Jornal Espaço Mulher


Edição nº 238 - de 15 de Novembro de 2021 a 14 de Dezembro de 2021

Olá Leitoras! Olá Leitores!

Quantas situações estressantes as mulheres tiveram que enfrentar durante este ano?

Ao lermos sobre a saúde das mulheres em várias literaturas profissionais ou até mesmo em reportagens, sem dúvida, este ano foi um dos mais difíceis para toas as mulheres...

As estatísticas demonstravam alto grau de internações hospitalares, e bem próximo aos nossos círculos de amizade, além de parentes, vizinhanças, colegas de trabalho, e, as incertezas com a nossa própria família... como nos organizar coma s crianças fira das escolas com aulas virtuais... como conciliar nosso “ganha-pão” agora tendo que improvisar em “home” ou fazer uso de entregas por meio de taxis, motoboys etc.

E, o pior era sem dúvida era se dar conta que gente próxima de nós, amigos, parentes etc. estavam na contagem continuada de mortos... e, ver quem perdeu o marido, filhos/as?

Enfim, em meio a desentendimentos de “autoridades” que deveriam nos tranquilizar, chegamos ao final deste ano, digamos que “melhorou a parte grave da pandemia, por enquanto, mas sejamos sinceras, a insegurança continua... o temor também...

Aqui trazemos umas leituras que demonstram o que nós mulheres sofremos e até adoecemos diante de tantas pressões psicológicas e inseguranças... que continuam por outros acontecimentos agora, tais como: preços de alimentos mais elevados, falta de vagas de emprego, mais dificuldade de mão-de-obra para ajudar nas lides da casa etc.

Muitas de nós nem tivemos tempo e condições para fazer o “check up anual”, e, o ano está findando, e a insegurança sociopolítica e financeira do país continua; talvez seja o outro elemento “virótico- sem cura” que continuará com lideranças doentias!

O que fazer? Antes de tudo dialogar com pessoas sábias, bem-preparadas e éticas. Tanto para nos consultarmos em nossa saúde e da família... idem, em nossos direitos etc.

Nosso fraternal abraço e que tenhamos mais um pouco de coragem... FÉ E ORAÇÃO!

Elisabeth Mariano e equipe ESPAÇO MULHER

Para informações, críticas, sugestões, envio de notícias, para anunciar, contate-nos.

Quinze anos da Lei Maria da Penha: avanços e desafios

10 de ago. de 2021

Neste ano em que a lei Maria da Penha completa 15 anos, o balanço é positivo, porque representa um grande avanço no combate à violência contra a mulher, mas ainda temos muito o que aprimorar.

Maria da Penha Maia Fernandes, que deu nome à lei, demorou quase 20 anos para ver seu agressor preso e para receber uma indenização material, a qual certamente não repara todo sofrimento vivido, já que em razão da violência sofrida, ela ficou paraplégica, necessitando de uma cadeira de rodas para se locomover. Aos 38 anos, ela levou um tiro do marido enquanto dormia. Após 4 meses de tratamento, quando ela voltou para casa, ele ainda tentou eletrocutá-la e a manteve em cárcere privado durante 15 dias.

Na época dos crimes, obviamente, a lei Maria da Penha não existia e as punições nos Juizados Especiais Criminais para homens que praticavam violência doméstica eram considerados de menor potencial ofensivo, demasiadamente leves, e pagamento de cestas básicas. Esse é um dos grandes avanços que a referida lei (Artigo 17) trouxe: a proibição de que as penas sejam somente de cunho pecuniário ou multa.

Maria da Penha demorou muitos anos para ver seu agressor punido. Isso somente aconteceu depois que o Centro para a Justiça e o Direito Internacional (CEJIL) e o Comitê Latino-americano e do Caribe para a Defesa dos Direitos da Mulher (CLADEM) denunciarem o caso para a Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (CIDH/OEA). Somente em 2001, após receber quatro ofícios da CIDH/OEA, é que o Estado foi responsabilizado por negligência, omissão e tolerância em relação à violência doméstica praticada contra as mulheres brasileiras.

Ainda assim, a lei carece de aplicação completa e mais homogênea no país todo (dos 5,5 mil municípios brasileiros, apenas 427 têm uma delegacia de Atendimento à Mulher1) e não contempla todas as hipóteses de crimes praticados contra a mulher. O exemplo disso é que a lei do Feminicídio somente entrou em vigor em 2015, 9 anos após a lei Maria da Penha.

Outra falha na aplicação da lei é que a mulher que sofre agressão, muitas vezes, não tem o seu caso resolvido somente em um local. Ela tem que passar pela Vara Criminal, que cuidará da questão relacionada à denúncia de violência, e pela Vara da Família, que tratará das questões relacionadas ao divórcio e guarda dos filhos, se for o caso. No entanto, isso pode gerar decisões conflitantes. Por exemplo: uma mulher que denuncia a violência e recebe uma medida protetiva pode ter imposta 2, pela Vara da Família, a guarda compartilhada dos filhos. No entanto, como é possível que a medida protetiva seja cumprida se essa mulher tem que encontrar com seu agressor semanalmente ou a cada 15 dias para cumprir os ditames da guarda compartilhada?

Por outro lado, é preciso destacar os mecanismos que a lei traz para amparar a mulher, além da proteção em até 48 horas e medidas protetivas de urgência, a lei também garante o mesmo atendimento para casais de mulheres não cisgêneras, transexuais e travestis e se aplica a qualquer tipo de parentesco como filhos, sogros, padrastos, cunhados ou agregados.

É preciso também destacar que a lei Maria da Penha tenta olhar para a questão da violência doméstica por todos os ângulos (não somente no sentido de criminalizar a conduta e resolvê-la na esfera penal) e traz como um dos mecanismos de combate à violência e sua perpetuação a criação de grupos reflexivos para homens condenados em caso de agressão contra a mulher. A intenção da lei é recuperar o agressor para que ele não volte a cometer violência contra aquela mulher ou qualquer outra. Nesse sentido, o agressor pode buscar esses grupos ou ser encaminhado por meio de determinação de magistrados em audiências e decisões judiciais, como atenuante da pena, suspensão condicional do processo ou medida protetiva de urgência.

É importante ressaltar ainda que a lei Maria da Penha estabeleceu 5 formas de violência doméstica e familiar, quais sejam: violência física, psicológica, sexual, patrimonial e moral. Isso ajudou, ao longo do tempo, a trazer mais visibilidade para o ciclo de agressão que as mulheres costumam sofrer, visto que antigamente imperava o pensamento de que violência era somente física. A lei ajuda a mudar essa mentalidade, principalmente porque o que se sabe é que a violência física é, na verdade, uma das últimas a acontecer.

Ademais, mas não menos importante, é que após a lei Maria da Penha houve facilitação para denunciar os casos de violência doméstica e familiar. Foram criados canais mais rápidos e desburocratizados para isso, tal como o 180 - Central de Atendimento à Mulher e a denúncia pode ser feita também por terceiros e não somente pela vítima.

Tivemos grandes avanços, mas há muito a fazer, além de todos os pontos já destacados não vislumbramos outro caminho a não ser a educação e a prevenção, com por exemplo a revisão do que se ensina na escola e a orientação de crianças em casa visando educar as futuras gerações, o empoderamento de mulheres através da participação em grupos de apoio, atendimento psicoterapêutico gratuito e até mesmo a empatia de outras mulheres, a promoção da participação de homens em grupos reflexivos onde diversas questões são discutidas, sendo uma delas a violência contra a mulher, que como já dito, não necessariamente é apenas física e, principalmente a criação de políticas públicas, com divulgação de campanhas, criação de casas abrigos, dentre outras medidas que se façam necessárias para que em um futuro não tão distante a violência contra a mulher faça parte do passado.

Por fim, é ultrapassado o pensamento de que "em briga de marido e mulher, não se mete a colher". O que hoje impera é que "em briga de marido e mulher, a gente salva a mulher".

1 Disponível aqui.

2 A lei 13.058/2014 estabeleceu a guarda compartilhada obrigatória. Essa obrigatoriedade pode ser relativizada. No entanto, o que é analisado pela Vara da Família é sempre o melhor interesse do menor e não o da mulher

Atualizado em: 10/8/2021 08:02

Danielle Pereira Silva

Advogada e sócia da Lee, Brock, Camargo Advogados (LBCA)

Tereza Ribeiro

Advogada e sócia da Lee, Brock, Camargo Advogados (LBCA)

Leia a entrevista na íntegra - https://ibdfam.org.br/noticias/8763

(Fonte: https://www.migalhas.com.br/depeso/349822/quinze-anos-da-lei-maria-da-penha-avancos-e-desafios, data de acesso: 14/11/2021)

Uma em cada quatro mulheres foi vítima de violência no Brasil durante a pandemia

23/08/2021

Fonte: Assessoria de Comunicação do IBDFAM (com informações da Agência Câmara de Notícias)

Nos últimos 12 meses, em meio à pandemia da Covid-19, 24,4% das mulheres acima de 16 anos afirmam ter sofrido algum tipo de violência ou agressão. Isso significa que cerca de 17 milhões, ou uma em cada quatro mulheres, sofreram violência física, psicológica ou sexual no último ano.

Os dados são da pesquisa Visível e Invisível: A Vitimização de Mulheres no Brasil, apresentada em audiência pública na Câmara dos Deputados na última sexta-feira (20).

O levantamento, encomendado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública e Instituto Datafolha, aponta que houve uma diminuição da violência contra as mulheres nas ruas, ao passo que cresceu a violência doméstica e familiar. A falta de emprego e recursos financeiros foi apontada por participantes da audiência como um dos fatores para que a mulher não conseguisse escapar do ciclo de violência.

Ainda segundo o estudo, 61,8% das mulheres que sofreram violência no último ano afirmaram que a renda familiar diminuiu neste período. Entre as que não sofreram violência, este percentual foi de 50%. Além disso, 46,7% das mulheres que sofreram violência também perderam o emprego. A média entre as que não sofreram violência foi de 29,5%.

O tipo de violência mais frequentemente foi a ofensa verbal, como insultos e xingamentos, crimes vivenciados por cerca de 13 milhões de brasileiras (18,6%). Já 5,9 milhões de mulheres (8,5%) relataram ter sofrido ameaças de violência física como tapas, empurrões ou chutes.

Tipos de violência

Cerca de 3,7 milhões de brasileiras (5,4%) foram vítimas de ofensas sexuais ou tentativas forçadas de manter relações sexuais; 2,1 milhões de mulheres (3,1%) sofreram ameaças com faca ou arma de fogo; 1,6 milhão de mulheres foram espancadas ou sofreram tentativa de estrangulamento (2,4%).

A pesquisa mostra que 44,9% das mulheres não fizeram nada em relação à agressão mais grave sofrida; 21,6% delas procuraram ajuda da família, 12,8% procuraram ajuda dos amigos e 8,2% procuraram a igreja. Apenas 11,8% denunciaram em uma delegacia da mulher, 7,5% denunciaram em uma delegacia comum, 7,1% das mulheres procuraram a Polícia Militar (Ligue 190), e 2,1% ligaram para a Central de Atendimento à Mulher, o Ligue 180.

Com relação às duas pesquisas anteriores, de 2019 e 2017, houve uma queda, dentro da margem de erro, no percentual de mulheres agredidas: 24,4% em 2021 contra 27,4% em 2019, e 29% em 2017. O recuo se dá em relação às mulheres que sofrem violências na rua. Em compensação, a violência dentro de casa passa de 43 para 49%.

Lei Maria da Penha completa 15 anos

Neste mês, a Lei Maria da Penha (11.340/2006) completou 15 anos. Em lembrança à data, o Instituto Brasileiro de Direito de Família – IBDFAM entrevistou a farmacêutica que deu nome à legislação. Ela ressaltou o aumento de casos de violência contra a mulher durante a pandemia, que proporcionou maior contato entre o agressor e a vítima e contribuiu para o aumento dos números de agressões domiciliares.

“O desemprego comprometeu o relacionamento das pessoas. Se antes já existia violência e essa mulher só se sentia tranquila durante a semana, que era o período no qual tinha pouco contato com o agressor, imagina ter que conviver com ele os sete dias, e com tantos problemas em relação aos filhos, à alimentação e à saúde. É uma convivência muito danosa”, disse Maria da Penha.

(Fonte: https://ibdfam.org.br/noticias/8763, data de acesso: 14/11/2021)

3,8% das estudantes do sexo feminino e 4,2% dos estudantes do sexo masculino declararam não ter amigos próximos

As questões sobre saúde mental mostram que 29,6% das meninas declararam sentir que a vida não vale a pena ser vivida; para os meninos, o indicador é 13%.

A autopercepção de saúde mental negativa entre as meninas foi de 27%, mais do que o triplo dos meninos (8%).

66,5% dos estudantes se sentiam satisfeitos ou muito satisfeitos em relação ao próprio corpo, 49,8% consideravam seu peso normal e 42,4% declararam não tomar qualquer atitude de mudança.

Por sexo, os estudantes satisfeitos ou muito satisfeitos com o próprio corpo são 75,5% dos meninos, contra apenas 57,8% das meninas.

20,1% das meninas já sofreram violência sexual (meninos, 9%).

26,5% das meninas relataram ter sofrido bullying (eles, 19,5%).

Aparência corporal foi declarada como motivo do bullying por 16,5% dos estudantes no Brasil.

Elas têm se sentido mais tristes, a maior parte do tempo, do que os meninos. E também mais preocupadas, ou sentindo que ninguém se preocupa com elas, ou ainda que a vida não vale a pena ser vivida. As informações da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE), divulgada hoje (10) pelo IBGE, retratam um cenário preocupante quanto à saúde mental dos 11,8 milhões de estudantes de 13 a 17 anos entrevistados em 2019. Especialmente, no que se refere às meninas, que representaram 50,7% desse total.

As perguntas sobre saúde mental buscaram captar como os adolescentes se sentiam nos 30 dias anteriores à pesquisa. Com exceção da pergunta sobre ter amigos próximos, em que ambos os sexos tiveram baixo percentual de respostas negativas (elas, 3,8% e eles, 4,2%), todos os indicadores foram piores para o sexo feminino. O sentimento de que a vida não vale a pena ser vivida, por exemplo, atingia 29,6% das adolescentes, mais do que o dobro dos 13% dos meninos. E, a partir da combinação da resposta a cinco perguntas, a PeNSE mostrou que o indicador de autopercepção de saúde mental negativa foi bem maior entre as meninas: 27% delas contra 8% deles, ou seja, o indicador para mulheres foi mais de três vezes pior.

A analista do tema na pesquisa, Thaís Mothé, comenta que a literatura já vem alertando para esse fenômeno. “É um padrão internacional em pesquisas de saúde mental, tanto para a população em geral, quanto para adolescentes, como é o caso da PeNSE”, esclarece. “Entretanto, além da lamentável desigualdade de gênero, chama atenção a própria magnitude para o grupo das mulheres. São valores muito elevados para esses resultados de saúde mental”.

Um retrato dos adolescentes no período pré-pandemia

A PeNSE, realizada ao longo de 2019, é um retrato da saúde de uma população vivendo uma fase crucial de suas vidas: a adolescência. O que os pesquisadores não contavam é que conseguiriam tirar esse retrato justamente no período pré-pandemia. “De uma forma geral, a literatura em saúde mental vai indicar que isolamento, medo, preocupação intensa, estresse, são fatores de risco em saúde mental. Na pandemia temos tudo isso de forma bem intensa”, confirma Thaís. “Para o grupo dos adolescentes, o isolamento social parece ser mais preocupante porque é a fase em que ocorre um processo de afastamento dos familiares, em prol de uma aproximação com os pares, em termos de idade. A vivência do isolamento parece caminhar no sentido oposto”.

A OMS já aponta, como efeitos da pandemia, maior exposição a perigos como violência doméstica e abuso infantil, diminuição das atividades físicas e aumento do consumo de alimentos ultraprocessados, cigarro, álcool e outras drogas. Nesse sentido, os dados de saúde mental dialogam com uma série de dados captados pela PeNSE: insatisfação com o próprio corpo, bullying, autoagressão e histórico de violências física, sexual ou psicológica, por exemplo, o que ajuda a delinear o cenário de exposição ou proteção dos estudantes a riscos à saúde, com especial atenção aos resultados para as meninas.

“Existem relações muito intrincadas entre imagem corporal, violências e saúde mental. A questão de gênero está muito colocada”, diz Alessandra Pinto, analista da PeNSE. Ela se remete à ditadura do corpo ideal, em que nem os brinquedos ficam de fora. “Existe um padrão corporal e a menina é exposta a isso. Existem estudos na área de psicologia que falam sobre brinquedos. Qual é a imagem que tem da boneca? Magérrima. Há um padrão muito bem definido”, ressalta.

O retrato da satisfação corporal entre os adolescentes da PeNSE parece, em geral, positivo: 66,5% dos estudantes se sentiam satisfeitos ou muito satisfeitos em relação ao próprio corpo, 49,8% consideravam seu peso normal e 42,4% declararam não tomar qualquer atitude de mudança. Porém, quando os dados são separados por sexo, lá vem a desvantagem feminina de novo. Os satisfeitos ou muito satisfeitos são 75,5% dos meninos (contra apenas 57,8% das meninas).

“Este gráfico mostrando fatores como o consumo de guloseimas é muito indicativo das questões de gênero. Ele dá pistas de que realmente existe um comportamento muito específico das meninas”, comenta Alessandra, destacando as atitudes para perder ou evitar ganhar peso, como o uso de laxantes e indução de vômito. “As mulheres usam mais esse expediente, é conhecido nos estudos que tratam desse tema. As meninas anoréxicas, a bulimia, a imagem das modelos, isso tem recorte para o sexo feminino. Entre os meninos, [a atitude de mudança] é mais para ganhar peso e massa muscular”.

Os relatos de bullying e de violência sexual também seguem mais frequentes entre as meninas do que entre os meninos. A PeNSE mostrou que 20,1% das meninas já sofreram violência sexual (meninos, 9%) e que 26,5% das meninas relataram ter sofrido bullying (eles, 19,5%). Aparência corporal foi declarada como motivo do bullying por 16,5% dos estudantes no Brasil.

“O que a gente pode dizer é que, pela literatura, é prevista uma associação forte entre saúde mental e bullying. Ele pode ser tanto um fator de risco quanto um sintoma de questões de saúde mental, por isso é complicado falar de causalidade. Mas há associação, sem dúvida. Não é por acaso que a gente vê a desigualdade de gênero tão presente nessas três áreas”, comenta Thaís.

Outra questão preocupante, que já chama atenção de pesquisadores dentro e fora do país, é o fenômeno da autolesão ou autoagressão. Para se ter uma ideia, dos 18,2% dos adolescentes que se envolveram em acidente ou agressão, 5,2% relataram autoagressão. Entre estes, em mais de 60% deles havia relação com características de depressão, ansiedade e dificuldades relacionais em casa e na escola. Mais uma vez, a população mais afetada é a do sexo feminino: 85% das adolescentes que declararam autolesão se sentiam tristes sempre ou na maioria das vezes (entre os meninos, 54,2%); 71,3% delas sentiam, sempre ou na maioria das vezes, que a vida não valia a pena ser vivida (eles, 50,5%) e 67% responderam ter sofrido bullying (os meninos, 62%).

“Os resultados da PeNSE dão uma pista. Aqui tem uma foto, com uma série de nuances, e é preciso se debruçar sobre esses dados”, analisa Alessandra. “Não dá para separar da questão sociológica, antropológica, psicológica e da violência. É uma colcha de retalhos”.

(Fonte: https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-noticias/2012-agencia-de-noticias/noticias/31606-questao-de-genero-indicadores-de-saude-mental-sao-piores-para-as-meninas, data de acesso: 14/11/2021)

Cuidados ginecológicos para pessoas LGBTQIA +

Juliana Conte

Publicado em: 31 de julho de 2020

Revisado em: 13 de agosto de 2020

Mulheres que fazem sexo com mulheres realizam menos consultas ginecológicas. Veja a importância dos cuidados em ginecologia para população LGBTQIA+.

Pesquisa recente da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia) aponta que 76% das mulheres (independentemente de sua sexualidade) realizam consultas ginecológicas anualmente. Mas há um fato curioso: o índice cai para 47% quando falamos das mulheres que fazem sexo com mulheres (MSM), de acordo com o relatório Atenção Integral à Saúde das Mulheres Lésbicas e Bissexuais, do Ministério da Saúde (MS).

A ginecologista dra. Marair Sartori, membro da Comissão Nacional Especializada em Uroginecologia e Cirurgia Vaginal da Febrasgo, reforça que a rotina ginecológica das MSM não deve ser diferente da preconizada para mulheres heterossexuais. “Exames preventivos, como mamografia e o papanicolaou (principal método de detecção e prevenção do câncer de colo do útero) devem ser realizados de acordo com as diretrizes de saúde.” Ultrassom da pelve, rastreamento infeccioso de doenças como herpes, HIV e sífilis também devem fazer parte da rotina.

No Brasil, o Ministério da Saúde sugere que o papanicolau – um dos exames mais comuns e importantes – seja repetido um ano depois do primeiro exame. Se os resultados forem normais, o intervalo deverá passar a ser de 3 anos.

Já a mamografia é recomendada para todas as mulheres com idade entre 50 e 69 anos, com intervalos máximos de 2 anos visando a detecção precoce do câncer de mama.

QUAIS SÃO AS ROTINAS DE CUIDADOS E EXAMES?

O profissional de ginecologia deve atentar às práticas sexuais e/ou exercício de sexualidades adotadas por suas pacientes, independentemente de serem heterossexuais, homossexuais, bissexuais, assexuais ou homens trans. Os exames ginecológicos devem ser discutidos com a paciente, escolhendo juntos o melhor método. Mulheres que já iniciaram atividade sexual devem ser examinadas, com coleta periódica do papanicolaou, por exemplo.

A grande questão por trás disso, é que muitas pacientes não se sentem confortáveis em relevar ao médico ginecologista sua orientação sexual, porque muitos especialistas não dão a devida atenção ou reagem negativamente. Isso ocorre porque a maioria das faculdades de medicina do país não prepara os profissionais de saúde para nada que não seja hetreonormativo.

Dra. Marair explica que ainda assim, muitos exames podem ser ajustados de acordo com as práticas sexuais das pacientes – como a presença ou ausência de penetração durante a relação sexual.

“O uso de cotonetes para coleta do exame papanicolaou não é adequado, já que não permite visualizar o colo do útero e a paciente deve ser informada sobre isso. Há opção de espéculos menores, uso de lubrificantes e delicadeza para que o exame seja confortável e permita adequada análise da vagina e do colo do útero. O toque vaginal deve ser feito cuidadosamente, com apenas um dedo caso a paciente fique mais confortável. Obviamente, esses cuidados devem ser sempre adotados com todas as mulheres.”

INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS (ISTS)

As ISTs podem surgir pela ação de vírus, bactérias ou protozoários – caso da sífilis, gonorreia, HIV, HPV, hepatites, herpes, tricomonas. A falsa crença de que mulheres lésbicas, bissexuais e homens trans estão menos propensas às ISTs prejudica a prevenção de saúde dessas pessoas. O contágio pode ocorrer por contato entre mucosa oral ou vaginal. O uso de acessórios compartilhados também é responsável pela transmissão de agentes infecciosos.

“A orientação heteronormativa do profissional de saúde pode ser um grande obstáculo para a adequada assistência de saúde, ao ignorar práticas sexuais e falhar na orientação quanto à prevenção de ISTs. A transmissão entre o casal pode ocorrer por penetração vaginal, sexo oral, contato com sangue ou uso de acessórios sexuais. Portanto, independentemente do sexo do parceiro, os riscos de ISTs são reais.”

A especialista completa ainda que o uso compartilhado de acessórios sem higienização adequada, o sexo oral ou a prática sexual vagina com vagina também podem alterar a flora vaginal, causando vaginose bacteriana. “Não se trata de uma IST, porém, pode facilitar a entrada de outros agentes causadores de ISTs.”

VIDA SEXUAL: MEDIDAS DE PROTEÇÃO QUE PODEM SER ADOTADAS PELO CASAL

A médica aponta que mulheres que fazem sexo com mulheres e homens trans raramente utilizam preservativos ou barreiras de proteção ao fazer sexo. Mas é preciso tomar alguns cuidados.

SAÚDE DO HOMEM TRANSGÊNERO

A ginecologista dra. Laura Olinda Costa, membro da Comissão Nacional Especializada em Ginecologia Endócrina da Febrasgo, aponta que a assistência ao homem transgênero (pessoa que foi atribuída como do gênero ou sexo feminino ao nascer e possui uma identidade de gênero masculina) deve ser abrangente e individualizada, assim como ocorre com as mulheres cisgênero (pessoas cuja identidade de gênero corresponde ao gênero que lhes foi atribuído no nascimento). Ela comenta, contudo, que aqueles que realizam tratamentos hormonais demandam atenções específicas.

Segundo ela, o acompanhamento de um homem transgênero é feito por uma equipe multidisciplinar formada por ginecologistas, endocrinologistas, psicológicos, assistentes sociais e outros especialistas. Realiza-se minuciosa investigação de condições de saúde e identificação de possíveis problemas de base que careçam de cuidados anteriores ao tratamento hormonal.

A médica explica que no primeiro ano, após principiar o uso de androgênios, a rotina de consultas deve ser trimestral.

“As dosagens de testosterona ministradas são elevadas. Observamos a evolução do paciente, possíveis alterações no perfil lipídico, alteração glicêmica, coagulação sanguínea, função renal, impactos no fígado e outros indicadores. Pode ainda ocorrer alguma alteração de humor e ansiedade que pode ser acompanhada com o apoio de profissionais de saúde mental.” Após esse período, as consultas para avaliações clínicas tendem a ser semestrais e, por fim, anuais.

A dra. Laura destaca ainda a importância de manter os cuidados preventivos ao câncer de mama. De acordo com ela, a ação dos andrógenos pode promover uma atrofia das mamas, o que diminuiria o estímulo ao surgimento da doença. Entretanto, em alguns casos, o hormônio masculino pode ser convertido perifericamente em estrógeno, mantendo as condições para o aparecimento da doença.

Outro ponto de atenção diz respeito à fertilidade desses homens. O uso dos androgênios, a longo prazo, pode comprometer a fertilidade. Dessa forma, aqueles que desejam gestar precisam ponderar os impactos de seu tratamento na capacidade reprodutiva. No momento em que desejarem engravidar, é necessário suspender os hormônios masculinos com muita antecedência e aferir se as condições para fecundação se restabelecem. Por outro lado, ainda que pequena, há possibilidade de gravidezes não planejadas durante a hormonioterapia. Por essa razão, demanda a adoção de cuidados contraceptivos.

Candidíase

Candidíase é uma infecção provada por fungos que pode acometer as regiões inguinal, perianal e o períneo.

Juliana Conte é jornalista, repórter do Portal Drauzio Varella desde 2012. Interessa-se por questões relacionadas a manejo de dores, atividade física e alimentação saudável.

Aids feminina | Artigo

O conceito de "grupo de risco" contribuiu para a falsa sensação de segurança das mulheres em relação ao HIV. Veja artigo do dr. Drauzio sobre aids feminina.

Homens trans: como é o acesso aos serviços ginecológicos no Brasil?

O acesso ginecológico para homens trans ainda é escasso e marcado pelo preconceito, com impactos graves na saúde desse grupo. Entenda.

TÓPICOS

(...) Sendo ginecologista, ela pode atender qualquer pessoa com útero, sejam mulheres cisgênero, homens transgênero, pessoas intersexo, não-bináries, etc. Muitos pacientes deste grupo relataram a ela situações constrangedoras que sofreram em consultas anteriores.(...)

(...)“Em relação aos homens trans, por exemplo, acreditar que ele sempre vai se relacionar com uma mulher. Não! Ele pode, por exemplo, estar se relacionando com homem. E acham que não precisa de nenhum método contraceptivo”, explicou Mariana. (...)

ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE DE MULHERES LÉSBICAS E BISSEXUAIS

LEIA ESTE LIVRETO GRATUITO

https://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2015/agosto/31/livreto-atencao-a-saude-de-mulheres-lesbicas-versao-web.pdf

PROTOCOLO DE ENFERMAGEM NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE Módulo 1: Saúde da Mulher

https://portal.coren-sp.gov.br/wp-content/uploads/2020/01/protocolo-de-enfermagem-na-atencao-primaria-a-saude-modulo-1-saude-da-mulher.pdf

O ensino da saúde da mulher no internato médico: Análise documental em universidades públicas mineiras

Women's health teaching at the medical intership: Public universities from minas gerais documental analysis

Juliana Gomes Bergo Dâmaso1; Cássia Beatriz Batista2; Nicole Menezes Rangel3

  1. Médica, Graduada no curso de Medicina da Universidade Federal de São João del Rei - Campus Dom Bosco, Departamento de Medicina, MG - Brasil
  2. Professora, Doutora da Universidade Federal de São João del Rei - Campus Dom Bosco, Departamento de Psicologia, MG - Brasil
  3. Professora da Universidade Federal de São João del Rei - Campus Dom Bosco, Departamento de Medicina, MG - Brasil

Endereço para correspondência

Juliana Gomes Bergo Dâmaso

E-mail: julianadamasomed@gmail.com

Recebido em: 25/04/2020

Aprovado em: 19/03/2021

Instituição: Universidade Federal de São João del Rei - Campus Dom Bosco, Departamento de Medicina, MG - Brasil

Copyright 2021 Revista Médica de Minas Gerais

Leia o original, acesse por - http://rmmg.org/artigo/detalhes/3789

O cuidado às mulheres lésbicas no campo da saúde sexual e reprodutiva

Saúde da Mulher Lésbica e Bissexual - Vitallogy

27 de ago. de 2020 — Dra. Fernanda Hopf. Médica | Especialização em Obstetrícia e Ginecologia CRM-21062. Total de Leituras: 229,338.

https://vitallogy.com/feed/Saude+da+Mulher+Lesbica+e+Bissexual/1479

Dra. Fernanda Hopf

Médica | Especialização em Obstetrícia e Ginecologia

CRM-21062

Dra Fernanda Hopf é médica formada pela Universidade do Vale do Itajaí - SC, com residência médica em Ginecologia e Obstetrícia pelo Hospital e Maternidade Marieta Konder Bornhausen - SC e pelo Hospital Nossa Senhora da Conceição - RS. Pós-graduada em Cirurgia Laparoscópica Ginecológica em Curitiba - PR. Membro do corpo clínico do HMMKB, onde atua como preceptora dos médicos residentes de ginecologia e obstetrícia da mesma instituição. Membro do corpo clínico do Hospital Unimed Litoral. Membro Titular da Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia - FEBRASGO.

Ⓒ TODOS OS DIREITOS RESERVADOS À VITALLOGY.

+55 47 3046-8244

+55 47 98867-0232

(Fonte: https://vitallogy.com/curriculo/Dra.+Fernanda+Hopf/1276, data de acesso: 14/11/2021)