Quando bebês até a primeira infância os cuidados são intensivos, em relação a saúde, e, ao se aproximarem de 4 a 5 anos, já estarão junto com seus primos e primas, crianças de vizinhos próximos reunindo-se em grupinhos, numa alegria de “criançada”!
Por fim, o tempo passa tão rápido, já trocaram quase todos os dentinhos, já sabem se vestir e se calçar, já sabem brincar em grupinhos, e, aprenderam rápido algumas palavras, sabem ler e escrever... cantam músicas, e, sabem decifrar alguns “jogos infantis”, dançam, e, até contam as histórias que ouviram, ou os fatos que assistiram.
As festinhas de aniversários aumentam com a presença de mais amiguinhos e amiguinhas, também já tem mais compromissos em cuidar de si e de seus pertences.
Cantam, dançam, contam o que viram e ouviram... e, há a novidade da escola, aprender!!! Querem saber ler, escrever, contar, e cantar, dança, participar de jogos etc.
A casa está com mais crianças e as mães se revezam, umas os levarão para dentista, outras para serviços médicos, outras para salões de beleza, outras ficam alertas - como cresceram – até os sapatos e as roupas precisam serem números maiores...
Sabem ler, contar, cantar, escrever, tem planos e, uns querem praticar esportes etc.
Enfim... já querem participar em excursões, e, adolescentes – em estágios de trabalho!
As mães, vizinhas e parentes, dizem alegres entre si, como cresceram, como evoluíram... o tempo passou..., mas, e, quando o tempo está em meio a uma pandemia!!!
Como fazer com a família, onde todas precisam trabalhar para ajudar no sustento da casa, e, tudo ficou em suspenso, era questão de vida ou morte, “ou a pobreza e a incerteza”! Sem dúvida, o inesperado trouxe muitas perdas, dores e, “recomeços”!
As crianças e adolescentes perderam muito, principalmente, se estão em áreas de periferias, mais pobres ficaram se acessos a Internet e a um computador sequer para toda a família, que muitas vezes se revezou em torno de um único celular.
Muitas dores e internações e mortes, a angústia e a tristeza se somou maioria das vezes.
O despreparo de governantes e lideranças, falta de políticas públicas, e, de solidariedade, até dos que se exibem como mais ricos ainda, com acúmulo de maior fortuna, insanos e abusivos se defrontam contra as leis e infernizam impedindo a paz e a harmonia das pessoas. Orgulham-se de quê? Onde está o amor à Pátria e ao Povo?
Ou seja, aumentou o número de falsas lideranças, e, algozes capitalistas desumanos.
A seguir trazemos um panorama pesquisado em mídia nacional, mais recente, sobre a condição atual das crianças, dos/as adolescentes e dos/as jovens de nosso BRASIL.
Esperamos em novas eleições, que se elejam homens/mulheres principalmente com bons valores morais para elevar a honra do Brasil, e com planos humanitários.
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Prof. Rubens Pedro Cabral
Foi coordenador da CRB – Conferência dos Religiosos do Brasil – Regional São Paulo
Missionário Oblato de Maria Imaculada da Província do Brasil, nascido em São Carlos-SP a 30/06/1953, vive em São Paulo a 42 anos.
Se formou em Filosofia pela Faculdade Nossa Senhora Medianeira, Teologia pela Faculdade Nossa Senhora da Assunção, Psicologia pela UNISA – Universidade Santo Amaro – e fez Especialização em Atendimento a Pessoas Especiais pela USP.
Foi Pároco nas periferias de São Paulo durante 27 anos, atuou como Psicólogo por 25 anos, Professor Universitário na UNISA durante 15 anos.
Foi Provincial dos Oblatos de Maria Imaculada e atualmente é o Coordenador da Conferência dos Religiosos do Brasil – Regional São Paulo.
E-mail: rubens.omi1@gmail.com
OBS.: Respeitamos a Liberdade de Expressão de todas as pessoas. As opiniões aqui expressas NÃO refletem as da TV JORNAL DA MULHER BRASILEIRA, sendo estas de total responsabilidade das pessoas aqui entrevistadas.Prof.ª Dr.ª Maria Dolores Fortes Alves
E-mails: mdfortes@gmail.com
OBS.: Respeitamos a Liberdade de Expressão de todas as pessoas. As opiniões aqui expressas NÃO refletem as da RÁDIO EMBELEZAR, sendo estas de total responsabilidade das pessoas aqui entrevistadas.O número de crianças e adolescentes que estão vivendo nas ruas da capital paulista mais do que dobrou em 15
De acordo com Censo de Crianças e Adolescentes em Situação de Rua, realizado pela prefeitura de São Paulo em maio, o total de 1.842 pessoas de zero a 17 anos, registrado no censo anterior, de 2007, saltou para 3.759 meninos e meninas vivendo debaixo de viadutos, marquises e sobre as calçadas da cidade mais rica do país.
A pesquisa considera o conceito do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda) para crianças e adolescentes em situação de rua. Nesse caso, menores de 18 anos com direitos violados que utilizam logradouros públicos e áreas degradadas como espaço de moradia ou sobrevivência, de forma permanente ou intermitente, em situação de vulnerabilidade ou risco pessoal e social.
Os dados levantados mostram ainda que a maior parte desse grupo, 73,1% do total, ou 2.749 crianças e adolescentes, utiliza as ruas como forma de sobrevivência, pedindo esmolas, ainda que por um breve período do dia. Segundo o censo, 16,2% – 609 – estão nos Serviços de Acolhimento Institucional para Crianças e Adolescentes (Saica) e em Centros de Acolhida Especial para Famílias. Mas 10,7% – 401 – pernoitam nas ruas.
Infância abandonada
Apesar de expressiva, a quantidade de crianças e adolescentes vivendo nas ruas da capital paulista pode ser ainda maior, na avaliação do advogado Ariel de Castro Alves, membro do Instituto Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente e ex-conselheiro do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda) em entrevista a Marilu Cabañas, do Jornal Brasil Atual.
De acordo com o especialista, essa “tragédia social”, em suas palavras, é também um retrato de outras grandes cidades diante do aumento da fome e do desmonte de políticas públicas.
No último censo nacional sobre essa população, em 2011, pelo menos 24 mil crianças e adolescentes estavam em situação de rua pelo Brasil. O dado nunca mais foi atualizado, desde então. Mas a tendência é que ele tenha triplicado, segundo Ariel. “De fato o número pode ser maior”, adverte.
“Porque muitas dessas crianças e adolescentes quando chegam pessoas do poder público, mesmo fazendo pesquisa, elas acabam não se apresentando e se identificando, entrando nos chamados mocós, se escondem. E existe também uma mobilidade muito grande delas, o que dificulta a contagem para termos a realidade de fato”.
“Então o número pode ser ainda maior, apesar de já ser um número expressivo e inaceitável. (…) E claro, o aumento da fome, hoje 18 milhões de crianças e adolescentes passam fome no Brasil, mais de 100 milhões estão em insegurança alimentar, e todo o descaso dos governos com a área social, tanto no âmbito da prefeitura de São Paulo, quanto do Estado e do governo federal, os cortes de recursos públicos nessas áreas, tudo agravou a situação. (…) Mas uma sociedade minimamente civilizada não pode continuar convivendo com essa enorme quantidade de crianças e adolescentes abandonados”, contesta o advogado.
Perfil das crianças e adolescentes
O censo mostra ainda que a faixa de 12 a 17 anos é a que concentra o maior número, com 1.585 jovens, ou 42% nas ruas de São Paulo. Ela é seguida pelas crianças com até 6 anos, 1.151 – 30,6% – que passam a primeira infância sem um teto. Outras 1.010 – 27,1% – têm de 7 a 11 anos. Seis delas – 0,2% – não quiseram informar a idade.
Ainda segundo o levantamento, a maioria dessas crianças e adolescentes são negras: 43%, ou 1.615 se autodeclararam de cor parda. E 28.,6%, um total de 1.074, de cor preta. E 21,6% se declararam brancas (811).
Outras 34 se declararam indígenas, 0,9%; 20 amarelas (0,5%), e uma, morena. Ao todo, 166 não souberam ou não quiseram declarar. A maioria delas também são sexo masculino, 2.227, ou 59,2%. E 1.453 do sexo feminino, 38,7% do total. Outras 79 crianças e adolescentes, 2,1%, não souberam ou não quiseram informar.
A pesquisa também indica que um número maior de crianças e adolescentes em situação de rua se concentra na região central, entre a República (309), Sé (202) e Santa Cecília (196). Mas o estudo também confirmou um aumento dessa população na periferia da cidade, principalmente na zona leste.
No distrito de Cidade Líder, o número de crianças e adolescentes em situação de rua passou de 6 para 39. Em São Mateus foi de 3 para 34, nos últimos 15 anos. E no Aricanduva passou de 1 para 11. Além disso, em outros 28 distritos, não apontados em 2007, também havia crianças e adolescentes em situação de rua.
Suicídio e a chamada "síndrome da gaiola" - medo de sair de casa - são algumas das questões que preocupam especialistas
17/06/2021 - 14:11
Uma em cada quatro crianças e adolescentes ouvidos em estudo da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) apresentou ansiedade e depressão durante a pandemia com níveis clínicos - ou seja, com necessidade de intervenção de especialistas.
Os dados foram apresentados à Comissão Externa de Enfrentamento à Covid-19 da Câmara dos Deputados, nesta quinta-feira (17), pelo coordenador da pesquisa, o psiquiatra de crianças e adolescentes Guilherme Polanczyk.
A pesquisa monitorou a saúde mental de 7 mil crianças e adolescentes de todo o País desde junho do ano passado.
salientou que a pandemia é uma situação de estresse que pode levar ao desenvolvimento ou ao agravamento de transtornos mentais em indivíduos suscetíveis. Os efeitos piores são esperados em crianças mais vulneráveis.
O deputado Dr. Zacharias Calil (DEM-GO) pediu a realização do debate para discutir a chamada "síndrome da gaiola" – medo de ir à escola e sair de casa agravado pela pandemia –, mas no decorrer da audiência a discussão foi ampliada.
O nome da síndrome é uma analogia ao comportamento de aves que crescem em cativeiro e, quando a gaiola é aberta e elas têm a oportunidade de voar, continuam lá dentro.
Suicídio entre adolescentes
Guilherme Polanczyk expôs também dados mais gerais, não relacionados especificamente com a pandemia.
Segundo ele, uma em cada seis crianças e adolescentes no mundo são afetadas por algum transtorno mental. No Brasil, dos 69 milhões de pessoas com 0 a 19 anos, há registro de 10,3 milhões de casos de transtornos.
Conforme o psiquiatra, a saúde mental de crianças e adolescentes é altamente negligenciada. "Os casos são silenciosos, e uma parcela ínfima dos casos estão sendo acompanhados e têm acesso a serviços'', disse.
"Em todo o mundo a depressão é uma das principais causas de incapacidade entre adolescentes", apontou.
"O suicídio é em alguns países a segunda, e em outros, a terceira principal causa de morte entre adolescentes de 15 a 19 anos", completou.
De acordo com o médico, o número só aumenta, adquiriu contornos dramáticos e não recebe a atenção devida.
Para lidar com o problema, o médico defende a articulação entre escola, pais e serviços de saúde. Ele disse que devem existir serviços voltados para atender indivíduos dessa faixa etária – hoje escassos – e que deve ser implementado esse tipo de programa também nas escolas.
Além disso, uma relação familiar saudável ajuda a proteger contra o desenvolvimento desses transtornos. Ele observou que, entre adultos com transtornos mentais, 48,4% deles tiveram o início do transtorno até 18 anos.
"Estamos falando do futuro da nossa nação", salientou.
Síndrome da gaiola
Presidente da Associação Brasileira de Medicina Psicossomática, Wilmer Bottura afirmou que a mídia, o governo e autoridades apresentam informações de forma confusa na pandemia, gerando mais medo ainda.
"Neste momento ninguém está sem medo de sair de casa, as crianças, muitas delas, também, muitas vezes pela reação dos pais", disse.
"Nós precisamos tranquilizar principalmente os pais, e aumentar a quantidade de diálogo na família", completou. Segundo ele, o medo é inevitável, mas pode ser de um tamanho que não paralise.
Já a especialista em Psiquiatria Infanto-Juvenil Gabriela Judith Crenzel enfatizou que o medo de sair de casa é real e concreto.
"Nós, Brasil, só vacinamos 11,4% da população com as duas doses e 27,5% com a primeira dose, então ainda estamos muito longe de pensar na irracionalidade desse medo", avaliou.
"Temos que trazer as crianças e adolescentes de volta para a escola, mas temos que encarar que o principal motivo da angústia é real", frisou.
A médica considera esperado o medo de crianças de sair depois de muito tempo em casa. Para ela, muitas enfrentam sentimentos ambivalentes – ansiedade de encontrar amigos e medo de infectar parentes, por exemplo. Essa ambivalência deve ser acolhida e compreendida e contornada conjuntamente pelos profissionais da saúde, da educação e das famílias.
Escolas públicas
Gabriela ressaltou ainda que muitas escolas públicas ainda não estão recebendo crianças e adolescentes, enquanto praticamente todas as escolas particulares retornam às atividades.
"Vamos ter que ter um trabalho pró-ativo de ir atrás das crianças e adolescentes para eles voltarem para a escola", frisou.
Ela acredita que ainda não é possível dimensionar o tamanho da evasão escolar.
E observou que essas crianças e adolescentes que não estão na escola estão em isolamento e que, ao deixar de ir para a escola, perdem espaço de socialização, de liberdade e de garantir sua nutrição.
Para a psiquiatra, a escola deve ser cada vez mais pensada como um lugar não apenas de transmissão de conteúdo, mas como um espaço de saúde mental e de pertencimento.
"Nós não temos mais condições de manter as escolas fechadas, porque além do fator emocional, tem o fator nutricional e a saúde mental das crianças", reiterou o deputado Dr. Zacharias Calil. Para ele, é essencial que todas as escolas reabram no segundo semestre.
Papel dos professores
A psicopedagoga Angela Soares destacou que, em geral, professores têm poucos recursos e conhecimentos para ajudar os alunos.
"O momento também é de pandemia histórica, social e humana", frisou.
Para ela, o medo de sair de casa pode não ser só da pandemia, mas também fruto de ansiedade por questões em casa e falta de estrutura nas escolas.
Ela reiterou que a crise mental das crianças e adolescentes já vem de antes da pandemia. E acrescentou que se trata de uma geração que não sabe lidar com frustações.
Presidente da Associação Brasileira de Psicopedagogia - Seção Goiás, Maria do Carmo Abreu acredita que o afeto precisa ser incluído no âmbito da educação.
Além disso, a noção de saúde deve incluir a saúde mental, inclusive para pessoas de baixa renda. Conforme ela, as pessoas foram arrancadas do seu modo de viver pela pandemia, trazendo alto grau de incerteza e angústia.
Como possíveis saídas "desse território movediço", citou o diálogo; a escuta de sentimentos, valorizando-os; dar tempo e ter tolerância; ter espaço para a solitude; e buscar esclarecimentos sobre os temas.
Internet, luto e vulnerabilidade
A psicopedagoga Bianca Granado chamou atenção para o acesso das crianças a todos os tipos de informação pela internet, que precisam ser assunto de diálogo em casa.
Além disso, ressaltou que as escolas devem ter olhar atento para os alunos e ter parceria com as famílias, alertando os pais para as questões dos filhos e ajudando as famílias.
Secretário de Desenvolvimento Social de Goiás, Wellington Matos salientou que outras questões importantes agora são o luto das crianças das adolescentes e a vulnerabilidade financeira das famílias.
Ele também acredita que os problemas têm de ser tratados de forma coletiva e também individualmente.
Reportagem - Lara Haje - Edição - Marcia Becker
Fonte: Agência Câmara de Notícias
Felipe Souza - @felipe_dess
Da BBC News Brasil em São Paulo
3 maio 2021
Toda terça-feira, Denise*, de 9 anos, acorda, pega o celular e começa a estudar online. Este é o único dia da semana que ela tem essa oportunidade porque é o dia de folga da mãe.
O motivo é que a mãe, de 26 anos, é a única da casa que tem um smartphone.
Principal fonte de renda de uma família numerosa, ela disse que não tem condições de comprar um celular, tablet ou computador para a filha estudar nos outros dias da semana.
"Eu até cogitei comprar um telefone para ela, mas eu recebo um salário mínimo e pago quase R$ 200 só de luz. Eu compro o celular ou comida. O celular mais simples não custa menos de R$ 500, fora a internet.
Hoje, nossa prioridade é ir no mercado para repor o que precisa", afirmou à BBC News Brasil.
Esse caso ocorre na maior e mais rica cidade do Brasil, mas ilustra o que atinge o país inteiro, segundo especialistas ouvidos pela reportagem.
Mesmo depois de mais de um ano do início da pandemia causada pelo coronavírus, professores de escolas públicas dizem que ainda não há uma estrutura adequada para os alunos aprenderem à distância.
Não há necessidade de licença da Secretaria de Educação, uma vez que nossa lei maior, a Constituição Federal, determina no Art. 205 que a educação é direito de todos, e a Resolução do CNE/CEB nº 2/2001, a qual define as diretrizes nacionais para a educação especial na educação básica, determina que as escolas do ensino regular devem matricular todos os alunos em suas classes comuns, com os apoios necessários. Esse apoio pode constituir parte do atendimento educacional especializado (previsto no Art. 208 da Constituição Federal) e pode ser realizado em parceria com o sistema público de ensino.
Qualquer escola, pública ou particular, que negar matrícula a um aluno com deficiência comete crime punível com reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos (Art. 8º da Lei nº 7.853/89).
Bruna Alves
De São Paulo para a BBC News Brasil
11 agosto 2022
Exames ginecológicos são imprescindíveis para detectar ou prevenir inúmeras doenças
Exames ginecológicos são indispensáveis para detectar graves doenças, como o câncer do colo do útero, o terceiro tipo mais incidente entre mulheres no Brasil. Mas qual deve ser a conduta médica na hora da realização dos procedimentos?
De acordo com Maria da Guia de Medeiros Garcia, médica ginecologista e gerente de Atenção à Saúde da Maternidade Januário Cicco, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (MEJC-UFRN), vinculada à Rede Ebserh, existe uma recomendação do Conselho Federal de Medicina (CFM), e, do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) que, em tese, deveria ser seguido por todos os hospitais, laboratórios e demais locais onde esses exames possam ser realizados.
"Essa recomendação diz que o médico ou o enfermeiro quando vai realizar um exame precisa ter, ao lado da paciente, um segundo profissional, como uma técnica de enfermagem", afirma a especialista.
Para a médica, essa seria a forma correta para a realização de qualquer exame ginecológico, pois um segundo profissional, além de trazer mais segurança à paciente, é uma pessoa preparada para detectar qualquer conduta inadequada durante o procedimento.
"Quando uma pessoa do sexo masculino vai conduzir o exame precisa ter uma técnica de enfermagem ou uma auxiliar na sala, ao lado de quem está fazendo, não na antessala ou no corredor. Isso é primordial", enfatiza Garcia.
Outro ponto importante, segundo a especialista, é que muitas pessoas não sabem como será feito o exame; não perguntam, e o profissional, por sua vez, não explica na hora, uma comunicação essencial que não deveria ser negligenciada.
"Não é possível a gente fazer um exame sem nem ao menos saber o que será feito conosco, com o nosso corpo. A saúde é um direito de todos e um dever do Estado. Então, nós temos que buscar o direito de esclarecimento, e o Estado, como provedor da saúde, precisa fazer isso através de políticas públicas", enfatiza a médica ginecologista da Maternidade Januário Cicco.
Quando a paciente vai a uma consulta de rotina, na maioria das vezes, o médico examina as mamas, primeiro com ela sentada, e depois deitada, apalpando a região para detectar a presença de possíveis nódulos. Isso é normal.
"Alguns não fazem o exame de mama, mas o certo é que todo médico ginecologista examine a paciente para ver se tem algum caroço, nódulo, retração ou lesão", orienta Zenilda Bruno, ginecologista, chefe da divisão médica da Maternidade-Escola Assis Chateaubriand (MEAC), do Complexo Hospitalar, vinculado à rede Ebserh, da Universidade Federal do Ceará (UFC).
Bruno explica, ainda, que o exame de mama deve ser feito em todas as idades. "Logicamente, que o câncer de mama é mais frequente a partir dos 40, mas aqui no hospital temos pacientes com 27 e 29 anos que estão com câncer de mama", alerta a especialista.
Segundo ela, o próximo passo seria examinar a barriga para ver se existe alguma anormalidade na região ou se a pessoa sente alguma dor. "E depois disso, a gente examina a região genital. Esse seria o certo, embora nem todo médico faça dessa forma", pontua Bruno, que também é professora titular da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará.
O conhecido papanicolau é o principal exame ginecológico preventivo, cuja função é analisar as células do colo uterino a fim de detectar, principalmente, o câncer do colo do útero. Ele também pode identificar, muitas vezes, a presença de fungos, alterações da flora vaginal e infecções.
Para realizá-lo, normalmente, a paciente tira toda a roupa e coloca um avental descartável — ou uma camisola — com uma abertura na frente. Depois, ela deita na "cama" em posição ginecológica, isto é, com as pernas mais elevadas, abertas e com os joelhos dobrados e bem separados.
O médico, por sua vez, coloca as luvas e começa examinando a vulva, que é a parte externa da vagina. Por isso, realmente é necessário que ele olhe atentamente para ver se há alguma lesão, úlcera, ferida etc.
"Depois, o médico pede para a paciente fazer uma força para ver se aqueles órgãos genitais não se exteriorizam, porque, às vezes, a paciente tem uma queda de útero ou de bexiga. E observamos também se tem também algum corrimento que está se exteriorizando", explica Bruno.
O próximo passo é colocar o espéculo — instrumento utilizado para dilatar a entrada de certas cavidades orgânicas — e que em muitos hospitais ou consultórios já é descartável.
"Então é colhido o material da parte externa do colo, com um objeto que lembra um palito de picolé. E depois com uma escovinha é colhida a substância de dentro do canal do colo e colocado na lâmina. A seguir ele já tira o espéculo. Essa é a maneira mais correta de se colher o papanicolau", descreve Bruno.
Existe também outra técnica com uma escovinha que "varre" o colo do útero, e o material é colocado em uma solução líquida, que é encaminhada para o laboratório finalizar o procedimento. Segundo os especialistas, esse é um método mais moderno e alguns trabalhos dizem que o resultado é melhor, embora ainda não seja comumente usado no Brasil.
E após colher esse material, o médico ainda faz um toque penetrando dois dedos para saber o tamanho do útero. Tudo isso é esperado durante o procedimento.
"Todo o especialista, mesmo se for mulher, deve fazer isso na presença de alguém para que ele tenha o respaldo de que fez todo o procedimento necessário. Isso é importante até para o caso de a paciente se sentir menos constrangida, mas isso não é uma lei", ressalta Bruno, professora da Universidade Federal do Ceará.
Segundo ela, é muito difícil estabelecer o que é ir além do necessário em um exame ginecológico, porque realmente ele é muito íntimo. "A paciente precisa estar sempre acordada e ser informada exatamente sobre o que será feito: 'olha, agora eu vou tocar sua mama, colocar o espéculo, fazer um toque'. O especialista deve estar sempre de luvas, não tocar o clitóris e demonstrar respeito, para que ela sinta que está sendo feito o procedimento correto", orienta Bruno.
Em média, esse exame demora cerca de 30 minutos, porém, há casos que pode levar mais tempo. E vale destacar que, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), nesse ano de 2022, são esperados 16.710 casos novos de câncer do colo do útero, com um risco estimado de 15,38 casos a cada 100 mil mulheres, por isso, o papanicolau é extremamente importante.
É um exame de raio-X de alta resolução que analisa a presença de alterações nas mamas, como nódulos (cânceres) ou cistos. Esse exame, normalmente, não é feito por um médico.
Para o procedimento, a paciente deve tirar a parte de cima da roupa. Em seguida, o profissional "encaixa" o seio na máquina que aperta um pouco a região para fazer as imagens que, depois, são avaliadas pelo médico radiologista.
No Brasil, excluindo os tumores de pele não melanoma, o câncer de mama é o mais incidente em mulheres de todas as regiões, com taxas mais altas nas regiões Sul e Sudeste. Para o ano de 2022, o Instituto Nacional de Câncer estimou 66.280 casos novos.
O ultrassom das mamas é um exame simples, que deve ser feito por um médico que avalia — através de um aparelho chamado transdutor — se há nódulos, cistos ou lesões nas mamas.
E assim como no papanicolau, a paciente precisa tirar a roupa (alguns permitem que ela fique com a calcinha) e colocar o avental. Em seguida, já deitada, o especialista abre o avental na parte de cima e passa um gel na região, que facilita o deslizamento do aparelho.
"Também é difícil dizer quando o médico está abusando e quando não está, mas, normalmente, ele não pega com a mão na mama da paciente, só com o transdutor", diz Bruno.
O transvaginal também deve ser realizado por um médico que precisa estar com luvas. A sua função é avaliar órgãos como bexiga, útero, ovários, trompas, porção do reto, e identificar a presença de possíveis miomas, pólipo, cistos ou tumores de ovário, endometriose, adenomiose. É também muito utilizado para definir causas de sangramento vaginal e menstruação aumentada ou dolorosa, além de dor pélvica.
Em relação ao preparo, não há muita diferença dos demais: a paciente tira a toda a roupa e coloca o avental para que o especialista consiga inserir, dentro da vagina com uma camisinha, o aparelho transdutor, um pouco mais grosso.
"Nesse exame, o médico não pega com a mão na paciente, ele só usa o transdutor para fazer movimentos dentro da vagina, as devidas avaliações e identificar possíveis alterações de acordo com os nossos critérios", descreve Bruno, ginecologista e professora da Universidade Federal do Ceará, lembrando que não é possível determinar um tempo específico para a realização desse procedimento.
Trata-se de uma radiografia do útero para saber se as trompas estão permeáveis ou obstruídas, o que seria um motivo pelo qual algumas mulheres não conseguem engravidar. O procedimento é muito parecido com o papanicolau, mas não é um exame frequente.
Por serem exames íntimos, é comum que muitas mulheres se sintam constrangidas diante de um homem. Por isso, se houver opção, ela pode, sim, falar sobre a preferência por uma mulher.
No entanto, é sabido que em algumas regiões do país, sobretudo, nas zonas mais periféricas, não dá para escolher, já que a demanda é muito grande e não há profissionais suficientes.
Procurada pela reportagem, o Conselho Federal de Medicina (CFM), ainda não informou se há relatos de denúncia feito por mulheres que se sentiram negligenciadas durante um exame ginecológico. Se houver resposta, ela será acrescentada no texto.
Para Joel Rennó Júnior, diretor do Programa de Saúde Mental da Mulher do Instituto de Psiquiatria (IPq) do Hospital das Clínicas de São Paulo, as mulheres são vistas como poliqueixosas, um jargão médico usado para definir o comportamento da paciente que reclama de alguma coisa que não aparece em exames.
"Mas essas queixas ocorrem quando há um histórico de violência que, muitas vezes, não pode ser verbalizado", alerta o especialista, que também é professor do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP).
Esse comportamento, segundo Júnior, deve ser compreendido pelo profissional que está realizando o exame ginecológico, porque, muitas vezes, ao ser tocada, a mulher pode ter uma crise de pânico, relatar dor, começar a tremer, entre outros sintomas.
O resultado de uma violência durante a realização de um exame, seja física ou verbal pode trazer sérios agravos à sua saúde mental.
"É claro que a violência física sexual choca bem mais, porém, nós vemos muitos médicos e até médicas fazendo uma violência psicológica mesmo. Às vezes, humilham a paciente, desqualificam, chamam a atenção com agressividade, ou acham que ela está se queixando demais de uma dor. Então falta sensibilidade", avalia Júnior.
"Muitas vezes essas mulheres são pré-julgadas e as pessoas, infelizmente, desqualificam o depoimento dessas vítimas de violência", lamenta o professor do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
Embora não seja um assunto difundido, muitas crianças passam no ginecologista, por exemplo, devido a problemas de corrimento. Já na puberdade, é comum e essencial que elas compareçam às consultas médicas.
"Eu examino muitas crianças e sempre na presença da mãe.
Isso é muito importante, mas é uma recomendação, porque não existe nenhuma lei a respeito", pontua a ginecologista do Complexo Hospitalar da Universidade Federal do Ceará.
"Até porque, muitas delas vão acompanhadas do pai, da vizinha ou da babá, e se for restringir muito, não teria como elas serem examinadas", acrescenta.
- Este texto foi publicado em https://www.bbc.com/portuguese/brasil