Jornal da Mulher Brasileira


Edição nº 231 - de 15 de Abril de 2021 a 14 de Maio de 2021

Olá Leitoras! Olá Leitores!

Que sejamos justas e justos: é dever comemorar a data festiva que valoriza o trabalho árduo e incessante d as empregadas e dos empregados domésticos no Brasil

Ao nos deparamos coma realidade chocante de muitas e muitos, que neste momento cruel da pandemia “Covid 19” vamos deparar com aqueles/as que passam mais necessidades pessoais, e até de sobrevivência familiar... com suas filhas/ seus filhos, seus familiares idosos, doentes e deficientes, estão sem dúvida em maioria

Empregadas/os domésticas/os... Vamos nos unir e estudar meios para ajudar estas pessoas com suas famílias?

Elas são trabalhadoras que em breve poderão estar ajudando você dentro de sua casa, e com a sua família. Mesmo em recesso, telefone, mande um presentinho, agradeça!

Mais importante ainda: dê carinho de boas palavras, e atenção, dê conforto esperança... Ao menos pergunte se está bem coma família dela etc.

E se puder ajude no que esta pessoa, precisa!

DEMONSTRAR SOLIDARIEDADE É UM ATO DE PESSOAS EQUILIBRADAS EMOCIONALMENTE, VOCÊ É ASSIM?

Receba nosso fraternal abraço e o que pesquisamos para você nesta edição esperamos que sejam uteis as informações.

Nossa gratidão a todos os colaboradores e colaboradoras Elisabeth Mariano e Equipe JORNAL DA MULHER BRASILEIRA

AQUI FIZEMOS UMA PESQUISA, SAIBA MAIS, BOA LEITURA!

SIGNIFICADO DE SOLIDARIEDADE

“Solidariedade, ser solidário, é um movimento social centrado na defesa de interesses partilhados, que cultiva relações sociais e simpatias que geram um sentido de unidade em grupos de indivíduos ou classes sociais, em responsabilidade individual ou recíproca.[2] É "um sentimento de unidade baseado no respeito, apoio, igualdade, valores comuns, ações de acolhimento, diversidade, comunicação, culturas diferentes, etc.".[3]”

(Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Solidariedade_social#:~:text=Solidariedade%2C%20ser%20solid%C3%A1rio%2C%20%C3%A9%20um,em%20responsabilidade%20individual%20ou%20rec%C3%ADproca, data de acesso: 12/04/2021)

Para informações, críticas, sugestões, envio de notícias, para anunciar, contate-nos.


TV Jornal da Mulher Brasileira

Entrevista com a Jornalista e Coordenadora Técnica do Movimento Bandeirantes SP Amanda Herrera


Perfil da Jornalista e Coordenadora Técnica do Movimento Bandeirantes SP Amanda Herrera

Amanda Herrera

Amanda Herrera tem 43 anos e é formada em comunicação, no momento fazendo a segunda formação em psicologia e se especializando em orientação profissional para adolescentes.

Atua no movimento Bandeirante desde os 16 anos, já tendo coordenados crianças de todas as idades e voluntários. Participa do conselho diretor estadual de são Paulo desde 2019, onde é a coordenadora técnica responsável por comunicação e gestão de voluntários.

Contato:

Instagram: @movimentobandeirantesp

Facebook: Movimento Bandeirante SP

OBS.: Respeitamos a Liberdade de Expressão de todas as pessoas. As opiniões aqui expressas NÃO refletem as da TV JORNAL DA MULHER BRASILEIRA, sendo estas de total responsabilidade das pessoas aqui entrevistadas.

Rádio Jornal da Mulher Brasileira

Entrevista com o Estudante de Medicina Matheus Scobosa Pacheco de Mello

Nome
Foto: Arquivo Pessoal

Perfil do Estudante de Medicina Matheus Scobosa Pacheco de Mello

Matheus Scobosa Pacheco de Mello

Entrei no curso de medicina em Agosto de 2016, atualmente me encontro no 10° semestre (5º ano)

Na área acadêmica fui membro fundador da Liga de Medicina do Esporte e Exercício da Faculdade das Américas no ano de 2019, atuando como tesoureiro até o final do ano de 2020

Na Liga, buscávamos levar um olhar técnico aos alunos sobre a prática do esporte, abordando desde técnica esportiva até lesões

Fiz parte da Associação Atlética Académica Marcel de Souza - Faculdade das Américas desde 2017 atuando nos seguintes cargos:

Sempre buscando disseminar a prática esportiva e a socialização entre os alunos do curso de medicina

Tive o prazer de acompanhar mais do mundo da Ortopedia com a Dra Ana Paula Simões a partir de 2020 até os dias de hoje, tendo aulas e vivenciando procedimentos cirúrgicos, que foram de suma importância para a escolha de minha futura especialização

Contato:

Instagram: @matheuspacheco116

OBS.: Respeitamos a Liberdade de Expressão de todas as pessoas. As opiniões aqui expressas NÃO refletem as da RÁDIO JORNAL DA MULHER BRASILEIRA, sendo estas de total responsabilidade das pessoas aqui entrevistadas.

O que faz o Brasil ter a maior população de domésticas do mundo

Marina Wentzel

Da Basileia (Suíça) para a BBC Brasil

26 fevereiro 2018

Se organizasse um encontro de todos os seus trabalhadores domésticos, o Brasil reuniria uma população maior que a da Dinamarca, composta majoritariamente por mulheres negras, de acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT).

Segundo dados de 2017, o país emprega cerca de 7 milhões de pessoas no setor - o maior grupo no mundo. São três empregados para cada grupo de 100 habitantes - e a liderança brasileira nesse ranking só é contestada pela informalidade e falta de dados confiáveis de outros países.

Com um perfil predominante feminino, afrodescendente e de baixa escolaridade, o trabalho doméstico é alimentado pela desigualdade e pela dinâmica social criada principalmente após a abolição da escravatura no Brasil, afirmam especialistas.

Um estudo feito em parceria entre o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), ligado ao Ministério do Planejamento, e a ONU Mulheres, braço das Nações Unidas que promove a igualdade entre os sexos, compilou dados históricos do setor de 1995 a 2015 e construiu um retrato evolutivo das noções de raça e gênero associadas ao trabalho doméstico.

Os resultados demonstram a predominância das mulheres negras ao longo do tempo.

Em 1995, havia 5,3 milhões de trabalhadores domésticos no Brasil. Desses, 4,7 milhões eram mulheres, sendo 2,6 milhões de negras e pardas e 2,1 milhões de brancas. A escolaridade média das brancas era de 4,2 anos de estudo, enquanto que das afrodescendentes era de 3,8 anos.

Vinte anos depois, em 2015, a população geral desses profissionais cresceu, chegando a 6,2 milhões, sendo 5,7 milhões de mulheres. Dessas, 3,7 milhões eram negras e pardas e 2 milhões eram brancas. O nível escolar das brancas evoluiu para 6,9 anos de estudo, enquanto que, no caso das afrodescendentes, chegou a 6,6 anos.

"Ainda hoje o trabalho doméstico é uma das principais ocupações entre as mulheres, que são a maioria no setor em todo o mundo, cerca de 80%. No Brasil, permanece sendo a principal fonte de emprego entre as mulheres", diz Claire Hobden, especialista em Trabalhadores Vulneráveis da OIT.

Em 2017, o trabalho doméstico respondeu por 6,8% dos empregos no país e por 14,6% dos empregos formais das mulheres. No começo da década, esse tipo de serviço abarcava um quarto das trabalhadoras assalariadas.

Legado da escravidão

O professor e pesquisador americano David Evan Harris é um dos especialistas que defendem que o cenário do trabalho doméstico no Brasil atual é herança do período escravagista.

"O Brasil foi um dos últimos países do mundo a acabar com a escravidão. Se olharmos para quem são as empregadas, veremos que elas tendem a ser pessoas de cor", diz o acadêmico, formado pela Universidade da Califórnia em Berkeley, nos EUA, e mestre pela USP.

"Analisando cidades como Rio e São Paulo, percebe-se que as domésticas muitas vezes são pessoas que migraram do Norte e Nordeste para o Sul e Sudeste. E, como se sabe, o Nordeste é para onde boa parte das populações de escravos foi originalmente trazida. Há uma situação de dinâmica geográfica, histórica e social que continua até hoje."

Segundo a historiadora e escritora Marília Bueno de Araújo Ariza, mesmo após a abolição, em 1888, mulheres e homens negros continuaram sendo servos ou escravos informais, o que também deixou seu legado no mercado de trabalho.

As domésticas de hoje são majoritariamente afrodescendentes porque "justamente eram essas pessoas que ocupavam os postos de trabalho mais aviltados na saída da escravidão e na entrada da liberdade no pós-abolição", afirmou ela à BBC Brasil.

A ideia de ter um servo na família era muito comum, mesmo entre quem não era rico e vivia nas regiões semiurbanas do século 19, segundo Ariza.

"A escravidão brasileira foi diversa, mas foi sobretudo uma escravidão de pequena posse. No Brasil, todo mundo tinha escravos. Quando as pessoas tinham dinheiro, elas compravam escravos com muita frequência."

Em São Paulo, por exemplo, muitas famílias - mesmo as relativamente pobres, muitas delas chefiadas por mulheres brancas - "tinham uma ou duas escravas domésticas para realizar afazeres na casa ou na rua".

'Racismo estrutural'

Ariza acredita que o Brasil do século 21 herdou do passado colonial, imperial e escravista uma "profunda desigualdade na sociedade que não foi resolvida" e "um racismo estrutural".

"Essas duas coisas combinadas nos levam a um quadro contemporâneo que usa racionalmente o trabalho doméstico porque ele é mal remunerado e, até recentemente, não tinha quaisquer direitos reconhecidos", resume.

A ratificação pelo Brasil da Convenção Internacional sobre Trabalho Doméstico (convenção 189 da OIT) ocorreu neste mês de fevereiro e foi considerada um avanço na proteção dos direitos desses trabalhadores.

O compromisso vem no lastro da adoção da emenda constitucional 72 de abril de 2013, conhecida como a "PEC das Domésticas", e da lei complementar 150 de 2015, iniciativas para coibir a exploração, dar mais amparo e formalização ao emprego.

"Apesar dos esforços dos governos recentes em trazer essas empregadas para a formalidade, o que se vê hoje é o aumento da informalidade", pondera o professor e doutor em História pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Carlos Eduardo Coutinho da Costa.

Na sua visão, que as relações sociais do trabalho doméstico não têm necessariamente vínculo com a escravidão em si, mas, sim, com a dinâmica racial que se estabeleceu após a alforria, a partir de 1888.

"Era muito comum tanto no pós-abolição imediato, quanto ainda nos dias de hoje, as pessoas dizerem (a negros e pobres): 'ponha-se no seu lugar'. Mas que lugar é esse ao qual os pobres pertencem?", indaga.

"Quando acabou a escravidão, todas aquelas relações de dominação caíram por terra. Foi um período muito próximo do fim da monarquia também, então todas as relações se modificaram e ficaram pairando no ar. Foi necessário criar uma ordem para manter a hierarquia, e a solução encontrada foi a racialização das relações."

Para isso, diz ele, foram criados mecanismos na sociedade brasileira "para impedir que certo grupo ascendesse socialmente, porque havia o desejo de construir no Brasil essa relação de classe".

Já que o trabalho formal é um meio de ascensão, as oportunidades nesse âmbito foram administradas por um viés racial, no qual negros foram encaminhados aos postos inferiores, mais precarizados, para que não evoluíssem economicamente, diz Coutinho da Costa.

"Se você pegar os anúncios de vagas daquela época vai perceber que a maior parte especificava a cor da pessoa. Eram empregos normalmente de subalternidade, de trabalho de faxineira, copeira, cozinheira, e pedia-se literalmente assim: procura-se mucama da cor preta para trabalhar em afazeres domésticos", exemplifica.

"Isso foi se perpetuando na história. Se pararmos pra pensar, até a década de 60 ainda se buscavam pessoas pela cor. Quando isso cai em desuso porque pega mal, abandona-se a terminologia cor e passa-se a usar a expressão 'boa aparência', mas o efeito é o mesmo: impedir que um certo grupo tenha acesso ao emprego formal."

Desigualdade

Em sua tese de mestrado na USP, o pesquisador americano David Evan Harris comparou a relação da sociedade com os trabalhadores domésticos no Brasil e nos Estados Unidos. Para ele, em ambos os países os empregados são explorados, apesar das diferenças culturais.

No Brasil, diz Harris, predomina o discurso da proximidade afetiva, na qual a empregada é tratada "praticamente como se fosse alguém da família". Já nos EUA, elas costumam ser terceirizadas e recrutadas via empresas de serviços de limpeza. Essa profissionalização daria o distanciamento necessário para que a "culpa" e o "constrangimento moral" das famílias americanas por causa da desigualdade social fossem mitigados.

"Se formos observar os diferentes países ao redor do mundo e quantos serviçais eles têm, ou quão predominante a ocupação doméstica é, veremos, grosso modo, que o número de empregadas por porcentagem da população corresponde ao nível de desigualdade daquele país", afirma Evans.

"Há dois fatores majoritários que são muito importantes para avaliar se um país vai ter uma grande população de serviçais. Primeiro, desigualdade e, segundo, acesso a educação de qualidade pública, para que as pessoas consigam alcançar oportunidades que vão além do trabalho doméstico."

De acordo com a OIT, os Estados Unidos têm 667 mil empregados domésticos, cerca de um décimo do Brasil. Lá, porém, o setor também tem nichos de informalidade, e imigrantes não documentados ficam de fora das estatísticas.

Oficialmente, a segunda nação com maior número de trabalhadores domésticos no mundo é a Índia, com 4,2 milhões de pessoas. A OIT admite, entretanto, que muitos empregados não estão registrados e, considerando-se o tamanho da população, o total verdadeiro poderia chegar a dezenas de milhões, ultrapassando o Brasil.

As cinco maiores concentrações de trabalhadores domésticos ocorrem em nações com marcante contraste social. No ranking da OIT, após o Brasil e a Índia vem a Indonésia (2,4 milhões), seguida pelas Filipinas (1,9 milhão), pelo México (1,8 milhão) e pela África do Sul (1,1 milhão). É importante ressaltar que a China não fornece estatísticas confiáveis sobre o assunto.

Todos esses países que figuram entre os maiores empregadores de serviço doméstico são nações com coeficientes de desigualdade que variam entre médio e alto, segundo o ranking de desenvolvimento humano organizado pelo Programa das Nações Unidas pelo Desenvolvimento (UNDP).

A OIT não chega a afirmar que haja uma dinâmica de causa e consequência, mas reconhece que ambos os aspectos - alta incidência de trabalho doméstico e desigualdade social - estão de alguma forma relacionados.

(Fonte: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-43120953, data de acesso: 12/04/2021)

27 de Abril: Dia Nacional da Empregada Doméstica

Comemoração homenageia Santa Zita, padroeira da categoria.

Apenas as regiões de São Paulo assistidas pelo sindicato SEDCAR têm feriado estabelecido por acordo coletivo

Lei das domésticas - Os direitos e as garantias vigentes para os empregados domésticos

Entre os direitos e as garantias vigentes para os empregados domésticos estão a garantia da irredutibilidade salarial, o direito ao repouso semanal remunerado e a proibição da diferença salarial

Muito foi discutido sobre os direitos dos empregados domésticos, até que a Emenda Constitucional n.º 72, de 2013 fosse aprovada, e, com isso, houvesse sua posterior publicação e vigência.

Até então, os novos direitos desta classe trabalhadora estavam em caráter de adaptação, podendo, inclusive, sofrer algumas alterações.

Durante todo este percurso, surgiram dúvidas por parte dos empregadores domésticos e dos empregados domésticos, aumentando a polêmica sobre o assunto.

Na primeira quinzena de março de 2015, após a aprovação do texto principal que define os direitos e deveres dos trabalhadores domésticos, duas propostas que amenizavam os encargos dos empregadores foram vetadas. Uma defendia a redução da contribuição ao INSS de 12% para 8% e outra consentia a dedução da base do cálculo do Imposto de Renda de até 20% do total dos gastos com salários e encargos trabalhistas no decorrer do ano.

Enfim, alguns aspectos importantes da Emenda nº 72 já entraram em vigor, mas ainda há muito a ser discutido, para que outras mudanças sejam aprovadas.

OBJETIVOS

Visando à igualdade de direitos trabalhistas entre os trabalhadores domésticos e os demais trabalhadores urbanos e rurais, a partir de 2 de abril de 2014,

os direitos e as garantias vigentes para os empregados domésticos passaram a ser obrigatoriamente os seguintes:

Ainda está tramitando na Câmara dos Deputados a aprovação da norma que garante a proteção da empregada doméstica contra despedida arbitrária ou sem justa causa.

Já os direitos e garantias que ainda estão tramitando na Câmara dos Deputados e no Senado Federal para que possam, finalmente, entrar em vigor são:

Observações a serem feitas:

São considerados trabalhadores domésticos, os faxineiros, as babás, os cozinheiros, os motoristas e os cuidadores de idosos.

Para controlar a jornada de 8 horas diárias ou 44 horas semanais, o empregador deverá possuir um livro de controle de ponto, assinado por ele e pelo empregado doméstico, contendo os dias da semana trabalhados, a hora de chegada e saída do empregado, bem como o horário de descanso.

Para calcular o valor da hora trabalhada, é necessário dividir o salário do doméstico pelas 220 horas mensais. Caso o empregado trabalhe aos domingos, o valor da hora trabalhada é 100% maior.

Quanto à hora extra devida ao empregado que dorme no trabalho, esta ainda está sendo avaliada pelo Congresso.

Por Andréa Oliveira.

Fontes: Ministério do Trabalho e Emprego – MTE, ESOCIAL e O Estado de São Paulo.

Aprenda sobre a profissão de empregada doméstica, acessando o Curso Treinamento de Empregada Doméstica, elaborado pelo CPT – Centro de Produções Técnicas.

Confira o Artigo 7º da Constituição Federal, que dispõe sobre os direitos e as garantias vigentes, bem como os que ainda entrarão em vigor, após a aprovação da Câmara dos Deputados e do Senado Federal.

Leia também o artigo Novos direitos da empregada doméstica – Emenda Constitucional 72/2013 (PEC 66/2012).

(Fonte: https://www.cpt.com.br/noticias/lei-da-domestica-os-direitos-e-as-garantias-vigentes-para-os-empregados-domesticos, data de acesso: 12/04/2021)

Parteiras renascem com mais segurança e técnicas tradicionais

Profissão ainda precisa de auxílio financeiro e regulamentação

Publicado em 20/01/2020 - 06:05 Por Heloisa Cristaldo - Repórter da Agência Brasil - Brasília

Os sonhos frequentes com nascimento de bebês conduziram Naoli Vinaver, de 54 anos, para os caminhos da chamada parteria tradicional. A profissão milenar comemorada nesta segunda-feira (20) tem atraído o interesse de mulheres em todo o país. 

Embora seja a única alternativa em diversos municípios, o parto normal e domiciliar auxiliado por parteiras ainda é cercado de mitos e desinformação. Para reverter esse cenário, mulheres que atuam na área buscam regulamentação e visibilidade para se consolidar como alternativa segura e natural.

A parteira Naoli cresceu na área rural de San Andres Tlalnelhuayocan, estado de Veracruz, no México, e alia o conhecimento biomédico às práticas tradicionais, como aplicação de massagens para aliviar as dores do parto e o uso de chás com plantas medicinais. Desde 2011 ela faz atendimentos em Florianópolis, capital de Santa Catarina. Ao longo de 40 anos de atividade, mais de 1,6 mil crianças já nasceram por meio de suas mãos.

“Durante três meses fiquei sonhando com partos e todos eles eram mulheres parindo, os bebês nascendo e eu ajudando. Os partos vinham com muitos detalhes, como se eu estivesse assistindo uma televisão e eu tinha que ajudar a essa mãe e esse bebê a um nascimento bem-sucedido. Depois dos sonhos, eu tinha que correr para biblioteca e começar a ler para entender o que eu tinha sonhado em um nível de fisiologia, anatomia, compreensão dos processos dos partos”, conta.

Segundo Naoli, nos casos em que atua, a taxa de transferência de mães e bebês para o hospital está abaixo de 2% – semelhante ao registrado pelas parteiras japonesas, consideradas referência no assunto. “Não conto com nenhuma morte materna, nenhuma morte de recém-nascido que não fosse por malformação incompatível com a vida, nenhum bebê morreu na minha mão. Eu me considero bem vinculada com a energia vital, de atrair a vida, de cuidar da vida”, diz.

Em geral, a gestante que opta pelo parto domiciliar com parteiras também faz o acompanhamento com a profissional. Segundo Naoli, o pré-natal inclui toda avaliação padrão, como acompanhamento de pressão sanguínea da mãe, crescimento do bebê, altura uterina, auscultação dos batimentos cardíacos do bebê. Há casos em que a gestante mantém as consultas regulares com médico obstetra.

As consultas com as parteiras, em sua maioria, são realizadas no local onde a gestante fará o parto, se estendem ao período após o nascimento do bebê e incluem o auxílio para amamentação. Quando é identificado risco para mãe ou bebê, o parto domiciliar pode ser descartado.

“É importante que a mulher entenda que biologicamente foi feita numa perfeição para engravidar, parir e maternar. Então, ela tem que reconectar, limpar preconceitos e medos culturais de que ela não é capaz, de que ela não é completa, de que o parto é perigoso. Isso é importantíssimo. A segurança vem do conhecimento, da informação e da conexão dela com o próprio bebê, com os processos do próprio corpo”, destaca.

Para Clarice Andreozzi, de 44 anos, ser parteira tradicional foi um chamado divino, uma missão espiritual. Há 22 anos ela atua na área e já trouxe ao mundo 262 bebês. A decisão, segundo ela, ocorreu após sofrer violência obstétrica em sua primeira gestação. “A minha experiência de maternidade e pós-parto me colocou no apoio às mulheres. Por toda a violência que eu sofri durante o parto, no trabalho de parto. Uma gestação com pouca informação e um parto de muito desamparo e muita dificuldade me fez com que eu tivesse o desejo de acolher, pelo menos, as mulheres que estavam próximas a mim para que elas não sofressem como eu sofri”, conta.

Formada em biologia, a parteira associa conhecimentos técnicos e a espiritualidade para aliviar dores e facilitar a chegada de crianças ao mundo. “Uso muitas ervas durante os partos, banhos de assento e trabalho muito com a esfera da fé, o que a parteria tradicional acrescenta, que são os usos das ervas, das orações. Alio essa parte da parteria tradicional com o conhecimento da técnica para garantir que o trabalho de parto está desenvolvendo bem”, descreve. “Não tem nada mais gratificante, não tem preço e nem como valorar a grande dádiva de ver bebê chegando de uma maneira harmônica. Cada bebê que eu tenho prazer de receber em minhas mãos é uma benção”, acrescenta.

Segundo Clarice, a mulher que opta pelo parto natural tem que buscar informações. “É necessário ter muita consciência do seu corpo, um pré-natal muito bem feito, alimentação boa, estar consciente”, esclarece.

No Distrito Federal, o acompanhamento por uma parteira tradicional varia de R$ 5 mil a R$ 10 mil. O valor é negociado conforme as condições financeiras das gestantes e inclui tanto o período pré-natal, quanto parto e o atendimento após o nascimento do bebê. O trabalho também pode ser remunerado por meio de trocas – tanto de serviços como bens.

Cenário

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 140 milhões de nascimentos acontecem todos os anos, a maioria sem complicações para mulheres e bebês. A organização considera como “razoável” o índice de 15% dos nascimentos por meio de cesárias. No Brasil, 55,6% do total de partos realizados anualmente são cirúrgicos.

Para reverter esse cenário, a Agência Nacional de Saúde (ANS) realiza uma campanha voltada para gestantes e profissionais de saúde sobre os riscos da realização de cesáreas desnecessárias. Um dos objetivos da campanha é reduzir as altas taxas de cesarianas no país e também melhorar a experiência da maternidade para mães e bebês.

A aprendiz de parteira Mariana Almeida, de 33 anos, atua há seis anos na área para assegurar que mulheres possam escolher o parto domiciliar de forma segura e evitar aumentar as estatísticas brasileiras de partos por cesárias de forma desnecessária. Com apoio de ferramentas da medicina chinesa, como acupuntura, ervas e oráculos, Mariana afirma que “auxilia na comunicação do ventre e coração”.

“O parto não se resume apenas ao momento do nascimento, é necessária uma rede de apoio e atenção à mãe e bebê nas primeiras semanas, que são fundamentais para o desenvolvimento humano. Parto é um evento em comunidade, muitas funções estão envolvidas e ocupo hoje lugares orgânicos de acordo com a necessidade de cada família”, afirma.

Segundo Mariana, é preciso assegurar que o parto domiciliar seja realizado em segurança. “[É gratificante] ver o quão revolucionário é para a vida da mulher e para o desenvolvimento de seu bebê passar por uma gestação, parto e pós-parto, de forma respeitosa, com informação de qualidade, baseada na vida e não na doença, com seus direitos preservados, com autonomia sobre seu corpo e seu bebê. É ver a sabedoria que nos antecede tomando seu lugar de volta”, ressalta.

Possibilidade de escolhas

Segundo a ANS, o parto normal favorece o vínculo do bebê com a mãe, fortalece o sistema imunológico e melhora o ritmo cardíaco e o fluxo sanguíneo do bebê, além de favorecer o aleitamento e promover uma recuperação pós-parto mais rápida e menos dolorosa para a mãe.

A musicista e professora Valéria Lehmann Cavalcanti, de 35 anos, espera seu sexto filho e, pela sexta vez, deve realizar o parto em casa. Com gestações de baixo risco, quatro dos seus filhos vieram ao mundo com a ajuda de uma parteira tradicional.

“Às vezes, as pessoas acham que é falta de conhecimento [a escolha pelo parto normal], pelo contrário. Depois de estudar muito sobre o assunto, decidi por isso. Vi que era o mais adequado, o mais correto para a minha situação, porque não era uma gravidez de risco. Avaliando todas as evidências e pesquisas médicas, vi que é melhor do que ir para um hospital”, conta.

De acordo com a OMS, geralmente, um primeiro trabalho de parto não se estende além de 12 horas. Trabalhos subsequentes geralmente não se estendem além de 10 horas.

“O meu primeiro [trabalho de parto] foi o que mais demorou. Foram oito horas de trabalho de parto e aí depois só foi diminuindo o número de horas nas outras gestações. Achei muito bom poder estar livre em casa, na posição que eu quisesse, com meu marido, em um ambiente totalmente confortável para mim. [Um dos meus filhos] nasceu no chuveiro. Cada filho nasceu em um canto da casa”, lembra. “A melhor experiência que tive foi em uma piscina comprada especificamente para o parto. A água alivia muito a dor. O quarto filho foi tão rápido que não deu nem tempo de entrar na piscina”, completa.

Assim como Valéria, a psicóloga Marília Tomé, de 33 anos, também optou pelo parto natural e teve seu filho, o pequeno Tito, de 5 meses, em uma casa de parto particular, em Brasília. A casa tem estrutura hospitalar com o acompanhamento de obstetras e doulas.

“Não queria nenhuma intervenção médica desnecessária no meu corpo ou no corpo do meu bebê, entendendo que o parto natural é um evento biológico natural da mulher, quando não há nenhum problema de saúde com a mulher ou com o bebê, pode acontecer sem nenhuma intervenção medicamentosa ou hospitalar”, explica. “Em um hospital, existe um protocolo de intervenções onde algumas são desnecessárias e agressivas para o bebê, e a mãe tem pouca participação nessas decisões, muitas vezes até sobre as posições mais confortáveis para parir e aliviar as contrações”, completa.

Regulamentação da profissão

Atualmente, tramita na Câmara dos Deputados um projeto de lei (PL) que regulamenta a profissão das parteiras tradicionais. De autoria do deputado Camilo Capiberibe (PSB-AP), a proposta prevê qualificação básica de parteira tradicional, pelo Ministério da Saúde ou por secretarias estaduais de Saúde, além do pagamento de um salário mínimo.

O PL 912/19 estabelece ainda que o Sistema Único de Saúde (SUS) fornecerá às parteiras tradicionais todos os equipamentos, os instrumentos cirúrgicos e os materiais de consumo necessários à adequada prestação dos serviços. Além disso, determina que a parteira deverá encaminhar a gestante ou a parturiente para avaliação médica quando for constatada gestação ou parto considerado de alto risco.

“Utilizando-se de suas mãos, de uma bacia com água e de uma tesoura ou material cortante, fazem o parto de acordo com as condições encontradas no local: à luz de vela, de lamparina ou, até mesmo, de fogueira. Dirigem-se à casa da grávida a pé, a cavalo, de bicicleta, da forma que for possível. E se não fosse pela atuação dessas mulheres resolutas, não temos dúvidas de que a mortalidade materna e perinatal apresentaria números muito maiores”, avalia o autor da proposta, deputado Camilo Capiberibe.

Segundo o parlamentar, estima-se que existam mais de 60 mil parteiras em atuação no Brasil, sendo 45 mil nas regiões Norte e Nordeste. No Estado da Bahia, conforme cálculo da Rede Nacional de Parteiras Tradicionais, haveria entre 7 mil e 8 mil. No Pará, 6 mil, no Tocantins, em Mato Grosso e em Minas Gerais, mais de 5 mil. Elas são responsáveis pela realização de 450 mil partos todos os anos.

“Mesmo diante da expressividade dos números apresentados, verificamos que as parteiras ainda trabalham em condições muito aquém das desejadas. Isso deve-se, em grande parte, ao preconceito com que a categoria é vista, sendo evidente a resistência que determinadas corporações profissionais oferecem à disseminação do parto humanizado”, argumenta Capiberibe.

Data

O Dia da Parteira Tradicional foi incluído no calendário nacional em 2015. A data tem como base a comemoração celebrada no estado do Amapá, que já homenageava a categoria em 20 de janeiro. A data é o aniversário da parteira tradicional mais antiga de Macapá, Juliana Magave de Souza. Nascida em 1908, ela teria realizado cerca de 400 partos.

Atualmente, o Ministério da Saúde define como parteira tradicional a profissional que presta assistência ao parto domiciliar baseada em práticas tradicionais e é reconhecida pela comunidade como parteira.

Segundo a pasta, o Programa Trabalhando com Parteiras Tradicionais recolocou a melhoria do parto e nascimento domiciliar assistidos por parteiras tradicionais na pauta de discussão com estados e municípios, como uma responsabilidade do SUS e uma atribuição da Atenção Primária à Saúde.

Essas profissionais não são remuneradas pelo governo federal. A pasta informou que, em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), realiza capacitação de parteiras tradicionais no estado do Amazonas, região onde a prática é bastante estabelecida. Até o momento, 416 parteiras tradicionais foram capacitadas.

Edição: Bruna Saniele e Juliana Andrade

(Fonte: https://agenciabrasil.ebc.com.br/saude/noticia/2020-01/parteiras-renascem-com-mais-seguranca-e-tecnicas-tradicionais, data de acesso: 12/04/2021)

4 sinais de que você está em trabalho de parto

Drª. Sheila Sedicias

Ginecologista

Outubro 2020

As contrações ritmadas são o sinal mais importante de que o trabalho realmente começou, enquanto o rompimento da bolsa, a perda do rolhão mucoso e a dilatação do colo do útero são sinais de que a gravidez está chegando ao fim, indicando que o trabalho de parto pode começar dentro de algumas horas.

No caso do primeiro filho, o tempo de trabalho de parto pode variar entre 12 a 24 horas, mas este tempo tem tendência a diminuir a cada gravidez.

O parto prematuro pode surgir à partir das 20 semanas de gestação, mas o ideal é que comece após as 37 semanas. O mais comum é que os sintomas surjam pouco a pouco, com cólicas que vão se tornando mais intensas e dolorosas.

4 SINAIS DE QUE O TRABALHO DE PARTO COMEÇOU

Os 4 principais sinais que indicam que o trabalho de parto está começando são:

1. Contrações ritmadas

Contrações são relativamente frequentes ao longo da gravidez, especialmente no último trimestre, já que o corpo começa a preparar os músculos para o momento do parto.

No entanto, nas horas antes do parto, essas contrações começam a ser mais frequentes, mais fortes e a surgir com menor espaçamento entre elas, tornando-se mais ritmadas. Geralmente é indicado ir para o hospital quando as contrações duram por cerca de 60 segundos e aparecem a cada 5 minutos.

2. Perda do rolhão mucoso

Normalmente, quando o trabalho de parto inicia existe perda deste rolhão mucoso, que pode ser identificado quando a grávida vai no banheiro e, ao limpar-se, observa a presença de uma secreção gelatinosa rosada ou ligeiramente marrom. Junto com o rolhão, poderá ainda haver um ligeiro sangramento. Caso a perda de sangue seja mais intensa é importante ir rapidamente ao hospital ou entrar em contato com o obstetra.

O rolhão mucoso é uma secreção que fecha a entrada do útero para proteger o bebê durante a gestação, impedindo a entrada de micro-organismos e prevenindo infecções.

3. Rompimento da bolsa das águas

O rompimento da bolsa das águas também tende a acontecer no início do trabalho de parto e, normalmente, provoca a saída de um líquido semelhante a urina, porém mais claro e turvo, que pode conter alguns traços esbranquiçados.

Ao contrário da vontade para urinar, no caso do rompimento da bolsa das água, a mulher não consegue interromper a perda do líquido.

4. Dilatação do colo do útero

Outro indicador de que o bebê está pero de nascer é a dilatação do colo do útero, que aumenta à medida que o trabalho de parto se desenvolve, mas que só pode ser observado no hospital pelo obstetra ou pela parteira através do exame de "toque".

É preciso uma dilatação de 10 centímetros do colo uterino para permitir a passagem do bebê, e esse é o período mais demorado do trabalho de parto.

Estou em trabalho de parto! E agora?

Ao identificar que se está em trabalho de parto é importante levar em consideração o tipo de parto que se deseja:

1.    Cesárea

Quando a grávida deseja fazer uma cesárea deve informar o obstetra dos sintomas que está sentindo enquanto se desloca para o hospital.

Na maior parte dos casos de cesárea, a cirurgia já está agendada para alguns dias antes da data provável do parto e, por isso, a mulher pode não apresentar qualquer sinal de trabalho de parto.

2. Parto normal

Quando a grávida deseja um parto normal e descobre que entrou em trabalho de parto, deverá ficar calma e ver no relógio de quanto em quanto tempo aparecem as contrações. Isto porque o trabalho de parto é demorado e não existe necessidade de ir imediatamente para o hospital logo após os primeiros sinais, especialmente se as contrações não forem ritmadas e mais frequentes.

No início do trabalho de parto a grávida pode continuar fazendo suas atividades diárias, especialmente quando é o nascimento do primeiro filho, porque neste caso o trabalho de parto leva em média 24 horas.

3. Quando ir para o hospital

Deve-se ir para o hospital quando as contrações ficam muito fortes e vêm a cada 5 minutos, no entanto é importante ter em conta o trânsito e a distância para o hospital, podendo ser necessário se preparar para sair enquanto as contrações estiverem a cada 10 minutos.

Durante o trabalho de parto a dor deverá ir aumentando aos poucos, mas quanto mais calma e relaxada a mulher estiver, melhor será o processo de parto. Não há necessidade de ir para o hospital logo após a primeira contração porque o trabalho de parto ocorre em 3 fases, que incluem a dilatação, que é a fase mais demorada, fase ativa, que é o nascimento do bebê e a fase da saída da placenta.

Bibliografia

(Fonte: https://www.tuasaude.com/sinais-do-trabalho-de-parto/, data de acesso: 12/04/2021), data de acesso: 12/04/2021)