Jornal da Mulher Brasileira


Edição nº 116 - de 15 de Setembro de 2011 a 14 de Outubro de 2011

Olá Leitoras! Olá Leitores!

Nossas homenagens e reconhecimento dia 30 setembro - Dia da Secretária

O Ministério do Trabalho e Emprego por meio da CBO Classificação Brasileira de Ocupações “é uma publicação brasileira que classifica as diversas atividades dos trabalhadores do País, nos mais diferentes setores de atividade, tanto do setor público como privado.

“Nessa publicação as profissões são catalogadas e numeradas, e, a OIT - Organização Internacional do Trabalho retira dados dessa publicação para confeccionar o Código Internacional de Ocupação.”

Nas atividades de secretária ou secretário há as seguintes denominações:

2523 – Secretário Executivo (bacharel ou tecnólogo) ; 110- Assistentes Administrativos;3515 – Técnico em Secretariado

Pela CBO as “atividades do profissional Secretário Executivo, conseguiu-se definir na classificação, além dos termos Executivo, os termos Bilíngue, de Presidência, de Diretoria, Assistente, Assessor (a) e Auxiliar, o que, aliás, já é antigo no mercado.”

Assim sendo, “nenhuma empresa poderá se esquivar de cumprir a legislação, alegando que não possui secretária, mas auxiliares, assessores e assistentes, fato este, comum, no País do "jeitinho", e que fazia com que até as secretárias acreditassem e dissessem "Eu não sou secretária, sou assistente (ou assessora)", embora as atividades de trabalho fossem as da lei de regulamentação.

O significado dessa inclusão é o nível de atuação do profissional de secretariado, seja ele registrado em seu vínculo empregatício como secretário, assessor, assistente, auxiliar ou qualquer outro "apelido", pois estamos mais identificados agora ao Código de Ocupação Internacional, que já previa para outros países essas classificações no caso de profissionais de secretariado.”

A profissão de Secretária é regulamentada pela Lei 7377 de 30/08/85 e 9.261 de 11/01/96.

Saiba mais em: http://www.sinsesp.com.br/secretariasos/70/80-cbo ou em http://www.mtecbo.gov.br

Que esta transcrição de trecho do site do Sindicato das Secretárias possa esclarecer a todas(os) as (os) trabalhadoras (es) de seus direitos e atividades respectivas a sua contratação, além de receberem as homenagens da equipe do Jornal DA MULHER BRASILEIRA.

E a todas as notícias pesquisadas são importantes, assim como cada um/a de vocês para nós. Abraço com a edição n° 116.

Para informações, críticas, sugestões, envio de notícias, para anunciar, contate-nos.

Pílulas anticoncepcionais não provocam ganho de peso, diz estudo

Segundo pesquisadores, crença pode estar atribuindo ganho de peso que ocorre com a idade ao medicamento.

São Paulo - É verdade que as pílulas anticoncepcionais provocam o ganho de peso? Segundo uma nova pesquisa conduzida nos Estados Unidos, não. Os resultados do estudo foram publicados na revista Human Reproduction.

Na pesquisa, os cientistas acompanharam macacos-rhesus, que têm um sistema reprodutivo praticamente idêntico ao humano, durante um ano. O estudo realizado com animais tem uma vantagem, no entanto: as variáveis podem ser medidas e controladas mais facilmente, o que torna os dados mais importantes.

No início do estudo, metade dos animais eram obesos. Durante um tratamento de oito meses, os animais receberam anticoncepcionais por via oral, ajustados ao peso que apresentavam, de forma que a dosagem imitasse a que as mulheres recebem. Os pesquisadores monitoraram o peso, a alimentação, os níveis de atividade física, gordura corporal e massa muscular dos animais. Na conclusão do estudo, o grupo de peso normal permaneceu estável e o grupo obeso perdeu peso (8,5%) e gordura corporal (12%) devido ao aumento do metabolismo basal. Não foram vistas mudanças na ingestão de alimentos ou atividade física em nenhum dos grupos.

“Esse estudo sugere que as preocupações sobre ganho de peso com o uso de pílulas anticoncepcionais parecem ser mais baseadas na ficção que em fatos”, afirmou Judy Cameron, uma das pesquisadoras responsáveis pelo estudo. “Além disso, pode haver um efeito diferente dependendo do peso com que você começa a usar o medicamento. Provavelmente, a razão pela qual essa crença continua a existir é por que o ganho de peso que parece acontecer com a idade está sendo atribuído às pílulas.”

(Fonte: Estadão de 20 de janeiro de 2011 - http://www.evb.org.br/portal/noticias/saude-comportamento/2011/01/20/pilulas-anticoncepcionais-nao-provocam-ganho-de-peso-diz-estudo/)

Viagra feminino pode ser lançado no fim de 2011

Cinquenta anos depois da pílula anticoncepcional entrar no mercado mundial e revolucionar a vida sexual feminina, um novo comprimido desponta como promessa de ser um marco na relação entre as mulheres e o sexo.

A aposta da indústria farmacêutica é de que em dezembro de 2011 o “viagra da mulher” seja lançado no Brasil, atendendo à expectativa por uma droga capaz de amenizar a disfunção sexual grave presente na vida de uma em cada 10 mulheres, segundo inquérito feito com 31 mil pessoas do sexo feminino e publicado na revista científica do Colégio Americano de Ginecologistas e Obstetras.

Se o novo medicamento for aprovado pela minuciosa avaliação das agências sanitárias e reguladoras do mundo – a primeira reunião para a discussão de aprovação do remédio está marcada para o dia 18 de junho na agência reguladora dos Estados Unidos da América, o FDA – será a terceira “geração” de pílulas que chega com o intuito causar um grande impacto na vida sexual.

Um, dois, três

A primeira cápsula “revolucionária” foi a que permitiu as mulheres decidirem quando ou não engravidar. Os anticoncepcionais trouxeram a possibilidade para elas do sexo ser pensado com o foco no prazer e não apenas em caráter reprodutivo, segundo a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo). Esta pílula completa agora em 2010 o 50º aniversário e em pesquisa feita com 500 mulheres do País, 33% delas acreditam que o comprimido trouxe melhoras à qualidade da vida sexual.

A segunda geração da pílula transformadoras do sexo foi criada para corrigir a disfunção erétil dos homens. Os medicamentos do tipo (Viagra, Cialis e Levitra) começaram a chegar no Brasil em 1998, trouxeram de volta a ereção comprometida em cerca de 30% dos homens (de acordo com dados do Programa de Sexualidade do Instituto de Psiquiatria da USP, o percentual aumenta com o passar da idade) e reacenderam a vida sexual masculina, em especial após os 60 anos. A revolução foi tanta que a possibilidade de produção de genéricos do Viagra – este ano a Justiça autorizou a quebra da patente do medicamento – projeta mais transformações sexuais.

Pílula do equilíbrio?

A projeção de revolução com a chegada da terceira pílula ligada à atividade sexual é, justamente, pelo fato das pílulas “azuis” terem impulsionado o desejo e prazer só dos homens. Por isso, parte dos especialistas comemora a possível chegada de um medicamento que pode corrigir o “desequilíbrio”.

“Havia um viés machista na ciência de que medicamentos relacionados ao sexo para mulher só deveriam atuar na questão da reprodução. Não existiam medicamentos, e nem a vontade de desenvolver algum, para a mulher melhorar o prazer por causa de alguma disfunção”, afirma Gérson Lopes, ginecologista e sexólogo, presidente da comissão de sexualidade da Febrasgo. “Essa possibilidade que pinta agora (a chegada do novo medicamento) é, portanto, um grande avanço”, afirma.

Lopes pondera que a sexualidade da mulher é muito diferente, e bem mais complexa, do que a do homem. “Se a mulher não tem desejo pelo marido porque ele a agride, por exemplo, não será um medicamento que vai aumentar o prazer com ele. A ação (da droga) é em uma disfunção orgânica”, diz.

Já a psicanalista Dorli Kamkhagi, especializada em estudo gêneros do Hospital das Clínicas de São Paulo e colunista do Delas, opina que a própria constatação de que a sexualidade feminina envolve muito mais do que fatores químicos e desempenho físico leva à avaliação de que uma pílula não será capaz de contemplar todas as áreas que envolvem o desejo feminino.

“Entre as mulheres, é muito restrito você tratar a sexualidade como uma doença, resolvida com medicamento. A minha experiência mostra que quando existem problemas relacionados ao sexo, a paciente precisa descobrir o seu desejo, os modelos sociais que não está satisfeita, a posição na sociedade e uma série de outros pontos.”

O medicamento

O medicamento que pode – ou não – ser influente na disfunção sexual feminina é feito com a substância flibanserina, inicialmente estudada para atuar em quadros depressivos. O laboratório Boehringer Ingelheim afirma que o produto apresentou respostas no tratamento de desejo sexual hipoativo (popularmente chamado de frigidez). “Restabeleceu o equilíbrio de neurotransmissores envolvidos na resposta sexual, aumentando de forma significativa o desejo sexual e o número de eventos sexuais satisfatórios, ao mesmo tempo que diminui a insatisfação pessoal e promove um benefício geral percebido pelas pacientes que sofrem de tal condição”, afirmou o laboratório por e-mail em pesquisa feita com mais de cinco mil mulheres.

Desta forma, a farmacêutica tenta agora a aprovação do medicamento para ser comercializado como o primeiro, sem ser hormonal, que atua no desejo feminino. O público estudado para ser beneficiado pela possível droga é entre 18 e 50 anos, antes da menopausa.

As avaliações para a aprovação da droga correm em sigilo, afirma a Boehringer Ingelheim, mas “a expectativa de lançamento do produto no Brasil é até o final de 2011?, disse a empresa. O presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Dirceu Raposo de Melo, informou que o trâmite – para a aprovação ou não – ainda não começou em território nacional.

Diagnóstico do transtorno

Pela pesquisa feita com 31.581 mulheres dos Estados Unidos, os problemas complexos com a sexualidade (queixas sobre orgasmos, desejo e apetite sexual) foram relatados por 12% das pesquisadas. A idade mais prevalente foi entre 45 e 64 anos (14,8%). Entre as mais velhas, 8,9% relataram queixas de desejo e desempenho e, nas mais novas de 45 anos, 10,8% foram enquadradas como em disfunção sexual.

Na pesquisa, publicada em 2008 no caderno científico do Colégio Americano de Ginecologistas e Obstetras, a disfunção sexual feminina foi associada a fatores como depressão, ansiedade, problemas na tireoide e incontinência urinária.

(Fonte: O Rio Branco de 1 de junho de 2010 - http://www.evb.org.br/portal/noticias/saude-comportamento/2010/06/01/viagra-feminino-pode-ser-lancado-no-fim-de-2011/)

Campanha pela prevenção ao HPV é iniciada pela Secretaria de Saúde de SP

Vírus sexualmente transmissível está relacionado ao câncer de colo de útero, vulva, vagina, ânus, da cavidade bucal e laringe, entre outros problemas graves

São Paulo - A Secretaria Municipal de Saúde faz campanha esta semana, na capital paulista, para estimular a prevenção ao papilomavírus humano (HPV). O vírus sexualmente transmissível está relacionado ao câncer de colo de útero, vulva, vagina, ânus, da cavidade bucal e laringe, entre outros.

Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), o câncer de colo do útero é o segundo tipo da doença mais frequente entre as mulheres, com aproximadamente 500 mil casos novos por ano no mundo, sendo responsável pela morte de cerca de 230 mil pessoas do sexo feminino anualmente.

Os homens também são infectados pelo HPV. Em pacientes com câncer de pênis, estudo do Inca, feito em parceria com o Instituto de Virologia da Fiocruz, constatou que 75% dos diagnósticos desse tipo de tumor estão associados à presença do vírus.

Segundo o médico ginecologista Celso Galhardo Monteiro, coordenador do Programa Municipal de DST/Aids, entre os principais sintomas de contaminação pelo vírus estão o aparecimento de verrugas na pele e na mucosa das áreas infectadas, com grande incidência nas regiões genitais.

Monteiro destacou que as ações em postos de atendimento especializados em DST/aids e em toda a rede municipal durante esta semana visam principalmente a estimular o autoexame. “Ao verificar a presença dessas verrugas, a pessoa deve procurar imediatamente um médico, que o encaminhará para fazer exames, como o papanicolau.”

O médico ressalta que, quanto antes o vírus for detectado, mais chances existem de evitar o câncer. “O período entre o momento de contaminação pelo vírus e o aparecimento de tumores é em média dez anos e o tratamento antecipado evita a evolução da doença.”

Monteiro informou que o HPV tem mais de 100 variações, porém, quatro delas, os tipos 16,18,31 e 45, são responsáveis por 80% dos casos de câncer de colo do útero e 90% das verrugas genitais. “Já existe uma vacina para essas variações, porém, ainda não faz parte do calendário de vacinação determinado pelo Ministério da Saúde. Em nossa campanha, vamos vacinar meninas portadoras do vírus HIV, na faixa etária entre 9 e 13 anos, e que já são acompanhadas em nossa rede de atendimento. Nessas pessoas, os sintomas do HPV são mais resistentes e agressivos, por isso priorizamos esses pacientes”, explicou.

De acordo com ele, homens e mulheres, de qualquer faixa etária, que queiram se vacinar devem procurar atendimento na rede particular.

Segundo a Secretaria de Saúde, como os casos de HPV não são de notificação compulsória, ou seja, o médico não é obrigado a informar os diagnósticos, não existem estatísticas seguras sobre a prevalência do vírus.

(Fonte: Estadão Online de 12 de setembro de 2011 - http://www.evb.org.br/portal/noticias/noticias-dst-aids/2011/09/12/campanha-pela-prevencao-ao-hpv-e-iniciada-pela-secretaria-de-saude-de-sp/)

Nem as jovens querem mais

Depois das trintonas e quarentonas, agora são as de 20 e até menos que resolvem parar de menstruar. Nos consultórios, elas pedem o uso contínuo da pílula – e os médicos dizem sim.

Se lhes fosse dada a opção, uma em cada três mulheres gostaria de eliminar definitivamente a menstruação de sua vida. O dado consta de uma pesquisa inédita do laboratório Bayer Schering Pharma, com 3 400 adolescentes e adultas, entre 16 e 49 anos, de cinco países – entre eles, o Brasil. A opção por não menstruar, via pílula anticoncepcional, já é corriqueiramente recomendada por médicos. Nos últimos anos, porém, o uso contínuo do medicamento, antes mais comum em mulheres acima de 30 anos, tem atraído as mais jovens. Para elas, não menstruar significa passar a temporada de praia sem contratempos ou poder usar aquela minissaia branca totalmente despreocupada. Mas o mais relevante é que, assim como para as mais velhas, representa o fim das cólicas e dos indefectíveis sintomas da TPM – inchaço, mau humor, dor de cabeça, choro fácil, irritação e aumento de apetite. “As adolescentes atuais formam uma geração que começou a menstruar muito mais cedo e sofre com os sintomas da tensão pré-menstrual desde os 10, 12 anos de idade”, diz o psiquiatra Joel Rennó Júnior, diretor do Programa de Saúde Mental da Mulher do Hospital das Clínicas, em São Paulo. Natural, portanto, que elas queiram se livrar do pesadelo mensal. Apesar de ainda influenciadas por certos mitos do passado, como o que atribui à menstruação um atestado de saúde e fertilidade, essas jovens tendem a aceitar melhor a sua ausência do que as mulheres que têm hoje mais de 40 anos. Amparadas pela medicina, que tende a não ver mal nenhum na supressão da ovulação e da menstruação, o caminho está ainda mais livre para elas. A Bayer estuda, inclusive, a criação de uma agenda eletrônica, no formato de um iPod, na qual elas poderão programar o tempo que gostariam de ficar sem menstruar.

A estudante Karina Paletta, de 20 anos, emenda cartelas de pílula há seis meses. Ela era vítima de cólicas fortes e de sintomas da tensão pré-menstrual difíceis de suportar desde os 10 anos, quando menstruou pela primeira vez. “O uso contínuo da pílula melhorou muito minha qualidade de vida e, por isso, não pretendo menstruar por um bom tempo”, diz. Boa parte das meninas que aderem ao fim da menstruação relata melhora no desempenho intelectual, inclusive. Para a estudante de medicina Débora Tonetti e Souza, de 21 anos, a supressão da menstruação permitiu uma dedicação maior aos estudos. “Meu foco é a minha carreira, não tenho tempo para sofrer com cólicas, inchaços e alterações de humor”, afirma. Quanto ao receio de ter a fertilidade comprometida lá na frente, diz Afonso Nazário, chefe do departamento de ginecologia da Universidade Federal de São Paulo: “Não há nenhuma evidência científica de que a supressão da menstruação reduza a taxa de fecundidade da mulher”. Ao contrário: certos estudos, embora de curto prazo, mostram que a taxa de retorno à fertilidade, uma vez suspenso o uso contínuo, é comparável à do regime convencional. Mas é bom que se diga: nenhum dos medicamentos utilizados para cessar a menstruação é 100% eficaz. Perdas sanguíneas irregulares e imprevisíveis, a cada dois ou três meses, são comuns em cerca de 35% dos casos. Quando isso ocorre, a publicitária Patrícia Luz, de 25 anos, suspende a pílula. Ela, então, menstrua e volta ao uso ininterrupto. “Faço isso desde os 20 anos e ainda menstruo seis vezes ao ano”, diz ela.

Até a década de 90, os médicos só recomendavam a suspensão do ciclo menstrual para mulheres com problemas específicos, como anemia ou endometriose, doença em que parte do sangue que deveria ser expelido fica acumulada na cavidade abdominal. Embora não existam pesquisas sobre o uso contínuo da pílula por muitos anos, por se tratar de uma prática relativamente recente, a maior parte dos especialistas acredita que os contraceptivos de última geração, principalmente, não trazem risco algum à saúde. Inclusive porque têm um quinto da quantidade de hormônios presentes nas primeiras pílulas. Seja para a indicação tradicional ou para interromper a menstruação, o fato é que a pílula, cuja primeira versão foi lançada em 1960, é uma cinquentona para lá de sacudida: já está provado que seu uso diminui a incidência de cânceres de ovários, endométrio e também de doenças que provocam infertilidade.

Quando chegou às farmácias, o contraceptivo inventado pelo endocrinologista americano Gregory Pincus era o primeiro remédio a ser tomado regularmente por pessoas saudáveis. Mas comercializar um medicamento que poderia impedir para sempre a ovulação seria um rompimento ainda maior de barreiras culturais e religiosas. A solução foi incluir um intervalo de uma semana na cartela, para imitar o ciclo menstrual feminino de 28 dias. “A pausa para menstruar foi uma forma que a indústria farmacêutica encontrou para introduzir o produto no mercado com menos traumas”, diz a antropóloga Daniela Tonelli Manica. Ou seja, a prescrição da interrupção regular da pílula não tem nem nunca teve a função de eliminar impurezas por meio da menstruação ou de aliviar o organismo dos hormônios sintéticos. Em condições normais, a glândula hipófise comanda a liberação de dois hormônios, o folículo-estimulante (FSH) e o luteinizante (LH). Eles induzem a secreção de estrogênio e progesterona pelos ovários, responsáveis por preparar o corpo para a reprodução. Apesar da dose baixíssima, a combinação dos dois hormônios sintéticos leva a hipófise a entender que já há estrogênio e progesterona suficientes em circulação. Enganada, ela interrompe o processo de ovulação – que, entre as mais jovens, é motivo de aversão, mas, depois da menopausa, é causa de nostalgia. Vá entender as mulheres…

Cinco mitos sobre o fluxo menstrual

1. O sangramento mensal elimina toxinas e limpa o organismo

A menstruação é a expulsão do endométrio, revestimento interno do útero, que descama quando há uma queda dos níveis de estrogênio e progesterona no organismo. Durante esse processo, pequenas veias e artérias são rompidas. A menstruação não depura o corpo, apenas elimina o tecido endometrial e o sangue decorrente dessa descamação

2. A pausa mensal na cartela de pílulas serve para eliminar o acúmulo de hormônios no organismo

Entre trinta e 48 horas após a ingestão de cada comprimido, os hormônios já foram completamente metabolizados e eliminados do organismo. Além disso, os ginecologistas argumentam que, apesar de sintéticos, os hormônios das pílulas contraceptivas são extremamente parecidos com os hormônios naturais – e, portanto, não requerem um período para desintoxicação

3. O ciclo estendido compromete a fertilidade da mulher

Estudos que acompanharam mulheres durante dois anos de uso contínuo da pílula mostraram que a taxa de retorno à fertilidade, uma vez suspenso o método, é comparável à da utilização convencional do medicamento. Em ambos os casos, assim que o uso é interrompido, os óvulos voltam a amadurecer nos folículos ovarianos e o endométrio retoma o processo de formação, descamando no próximo ciclo se a mulher não engravidar

4. Após alguns meses sem menstruar, os sintomas da TPM, as cólicas e o fluxo voltam com mais intensidade

Não há nenhuma razão para que isso aconteça. Tensão pré-menstrual, cólicas e intensidade do fluxo dependem do organismo de cada mulher. Sem a pílula, o corpo apenas volta a funcionar normalmente, produzindo os mesmos sintomas de antes do tratamento

5. Menstruar todo mês é um processo natural

Para uma corrente de ginecologistas, natural mesmo seria a mulher engravidar seguidamente, já que o organismo feminino se prepara para uma gestação a cada ciclo menstrual. O sangramento mensal da mulher que utiliza a pílula com a parada regular, a cada 21 dias, é menos abundante porque o endométrio expelido não é espesso, como ocorreria se ela estivesse ovulando

Fontes: Achilles Machado Cruz, Cecilia Roteli, Afonso Nazário e César Eduardo Fernandes, ginecologistas

(Fonte: Veja de 10 de maio de 2010 - http://www.evb.org.br/portal/noticias/saude-comportamento/2010/05/10/nem-as-jovens-querem-mais/)