Estudos psicanalíticos ou de todas as denominações e especialização da mente humana se quedam impactantes diante da! ”bestialidade humana”!
Analisar o que se propaga em todas as notícias e em todas as mídias! “é preciso e urgente”! Aqui para entender 2 comportamentos e 2 procedimentos apresento-lhes um pensador que se manifesta pela escrita. E um orientador que se manifesta pela mídia digital, ambos têm ponto central, referir-se a “bestialidade humana”.
A interpretação será de cada leitora e de cada leitor conforme suas crenças e visão de mundo.
Considero ainda “as grandes bestialidades humanas a “violência incorpórea, aquela volátil que contamina tudo onde passa, tal qual o “COVID 19”... não tem uma forma e um local definido e pode estará qualquer momento causando danos.
Aqui, nos referimos aos danos das “almas, dos sentimentos, dos motivos para viver:
Há algo mais nocivo, e incurável que a “discriminação racial, étnica, religiosa, político-partidária, associativa, recreativa, de procedência nacional, de professar a fé com rituais desumanos ou destruidores; usar de violências físicas, morais, sociais etc.?
A máxima sempre será a máxima:
“O direito de uma pessoa termina onde inicia o direito da outra pessoa!”
´”A liberdade de cada pessoa termina onde começa a liberdade da outra pessoa!”
Comportamentos antissociais e discriminatórios é o COVID SOCIAL INCURÁVEL!
Receba nosso fraternal abraço, nossa gratidão a todos/todas colaboradores/as;
Prof.ª Mestra Elisabeth Mariano e equipe JORNAL DA MULHER BRASILEIRA.
Para informações, críticas, sugestões, envio de notícias, para anunciar, contate-nos.
Marcelo Manoel Barbosa
Advogado atuante nas áreas consultiva e judicial de temas relacionados a propriedade intelectual para empresas de pequeno e grande porte nacionais e estrangeiras, bem como para pessoas físicas titulares de direitos autorais.
Sócio do escritório LIA E BARBOSA SOCIEDADE DE ADVOGADOS com sede em São Paulo na Rua Cotoxó, 611, cj, 127, no Bairro da Pompeia.
Inscrito na OAB/SP nº 154.281 e na OAB/RJ nº 182.948
Licenciado em FILOSOFIA pela Universidade São Francisco – SP e bacharel em DIREITO pelas Faculdades Metropolitanas Unidas – SP.
Pós-Graduação em Direito Empresarial pela PUC/SP
Pós-Graduação em Direito das Novas Tecnologias pelo Centro de Extensão Universitária.
Aluno Especial da Pós Graduação em Propriedade Intelectual da Faculdade de Direito da USP em 2017.
Membro da Diretoria Cultural da ASPI – Associação Paulista de Propriedade Intelectual entre 2005/2015.
Conselheiro da ABAPI – Associação Brasileira dos Agentes da Propriedade Industrial entre 2010/2011.
Integrante da Comissão de Direitos Autorais da OAB/SP para o triênio 2013/2015.
Coautor do livro Capítulos de Processo Civil na Propriedade Intelectual e colaborador do livro e colaborador do livro “Brasil titeki zaisannhou gaisetstu” (Aspectos Gerais sobre Propriedade Intelectual no Brasil). 2015 de Masato Ninomiya e Hissao Arita publicado no Japão.
Lia e Barbosa Sociedade de Advogados – Propriedade Intelectual
IP Lawyers – Brazil
Rua Cotoxó, 611, Cjs. 127 e 128, Pompeia, São Paulo – SP. CEP: 05021-000 – Brasil.
Tel.: (+55 11) 3672-3522 1 996204900
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Gilberto Natalini
O médico e vereador Gilberto Natalini (PV) iniciou sua carreira política em 1970, ainda como estudante de Medicina, quando participou das ações estudantis pelas liberdades democráticas no país.
Foi Secretário Municipal de Saúde do Município de Diadema (1997/2000) e de São Lourenço da Serra (2000), Secretário de Participação e Parceria da cidade de São Paulo (2005/2006) e Secretário do Verde e do Meio Ambiente de São Paulo (2017) .
Eleito vereador da cidade de São Paulo, pela primeira vez em 2000, está no quinto mandato.
É autor de 407 projetos de leis e tem 136 leis aprovadas. Atua principalmente nas áreas de saúde, meio ambiente, urbanismo e zeladoria urbana.
Tem dedicado boa parte do mandato em defesa do SUS, plano de saúde de milhões de brasileiros.
Sempre compromissado com a ética, moralidade pública e a justiça social.
CONTATO:Câmara Municipal de São Paulo Luciana Feldman – Assessora de Comunicação e Eventos End.: Viaduto Jacareí, 100 – 7º andar – Sala 704 Tel.: (11) 3396-4692 | 3396-4525 | 99253-8727 Site: http://www.natalini.com.br E-mail: natalini@natalini.com.br Whattsapp: (11) 95814-0140 Facebook: @gilbertonataliniSP Instagram: @gilbertonataliniSP Twitter: @gnatalini |
(OBS: texto de 2018, não encontramos nada de 2019/2020)
De 21 a 28 de agosto é celebrada a Semana Nacional da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla. Instituída em 1964, com o nome de Semana Nacional da Criança Excepcional, foi pensada para elucidar a condição dessas pessoas de forma a contribuir para a desconstrução de preconceitos, divulgar quais são as necessidades destas pessoas, cada uma com sua excepcionalidade e colocar a sociedade em reflexão no dever da igualdade para inclusão.
Com base no tema "Família e pessoa com deficiência, protagonistas na implementação das políticas públicas", a Semana Nacional da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla de 2018 acontece para reafirmar a importância da participação da família, em todos os processos de vida de seus filhos, seja educacional, de desenvolvimento, de habilitação e reabilitação, e nas demais áreas.
A Semana Nacional da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla foi sancionada pela Lei nº 13.585, de 26 de dezembro de 2017. A Semana também tem a função de sensibilizar governos e comunidades em relação às potencialidades das pessoas com deficiência e chamar a atenção para suas necessidades, tanto para a definição de políticas públicas quanto para o combate ao preconceito.
Para o ministro dos direitos humanos, Gustavo Rocha, a importância da Semana é na conscientização de que essas pessoas possam ter uma condição de cidadania plena, com autonomia e independência.
“A militante histórica Maria Lourdes Guarda tinha uma frase que dizia que ‘nenhuma deficiência impede a vida’.
Essa é a frase mais verdadeira que eu conheço e ela tem sido cada vez mais aplicada às pessoas com deficiência”, completa o secretário nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Marco Pellegrini.
Pandemia de coronavírus tornou mais evidente como a discriminação racial afeta políticas públicas de saúde
Estadão Saúde Summit
14/08/2020
A maior parte da população brasileira é composta por pessoas que se autodeclaram pretas ou pardas, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 2016, mais de 112 milhões de brasileiros, 54,9% da população, declararam-se negros; quando são considerados apenas os 10% mais pobres, a proporção é ainda maior: 75%.
Com menor capacidade econômica, quase 80% das pessoas negras no Brasil não têm acesso a planos de saúde, sendo a maioria atendida pelo Sistema Único de Saúde (SUS), com essa parcela representando 67% dos cuidados do SUS, de acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Apesar de serem maioria no sistema público, cerca de 23% da população negra recebida no SUS sentem discriminação racial no atendimento, de acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) realizada pelo IBGE em 2013. Enquanto isso, apenas 9,5% de toda a população branca têm o mesmo sentimento.
O sentimento de negros quanto à discriminação racial não é subjetivo, e a estrutura racista da sociedade fica ainda mais evidente com o surto de covid-19. Em São Paulo, negros têm um risco 62% maior de falecer pelo Sars-CoV-2, de acordo com a prefeitura da capital e o Observatório Covid-19; já os pardos enfrentam possibilidade 23% maior.
As pessoas negras em geral têm maiores dificuldades para adotar as medidas de prevenção à disseminação do Sars-Cov-2 por conta das limitações ao saneamento básico e de recursos financeiros para a compra de produtos de higienização. Além disso, os negros estão mais inseridos em grupos de risco, uma vez que há maior incidência de comorbidades como hipertensão, diabetes, anemia falciforme e outras enfermidades, como depressão e tabagismo.
A taxa de letalidade por coronavírus entre negros é maior que entre brancos, conforme estudo do Núcleo de Operações e Inteligência em Saúde, grupo da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Com base nos dados do Ministério da Saúde, de cerca de 30 mil notificações de covid-19 até 18 de maio, a pesquisa identificou que a taxa de óbitos entre pretos e pardos foi de quase 55%, enquanto entre brancos ficou em 38%.
A análise dos dados também fez um recorte da letalidade pelo grau de escolaridade. Pessoas sem formação escolar têm taxa de óbito três vezes superior a formados no nível superior. Quando estudo e raça são considerados de forma conjunta, a taxa de letalidade entre pretos e pardos é de mais de 80%, enquanto a taxa entre brancos com nível superior é de menos de 20%.
De acordo com a PNS, a proporção de pessoas que consultaram um médico nos últimos 12 meses é maior entre pessoas brancas (74,8%) do que entre pretas (69,5%) e pardas (67,8%). Assim, negros e pardos ficam abaixo da média nacional, que é 71,2% (142,8 milhões).
Já a proporção de pretos (38,2%) e pardos (39,2%) que se trataram com um dentista nos últimos 12 meses é menor do que a de brancos (50,4%) e inferior à média nacional, de 44,4% (89,1 milhões).
O levantamento do IBGE estimou que 60% das brasileiras entre 50 e 69 anos de idade realizaram exame de mamografia nos dois anos anteriores à pesquisa, e o cuidado foi mais observado entre as mulheres brancas e com ensino superior completo (80,9%). As menores proporções foram registradas entre as mulheres pretas (54,2%), pardas (52,9%) e sem instrução ou com ensino fundamental incompleto (50,9%).
Os relatos de discriminação racial são frequentes, em especial quando as mulheres estão mais fragilizadas, como durante a gravidez e o parto. Um estudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) aponta que as negras precisam peregrinar mais para buscar um local para o parto e têm o pior pré-natal, com a possibilidade de não recebem anestesia nos procedimentos sendo 50% maior quando comparada a gestantes brancas.
Fontes: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Universidade Estadual de Ohio, Health Line, Fundação Nacional do Rim, Biblioteca Nacional de Medicina dos Estados Unidos, American Journal of Emergency Medicine, Journal of American Public Health Association, Associação Americana de Psicologia, Colombus City Council, Revista de Gestão em Sistemas de Saúde, Ministério da Saúde, The Conversation, Observatório Covid-19BR e Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Autor: Amanda Mont'Alvão Veloso Data da postagem: 12:30 17/04/2017
Neta de escrava alforriada, ela foi a primeira mulher a fazer análise na América Latina e disseminou esse saber pelo País.
Entre o esquecimento, o desconhecimento e a invisibilidade, uma grande história brasileira praticamente desaparece. Com ela, some também um referencial de vida e de conquistas. Bem aqui, no País que faz vista grossa ao racismo e às desigualdades, uma mulher negra preencheu a própria trajetória com pioneirismos.
Virgínia Leone Bicudo (1910-2003), paulistana, filha de uma imigrante italiana branca e de um brasileiro negro, neta de uma escrava alforriada, foi a primeira mulher a fazer análise na América Latina.
Foi a primeira pessoa a escrever uma tese sobre relações raciais no Brasil, inaugurando, na academia, o debate sobre racismo. Foi também a primeira psicanalista não-médica no País. Tantas credenciais desta psicanalista e socióloga e, no entanto, seu nome, seu protagonismo e sua história se tornaram invisíveis a muitos brasileiros.
"Àqueles que não sabiam desse fato e o acham estarrecedor, comungamos do mesmo sentimento de estranhamento: como nunca soubemos disso? Como não nos falaram antes?", questiona a psicanalista Ana Paula Musatti Braga, doutora em psicologia clínica pela USP (Universidade de São Paulo), em seu artigo Pelas trilhas de Virgínia Bicudo: psicanálise e relações raciais em São Paulo, publicado na revista Lacuna.
"No meu modo de ver, nunca houve interesse na divulgação do trabalho dela. Eu diria que poucos negros conhecem o que a Virgínia fez", afirma ao HuffPost Brasil a psicanalista Isildinha Baptista Nogueira, doutora em Psicologia pela USP e pesquisadora, desde a década de 1990, dos efeitos do racismo no psiquismo dos negros.
A história pessoal de Virgínia, marcada pela percepção do preconceito de cor e pelo sofrimento derivado dessa discriminação, incidiu sobre as escolhas profissionais dela ao se tornar pesquisadora e definir, como objeto de estudo, as relações raciais, observa Ana Paula Braga em seu artigo.
"Eu me interessei muito cedo por esse lado social. Não foi por acaso que procurei psicanálise e sociologia. Veja bem o que fiz: eu fui buscar defesas científicas para o íntimo, o psíquico, para conciliar a pessoa de dentro com a de fora. Fui procurar na sociologia a explicação para questões de status social. E, na psicanálise, proteção para a expectativa de rejeição. Essa é a história", diz Virgínia, em uma entrevista de 1998.
Mais cedo, em 1983, ela havia revelado o primeiro e doloroso contato com o racismo:
Até chegar à psicanálise, Virgínia foi buscar respostas na sociologia.
Em 1935, já graduada como educadora sanitária, matriculou-se na Escola de Sociologia e Política: "Eu queria me aliviar de sofrer. Imaginava que a causa do meu sofrimento fossem problemas sociais, culturais", diz, em um depoimento de 1995.
No segundo ano do curso, conheceu a psicologia social e, por consequência, as ideias de inconsciente de Sigmund Freud. Foi o suficiente para despertar o desejo de se tornar psicanalista. Assim, chegou ao médico e professor Durval Marcondes, que lhe recomendou procurar a psicanalista judia alemã Adelheid Koch, vinda ao Brasil para escapar do nazismo. "Eu fui a primeira pessoa que usou o divã da Doutora Koch", diz em uma entrevista de 1995.
Marcondes havia fundado a Sociedade Brasileira de Psicanálise (SBPSP) em 1927. Virgínia se juntou a ele em sua luta para desenvolver este saber em São Paulo e se ligou à SBPSP por toda sua vida, lembra ao HuffPost Brasil a psicanalista Maria Ângela Gomes Moretzsohn, também membro da SBPSP.
"Virgínia participou ativamente da vida societária, como psicanalista e, muitas vezes, em cargos de direção, como secretária, tesoureira, professora, supervisora, analista didata e diretora do Instituto Durval Marcondes em várias gestões."
Em 1970, a pioneira fundou o Grupo Psicanalítico de Brasília e, mais tarde, o Instituto de Psicanálise da capital federal.
"É incontestável que o papel de Virgínia Bicudo na implantação e desenvolvimento da psicanálise no Brasil foi fundamental para chegarmos ao ponto em que estamos hoje", afirma Moretzsohn.
"Virgínia, extrovertida, bem falante, logo se tornou uma comunicadora eficiente das ideias nas quais acreditava", exalta Moretzsohn. Enquanto a psicanálise era implementada no Brasil, os grandes veículos de comunicação a divulgavam de uma forma acessível aos leigos, e Virgínia teve papel fundamental nessa democratização do conhecimento.
De acordo com Moretzsohn, em um programa na rádio Excelsior chamado Nosso Mundo Mental, Virgínia interpretava situações envolvendo temas como inconsciente, inveja, agressividade, ciúmes, amor e ódio. Tudo em forma de radioteatro.
"Em 1954, desenvolvi um programa de divulgação de princípios de higiene mental segundo a psicanálise, através da dramatização de textos que eu compunha, e que eram levados ao ar semanalmente", explicou Virgínia, segundo o pesquisador Jorge Luís Ferreira Abraão.
O programa deu origem uma coluna dominical no Jornal da Manhã, com o mesmo nome. Em 1956, os textos se transformaram no livro Nosso Mundo Mental, de autoria de Virgínia Bicudo.
Entre os muitos feitos da psicanalista, o estudo da questão racial e dos conflitos existentes entre brancos e negros deu início um olhar urgente e necessário para o efeitos do racismo.
A dissertação do mestrado na Escola Livre de Sociologia e Política de São Paulo, nomeada Estudo de Atitudes Raciais de pretos e mulatos em São Paulo, trouxe uma inovadora investigação a partir de pais e mães de alunos de escolas públicas em bairros populares e de classe média de São Paulo. Com o depoimento de 31 pessoas, ela mostrou que, mesmo quando diminuem as diferenças sociais, o preconceito de cor permanece.
"Virgínia conseguiu fazer uma leitura que fosse não só psicanalítica; foi política, sociológica, antropológica", enaltece Isildinha Baptista Nogueira Nogueira. Segundo a psicanalista, é preciso levar em consideração, na clínica, as questões raciais trazidas pelos pacientes.
"É preciso entender que o racismo adoece e esse é o perigo que nós corremos, pois existe uma aparente inclusão do negro na sociedade, mas esse adoecer psíquico é muito mais eficiente do que a segregação e a discriminação."
Nogueira, que realiza terapia em grupo com pacientes negros, diz perceber como eles são fragilizados pelo racismo.
"O fortalecimento dessas pessoas pode vir do fato de serem escutadas analiticamente e do fato de entenderem que não estão solitárias, principalmente nos medos, na depressão, nos ataques de pânico."
A pesquisadora lembra que Virgínia entendia, por meio do trabalho dela, que os efeitos do racismo passavam de geração para geração. "Foram 300 anos de escravidão. Esse passado é de todos."
Em seus 92 anos de vida, Virgínia desbravou ambientes predominantemente brancos e masculinos. Como lembra Braga, até a primeira metade do século 20, a produção acadêmica das ciências sociais vinha praticamente de homens brancos, alguns negros e pobres; algumas mulheres, somente brancas. Porém, a ideologia de branqueamento no Brasil, como se refere o pesquisador Marcos Chor, ficou evidente. No documento como professora de higiene Mental e psicanálise, Virgínia é identificada como "branca".
Não foi a primeira vez que faltou reconhecimento da obra e da pessoa que Virgínia era. Em 1955, a Unesco financiou o maior projeto de pesquisa sobre relações sociais no Brasil. Conhecido como Unesco-Anhembi, o projeto derrubou a tese de que tínhamos uma democracia racial no País. A pesquisa de Virgínia Bicudo, pioneira e fundamental para o tema, foi publicada como um apêndice do estudo, e completamente excluída da segunda edição, em 1959, como lamenta Braga em seu artigo.
O golpe mais cruel, porém, veio da saúde mental. A psicanalista foi essencial para que a SBPSP aceitasse entre seus membros analistas leigos, ou seja, não médicos. Porém, durante o 1º Congresso Latino-Americano de Saúde Mental, em 1954, ela foi alvo de hostilidades por ser uma psicanalista não-médica:
"Eu estava sentada e todos os médicos de pé, todos gritando: 'Absurdo! Psicanalistas não médicos!' Foi horrível! Olha que eu quase me suicidei por isso. Você ouvir outras pessoas dizendo: 'Você é charlatã!' Ah! Você não fica de pé! Você vai pra casa e quer morrer", revela em uma entrevista à SBPSP.
Na época, médicos chegaram a distribuir panfletos com os dizeres "Se eres neurótico e queres se tornar psicótico, procura a doutora Virgínia Bicudo. Se trate com a doutora Virgínia Bicudo."
Ao transitar da dor do preconceito para a investigação das próprias origens, Virgínia evidenciou sua força e determinação, reforça Moretzsohn:
"Não é difícil imaginar que a vida de Virgínia, em instituições nas quais era praticamente inexistente a presença de pessoas negras, não era fácil. Ela voltou a abordar a questão racial em momentos diferentes de sua vida, se referindo sempre a ela como uma grande experiência na esfera da dor."
Anderson Sotero
Publicado em 20 de set de 2019
O deputado federal e jornalista David Miranda (Psol) postou recentemente em sua rede oficial do instagram o questionamento: “Quantas vezes você já foi atendido por médico negro no Brasil?”. A pergunta gerou centenas de comentários de internautas que reforçaram a ausência de negros em diversos segmentos da sociedade.
Na maioria dos comentários, internautas afirmaram que quase nunca viram médicos negros. As respostas variaram entre zero e uma vez. “Zero vezes! E gerente de banco negro? Executivo? Editor de jornal?”, ressaltou uma usuária de prenome Cristina.
“E na universidade, entre graduação, mestrado e doutorado, apenas uma professora negra”, acrescentou Caio Klen.
Outro usuário identificado como Vinicius Martins contou que se trata de uma situação “impactante”. “Trabalho há dez anos na saúde. Fiz pela primeira vez um plantão com um médico negro e foi só nesse dia que percebi a falta de representatividade dos negros em cargos importantes na saúde. Infelizmente, estamos longe de um mundo melhor e ainda estamos sendo gerenciados por canalhas que só querem aumentar essas desiguladades”.
Uma usuária identificada como pathimendes relatou que o marido é negro e é médico cirurgião. “Quando ele vai conversar com as famílias dos pacientes, as pessoas pedem para chamar ‘o médico”, contou.