Esta edição queremos chamar a atenção para as crianças privadas de tudo no mundo, e até mesmo de um pouco de atenção carinho. Obviamente que somente pessoas muito ricas de afeto e humanidade poderão se interessar por este tema, pesquisa e decisão de vida. Nesta pesquisa encontrei locais em que se pode colaborar sem que se faça o documento de adoção formal as vezes impeditivo pelas próprias leis e instituições, que em vez de facilitar prejudicam as vítimas infantis e adolescentes abandonadas.
Ficam aqui registradas algumas ONGs que encontramos pela pesquisa GOOGLE e, também os artigos referentes que podem ser bem elucidativos.
Receba nosso fraternal abraço e a sugestão para que você dialogue com suas colegas, vizinhas e amigas, sobre um meio de que todas de alguma forma até mesmo juntas possam “adotar afetivamente” alguma criança ou jovem, que sonha em receber um abraço e um sorriso seu! Boa sorte com nossos votos positivos para este gesto! Elisabeth Mariano Equipe Jornal da Mulher Brasileira.
http://exame.abril.com.br/brasil/ong-procura-doadores-de-carinho-para-criancas-em-adocao/
31 de mar de 2016 - ONG procura “doadores de carinho” para crianças em adoção. Aos voluntários não se pede nada além de mimar os pequeninos, de acordo ...
O espaço, que serve de lar temporário para crianças de até 3 anos, está passando por ... para o acolhimento e posterior adoção de crianças abandonadas, criou uma ... Somos uma ONG que atende crianças na faixa etária de 0 a 3 anos.
Conheça nosso projeto e faça parte dessa linda história
Alimentação balanceada · Ambiente agradável · Carinho e muita atenção · Ensino de qualidade
“Abandonadas, descartadas, rejeitadas e jogadas fora: mais de 150 milhões de crianças em situação de rua em todo o mundo sofrem grandes privações e violações de direitos, com pouca ou nenhuma consideração dada ao seu maior interesse”, disseram as especialistas.
Depois da repercussão do caso da mãe que abandonou um bebê, em uma caçamba de lixo, no litoral de São Paulo, o Mais Você, desta quarta-feira, 27 de ...
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AUTORA Luciana Brazil
06/07/2012 22:58
É difícil não se emocionar com a história. Uma mãe decide, durante o sexto mês de gestação, doar o filho após o nascimento. No dia seguinte após o parto, a mulher volta ao hospital, abraça o filho, acaricia e beija a criança; e contrariando os mais simples instintos maternais, ela vai embora, firme em sua decisão.
O parto aconteceu no último dia 29 de junho, no HU (Hospital Universitário) de Campo Grande.
Nesses casos a equipe médica respeita a decisão da mulher e garante a assistência ao bebê, como informou o Núcleo de Adoção, da Vara da Infância, Juventude e Idoso. Porém, é importante que a doação da criança seja feita de forma consciente e legalizada.
“Isso é o mais importante. Se a mulher realmente decidir que não quer ficar com a criança, que essa mãe faça a doação do bebê, mas de forma legalizada. A orientação é que tudo seja feito de forma correta. A mãe deve fazer o pré-natal, assim como essa mãe que doou o filho fez”, explicou a pediatra e neonatologista e professora da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), Aby Jaine da Cruz Montes Moura.
Segundo ela, essas situações não são frequentes, mas acontecem. “O esforço é para que as crianças não sejam abandonadas e que ao invés disso, seja feita a doação”.
O núcleo informou também que a partir da decisão, a mãe fica inserida no projeto “Dar a Luz”, onde recebe atendimento psicológico, além da garantia de que a criança será rapidamente adotada, ou seja, ao sair do hospital, o recém nascido já é levado para a família acolhedora.
De acordo com a pediatra, que atendeu o drama da mãe doadora, a mulher estava “totalmente determinada”. “Ela disse que uma criança precisa mais do que roupa e comida, e ela não poderia dar esse algo a mais”.
Mãe de outros três filhos, a mulher auxiliou as enfermeiras na amamentação, antes de partir e deixar para trás um pedacinho de si. “A criança é fruto de uma reconciliação, com o pai do primeiro filho, mas que não deu certo”, contou a médica.
Coração decidido: Antes de assinar o termo de adoção a mãe passa por uma avaliação do juizado, onde recebe atendimento psicológico. "Não é uma coisa banal, mas algo que precisa ser acompanhado".
Mesmo que a mãe decida doar a criança, a orientação é que o parto seja hospitalar para evitar riscos para a mãe e para o bebê. "Geralmente quando a mãe não quer a criança ela tem o filho em condições de risco, deixando a criança exposta, correndo risco de morte”, disse a pediatra.
Quase em vão, os médicos tentam não se envolver com as histórias de adoção e abandono, para facilitar o trabalho e a postura médica. “Não cabe a nós julgar, temos apenas que respeitar a vontade e o direito da mulher”, frisou a pediatra Aby Jaine.
Mês atípico: Só no mês de junho, a pediatra acompanhou cinco casos iguais ou parecidos. “Nesse mês também teve o caso da criança que foi abandonada em frente a uma residência. Além disso, existem mães que logo após o parto fogem do hospital e outras acabam desistindo da doação, que antes era certa”, afirmou.
Nessa situação, o bebê é encaminhado para um abrigo, pois é necessário investigar quais as circunstâncias do parto, se houve mesmo o desejo de abandonar a criança.
"A situação é sempre muito delicada. De forma imparcial, a gente sempre torce por um final feliz, mas quem somos nós para saber qual é o final feliz", encerrou Aby Jaine.
Cerca de 5,6 mil menores no Brasil estão aptos para adoção; realidade encontrada nas instituições de acolhimento não corresponde às expectativas da maioria dos candidatos a pais e mães
Por Zulmira Furbino 30/08/2015 08:28
A primeira vez que pensou em adoção, a pedagoga Karinne Mendes, hoje com 40 anos, era muito jovem. Como filha única, ela queria um irmão e, por isso, visitava um abrigo perto de sua escola, onde conheceu um menino e desejava que os pais o adotassem.
Com o passar do tempo, ela se casou e tentou engravidar. Depois de tentar várias fertilizações, acabou tendo uma gravidez tubária. Diante disso, e como na família do marido – o analista de sistemas Carlos Augusto Machado Vieira – havia casos de adoção, ainda tentando engravidar, eles se inscreveram na fila por uma criança adotiva. A gravidez biológica não veio, mas um ano e seis meses depois nascia para o casal uma menininha de 3 meses, que recebeu o nome de Alice Mendes Vieira, hoje com 3 anos.
Adotado aos 12 dias de vida, João Paulo Silva fala sobre desafios enfrentados por pais e filhos:
Para adotar uma criança, é preciso primeiro se inscrever no Cadastro Nacional de Adoção (CNA), na Corregedoria Nacional de Justiça, e responder a 12 questões que alimentam um banco de dados sob a responsabilidade das varas da Infância e Juventude. É preciso opinar sobre o sexo de preferência, a etnia e a idade da criança que se deseja adotar, entre outras questões importantes, como as relativas à saúde. Quanto mais restrito é o perfil escolhido pelos candidatos à adoção, mais difícil e demorado tende a ser o processo. Diante disso, Karinne e Carlos Augusto decidiram aceitar doenças tratáveis e não restringiram raça ou etnia. “Fomos avisados de que havia um bebê pardo, do sexo feminino, com doenças tratáveis, e saímos para conhecê-lo. No momento em que a peguei no colo, ela olhou para o Carlos e deu um sorriso. Passamos a tarde inteira no abrigo e a levamos para tomar vacina”, lembra Karinne.
De lá, os dois foram correndo para a casa dos pais. O objetivo, segundo eles, era “avisar que a bolsa estourou depois de uma 'gravidez' que havia durado 18 meses.” Foi tudo muito rápido. No dia seguinte, a psicóloga da Vara da Infância e da Juventude avisou que o termo da guarda já estava pronto e que eles poderiam buscar a sua filha.
Karinne Mendes e Carlos Augusto Machado não tiveram dúvidas de que seriam pais de Alice quando a viram pela primeira vez (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
“A Baby, loja de produtos para crianças, estava fechando quando entramos lá e compramos todo o enxoval. Na nossa casa, só havia um berço sem colchão”, diz a pedagoga, que, como o marido, se apaixonou por Alice à primeira vista. De lá para cá, se vão quase três anos, muitas alegrias, temores, desafios e vitórias.
Ao escolher Alice para fazer parte de suas vidas, Carlos Augusto e Karinne sabiam que seria necessário trabalhar o desenvolvimento motor do bebê, que estava com o pescocinho muito mole para a idade e apresentava ausência de alguns reflexos. A desconfiança era de que sua genitora tivesse sífilis e ninguém sabia o que isso poderia acarretar na saúde da criança.
A dificuldade não foi suficiente para assustar o casal. “Nada disso nos impediu de recebê-la como nossa filha. Levamos a Alice ao pediatra e ele nos ensinou a fazer os estímulos e fisioterapia em casa. Em uma semana, a diferença era notável. Ela foi estimulada pelo nosso acolhimento e carinho. Hoje, não tem problema nenhum de saúde. O amor que recebeu e recebe superou tudo”, comemoram os pais.
Ainda assim, há percalços no caminho. Um deles é estar preparado para lidar com o preconceito. Por serem de raça diferente da da filha – Alice é parda e Karinne e Carlos Augusto são brancos –, já enfrentaram situações problemáticas desse tipo no shopping, na praia e em outros lugares. Foi aí que descobriram que precisam se fortalecer e ensinar a filha a lidar com a questão. “É muito importante aceitar as diferenças. Mas, infelizmente, a sociedade não está preparada para isso. Descobrimos que Alice vai ter de aprender a se defender”, observa Karinne.
Como em tantos outros casos, e da mesma maneira que ocorre com a chegada de um filho biológico, o primeiro encontro entre pais e filhos é apenas o início de uma longa história, cheia de surpresas e desafios.
Um contingente de 5.637 menores está apto para a adoção no Brasil. São crianças e adolescentes de todos os tipos, jeitos e idades até os 17 anos. São meninos e meninas pardos (49%), brancos (32,7%), negros (18%), indígenas (0,46%) e amarelos (0,4%). Alguns têm irmãos que também esperam para ser adotados. Essas crianças anseiam por uma nova oportunidade de ter uma vida em família, recuperar a confiança nos adultos e reconstruir a fé no futuro.
Do outro lado, existe um batalhão de 33,6 mil candidatos a pais e mães no Brasil, à espera de uma criança para chamar de sua, o que significa que são cerca de seis pretendentes para cada uma. Se, apesar do excesso de procura, ainda há menores esperando por uma família, é porque a expectativa dos pais não coincide com a realidade encontrada nas instituições de acolhimento.
Além de dados básicos como idade, sexo e etnia, o Cadastro Nacional da Adoção (CNA) permite que pretendentes possam informar restrições a enfermidades. Isso significa que os adotantes devem indicar se aceitam crianças com doenças curáveis, incuráveis ou detectáveis.
De acordo com o cadastro, cerca de 20% das crianças brasileiras que podem ser adotadas têm algum problema de saúde. Eram 1.258 em maio. Entre elas, 466 tinham deficiência mental e outras 213, algum tipo de deficiência física. Desse universo, 93 crianças ou adolescentes estavam infectados com o HIV.
Outras 435 tinham alguma doença tratável e 162, doenças não tratáveis. O relatório não deixa claro o que seriam doenças tratáveis e não tratáveis, assim como não demonstra a gravidade das deficiências físicas e mentais.
Quando resolveu adotar uma criança, a pediatra Gisele Aparecida Borges Ferreira, de 40 anos, teve de responder a uma lista de 35 perguntas do CNA – em maio, o número foi reduzido para 12 –, entre elas, questões sobre a saúde da criança. “Quando meu marido, Lidimar Ferreira, e eu fizemos a opção de adotar, aceitamos que a criança tivesse doenças. Então, esperava qualquer coisa. Pensei em pré-maturidade, asma, deficiência visual. Aceitaria uma criança do jeito que viesse, porque sei que elas têm problemas de saúde como qualquer outra pessoa. Para mim, isso seria natural, mas nosso filho não tem problema algum”, comemora a médica, que adotou um garotinho de 1 ano e 7 meses, que hoje está com 3 anos, e espera pela sua guarda definitiva.
Diferentemente de outros casos de adoção, a história de Gisele parece um conto de fadas. A espera durou apenas 50 dias. Ela é branca e seu marido, negro. Veio um garotinho mulato. “Em geral, as pessoas esperam muito tempo, porque querem menina. Há aqueles que, inclusive, só aceitam crianças brancas. No meu caso, não optei pelo sexo, aceitei doenças tratáveis, não escolhi raça e ampliei a idade até 2 anos. Minhas únicas restrições foram excluir o HIV entre as doenças tratáveis e também deficiências mentais, porque tenho um irmão com um grau de autismo muito sério”, explica.
Gisele trabalha em Ibirité e, por coincidência, fez a sala de parto do bebê que iria adotar um ano e sete meses depois. No cartão de vacina dele, há o carimbo dela com a liberação para que saísse do hospital. “A psicóloga, que era coordenadora da Vara da Infância, brincava que não havia história como a nossa. A adaptação dele foi perfeita, a gente até esquece que ele foi adotado”, garante.
De acordo com o pediatra Paulo Taufi Maluf Júnior, pediatra do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas de São Paulo e do Hospital Sírio-Libanês, do total de interessados em adotar uma criança, apenas 8% não fazem restrição quanto à condição de deficiência do adotado, o que ressalta a necessidade de haver maior conscientização dos pretendentes. Segundo ele, uma realidade que também chama atenção é o grande número de crianças que tem pais biológicos dependentes de álcool, o que também pode causar problemas de saúde. “Mais um ponto a se observar é que as crianças e adolescentes passam parte da vida em abrigos, às vezes sem condições adequadas.”
De acordo com ele, a criança que foi adotada deve passar por uma triagem médica acurada. É preciso fazer exames, documentar as deficiências quando houver e fazer as correções adequadas. É comum haver anemia e falta de cálcio, por exemplo. “Além disso, é necessário prestar atenção a doenças infectocontagiosas que podem ter sido adquiridas e as congênitas”, orienta.
A representante comercial Vanici Veronesi tinha 31 anos e estava num ônibus em Contagem levando a mãe para fazer uma cirurgia quando seu telefone celular tocou. Era uma ligação da Vara da Infância e da Juventude, o que significava que o filho que tentava adotar há três anos e nove meses poderia finalmente estar chegando. Ao atender a chamada, a voz do outro lado da linha informou que havia um menino de dois dias de vida à sua espera. Ela e o marido teriam exatamente duas horas para chegar lá. O casal venceu a distância e os percalços – ele estava em Betim, e uma obra no Anel Rodoviário provocava um enorme engarrafamento; ela teria de deixar a mãe sozinha no hospital – e chegou a tempo de conhecer aquela criança miúda e rosada que se tornaria seu filho.
“Antes do Lucas, fomos chamados para conhecer outras crianças e recusamos, porque não nos sentíamos seguros. Mas, quando se trata do 'seu' filho, mesmo não havendo uma musiquinha no fundo e não sendo um comercial de margarina, você simplesmente sente que ele é seu”, diz Vanici, recordando-se do momento em que ela e o marido viram Lucas Garcia Oliveira Veronesi pela primeira vez.
Passados oito anos, Lucas hoje é um garoto forte, inteligente e bonito. Ao ver a mãe conversando com a reportagem do Estado de Minas, avisou: “Não fala sobre esse assunto com ela, porque daqui a pouco a sala vai ficar inundada”. A alusão bem-humorada referia-se às lágrimas que, inevitavelmente, brotariam dos olhos da mãe, ao relembrar os caminhos que levaram ela e o marido a escolher Lucas como o filho do coração.
A adoção de uma criança é o final feliz de uma história que está só começando. Para que tudo corra de forma tranquila, é preciso estar atento à saúde física e emocional dos pequenos, mas também preparar-se para recebê-los, acolhendo-os como pais de direito, de fato e de afeto. Por isso, é importante que essas crianças sejam geradas emocionalmente pelos pais, que necessitam de apoio psicológico para enfrentar tudo que virá depois do primeiro dia do resto de suas vidas, que começa outra vez, só que, agora, de um jeito mais intenso, amoroso e diferente.
De acordo com Suzana Schettini, psicóloga e presidente da Associação Nacional dos Grupos de Apoio à Adoção (Angaad), que funciona desde 1990 e representa 130 grupos de adoção no país – oito deles em Minas Gerais –, é preciso trabalhar dentro de uma nova perspectiva na cultura da adoção.
O ideal é inverter a ideia de que uma criança adotada deve atender à expectativa idealizada da família adotante. Segundo o Cadastro Nacional de Adoção (CNA), um dos principais desafios encontrados nesse processo é que não há um encaixe perfeito entre o desejo dos pretendentes e a realidade das crianças que vivem nos acolhimentos espalhados pelo país. O número de pretendentes é quase seis vezes maior do que o total de crianças e adolescentes cadastrados.
Diferentemente do que se acredita, segundo o CNA, a questão racial não é o maior obstáculo enfrentado no momento da adoção, e sim a idade, já que a prioridade das famílias são as crianças mais novas. Hoje, existem no Brasil 33.627 candidatos à adoção e mais de 80% deles preferem uma criança de até 3 anos. O relatório do CNA mostra que existem mais adolescentes de 17 anos (655) do que o total de crianças cadastradas de até 5 anos (393).
“Procuramos famílias para essas crianças, e não crianças para famílias que não podem tê-las (biologicamente)”, observa a presidente da Angaad, que acredita que os adotantes deveriam estar preparados para receber os pequenos que estão abrigados, independentemente do desejo idealizado.
Por Ingrid Matuoka — publicado 08/06/2015 04h28
Maioria prefere bebês, e 87,42% das crianças aptas a serem adotadas têm mais de cinco anos. Mais: 26,33% dos futuros pais adotivos só aceitam crianças brancas
Antonio Cruz/Agência Brasil
No último 25 de maio, associações e órgãos do Estado realizaram eventos para lembrar o Dia Nacional da Adoção. Muitos deles incentivavam a chamada adoção tardia, a recepção de crianças de faixa etária mais elevada, o que poderia ajudar a resolver o impasse existente no Brasil: há 5,6 mil crianças precisando de adoção, mas a maioria não se encaixa no perfil desejado pelas mais de 30 mil pessoas querendo adotar.
Segundo dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em todo Brasil há 5.624 crianças aptas a serem adotadas. Para cada uma delas há seis adotantes (casais ou pessoas sozinhas) que poderiam ser seus pais (33.633), mas não são.
De acordo com o juiz Reinaldo Cintra Torres de Carvalho, da Vara da Infância e Juventude do Foro Regional da Lapa, São Paulo, o motivo do descompasso é claro: “os futuros pais têm um sonho adotivo com a criança que irá constituir a família, e a maioria dos pais deseja recém-nascidos de pele clara”. Outros pais desejam especificamente um bebê, e não querem crianças com mais de um ano.
Ocorre que apenas 6% das crianças aptas a serem adotadas têm menos de um ano de idade, enquanto 87,42% têm mais de cinco anos, faixa etária aceita por apenas 11% dos pretendentes. A questão racial também pesa: 67,8% das crianças não são brancas, mas 26,33% dos futuros pais adotivos só aceitam crianças brancas.
A preferência por crianças menores se explica, em parte, pelo desejo de o pai adotivo ter uma experiência considerada completa com a criança. Há dois meses na fila para adotar em São Paulo, Eliane dos Santos de Santana, de 32 anos, espera por uma criança de até um ano de vida e não faz restrições à cor de pele: "Vai ser meu primeiro filho, quero ter a oportunidade de passar por todas as experiências, acordar de madrugada para cuidar dele, ver os primeiros passinhos", diz.
Alessandra Pereira Paulo, 45 anos, por sua vez, faz parte de uma minoria. Não tem filhos e espera por uma menina que tenha entre 2 anos e meio e 8 anos. Para ela, uma criança maior se adaptaria melhor ao seu ritmo de vida. "Já que eu tenho disponibilidade em adotar uma criança mais velha, por que não, já que tem tanta criança grande nos abrigos?".
Ela também conta que acha interessante o fato de a criança mais velha já saber conversar e contar sua história. "Eu participaria mais da vida dela e ela da minha. Seria uma adoção mútua: eu adoto ela como filha e ela me adota como mãe. Um bebê não teria isso, encaixaria em outro sonho, mas não no meu, e é importante a pessoa ser honesta com o que quer".
O perfil das crianças na fila da adoção pode ser explicado por sua origem. A maior parte delas vem de setores vulneráveis da sociedade. Segundo Carvalho, os principais motivos que levam famílias a perderem seus menores são a negligência, o abandono e a violência física e sexual.
Suely Apparecida Gracia, diretora do Grupo Assistencial Alvorada Nova, em Pirituba, zona oeste de São Paulo, que fundou há 19 anos, nota uma peculiaridade: “dos 15 bebês que tenho aqui, todos vieram por causa das drogas e tem sido assim há alguns anos, tanto que nos especializamos em cuidar de prematuros, já que as mães usuárias de drogas, principalmente crack, não conseguem levar a gestação até o fim”.
O juiz Torres de Carvalho, da Vara da Infância e Juventude, explica que, apesar de as drogas não constarem dentre os principais motivos, o uso delas constitui um fato originário: “Essas famílias não conseguem cuidar dos filhos, o que leva à negligência”.
Nem sempre os problemas estão concentrados nos pais das crianças. Muitas vezes a família inteira tem dificuldades. Um hospital, ao perceber que a genitora não tem condições de exercer a maternidade, aciona um assistente social para procurar alguém da família para se responsabilizar pela mãe e pelo bebê. Segundo Gracia, sempre se tenta encontrar a família dos pequenos, quase sempre em vão. “Normalmente não encontramos os pais, mas nos deparamos com os avós, também drogados. Então não deixamos o bebê com eles, senão a situação vai continuar. Assim, percebo que é um problema que vem de longe”.
Este cenário cria, para algumas crianças, uma dificuldade a mais: a infecção pelo vírus HIV. Das 250 crianças que já passaram pelo abrigo de Gracia, apenas cinco eram portadoras do vírus, e quatro conseguiram negativá-lo graças a medicamentos tomados logo após o nascimento. Ainda assim, há 92 crianças com o vírus da Aids na fila geral de adoção do Brasil.
O cenário, no entanto, não é de todo negativo. Segundo Carvalho, as campanhas pela adoção tardia têm feito crianças mais velhas e seus irmãos serem adotados com menos dificuldades. “Acredito que as pessoas precisam começar a pensar com mais amplitude para que os preconceitos sejam em menor número e intensidade", afirma Carvalho. "Uma criança mais velha precisa de uma família tanto quanto um recém-nascido. Se as pessoas acordarem para isso, tenho certeza de que serão felizes como pais adotivos”, diz.
http://www.unicap.br/tede/tde_busca/processaArquivo.php?codArquivo=122
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