramentas para aumentar a capacidade de pitching, oratória e de apresentação resumida ou storytelling de negócios para investidores. E teremos ainda o aumento da visibilidade desses empreendedores, o intercâmbio e o acesso a redes empresariais, aceleradoras e incubadoras, feiras e investidores nacionais e internacionais.
Nós já desenvolvemos um piloto intensivo no Inova Capital de capacitação e coaching com 30 afro-empreendedores, realizado no primeiro semestre deste ano. Também organizamos uma competição de negócios com sete afro-empreendedores, realizada em parceria com a Anjos do Brasil, em agosto.
Paralelamente, o BID está conduzindo um levantamento no país sobre o mercado afro-brasileiro, que se estenderá até 2017. O estudo envolve preferências de marcas, comportamento do consumidor e publicidade nas redes sociais, por exemplo.
EXAME.com: Em termos de redução da desigualdade, quais resultados vocês já viram após esse piloto intensivo e essa competição? Haverá uma nova seleção?
Luana Garcia: Ainda é cedo para falarmos de resultados em redução de desigualdade, mas o programa já deu os primeiros passos nesse sentido.
Na competição de negócios de empreendedores afrodescendentes, que puderam apresentar suas pitchespara investidores, quatro receberam reconhecimentos pelo programa por seu impacto social e seu potencial de atrair investimentos. Os três primeiros colocados fazem parte da plataforma Anjos do Brasil, que é uma verdadeira vitrine para quem busca investimento.
Mas vale lembrar que este programa beneficia não só os empreendedores desta primeira edição. Indiretamente, afeta todo o empreendedorismo afro-brasileiro, colocando-o em evidência e criando um modelo de apoio que pode e deve ser escalado.
Ainda não temos data prevista para a próxima versão, mas estamos confiantes de que o investimento do BID demonstrou ao mercado que efetivamente existem empreendedores afro-brasileiros de alto potencial - o que falta são oportunidades para que eles possam melhorar suas habilidades de gestão, de apresentação e de formação de redes de contatos para fazer seu negócio crescer e para acessar capital.
EXAME.com: Como o BID enxerga o ecossistema empreendedor brasileiro, de forma geral? Há novos planos de atuação?
Luana Garcia: O Brasil possui um dos ecossistemas de negócios mais dinâmicos da região. De acordo com o Sebrae, três em cada dez brasileiros adultos possuem uma empresa, ou estão envolvidos com a criação de um negócio próprio.
Ou seja, há um vasto ecossistema que deve ser incentivado: o BID entende que o setor privado é ator chave do desenvolvimento do país.
Estamos trabalhando estreitamente com os governos para apoiar o fortalecimento desse ecossistema de inovação e empreendimento. Isso inclui criar programas de capacitação, inserir benefícios fiscais para incentivar a inovação ne implementar marcos legais para agilizar investimento e criação de empresas e também para a proteção de propriedade intelectual. Buscamos tornar o ambiente mais propício para que surjam mais soluções aos desafios do desenvolvimento local e do internacional.