Os dados estatísticos e os estudos sociológicos em muitas áreas da vida das mulheres, trazem revelações surpreendentes de todos os tipos de abusos e riscos.
Quando nos defrontamos com as imensas dificuldades atuais em que as mulheres enfrentam para a dupla ou tripla jornada, temos que repensar a situação das grávidas.
Este período gestacional exige alimentação com melhor qualidade e suficiente quantidade...se tornam necessários certos cuidados complementares, para ativar desde a circulação, até as condições de fazer pequenas caminhadas...
Junto disto há a preocupação que vai aumentando com o tempo de gravidez, se tudo ocorrerá bem no parto, como serão os primeiros meses do bebê. Se ela terá leite ou não...
Sem dúvida há uma certa ansiedade em maioria das grávidas, cujas sentem diante d o prazo se esgotando.
Há também a fase de se preparar para a hospitalização, com enxoval do bebê etc. o ambiente adequado para bercinho, carros de bebê etc.
Poderá também sentir tristeza nos dias após o parto. A mulher pode ter crises de falta de paciência, e pouca tolerância com quem lhe rodeia, se torna ansiosa e talvez tenha dificuldade de concentração ou distúrbios do sono (dormir demais ou muito pouco).
Todos esses sintomas costumam desaparecer após sete a dez dias. Havendo cuidados com alimentação e bastante líquidos, terá farto leite materno.
Além de cuidar de si mesma, precisará estar preparada até emocionalmente para zelar por seu/sua bebê...
Atender bem as visitas e ser paciente com ruídos etc.
Trazemos algumas pesquisas que poderão ser úteis para palestras, ou outros estudos de atendimentos sociais etc.
Receba nosso fraternal abraço, extensivo também a quem nos lê e a quem esteja passando a linda fase pós-parto curtindo o seu amado bebê!
Assim mais uma vez receba nossa gratidão também por seu apoio, nesta edição elaborada com bons votos de um “Abençoado e produtivo ano 2023!”
Nosso fraternal abraço, e que tenhamos coragem de agir dentro das leis e normas, e levar um nome limpo e valoroso de nosso país para o mundo.
Elisabeth Mariano e equipe JORNAL DA MULHER BRASILEIRA
Professora mestra em “Lideranças Direitos Humanos, e, Comunicação Social. Participante em Beijing/China da Conferência Mundial da Mulher”/ONU/1995. Autora com registros em arquivos também na Library Off Congress/EUA e em arquivos nacionais e em direitos de marcas registradas.
Ninguém está autorizado ao uso em quaisquer tipos de mídia.
Usos indevidos são crimes de concorrência desleal, e suscetível as penas de todas as leis contra plágio, parasitismo etc.
Para informações, críticas, sugestões, envio de notícias, para anunciar, contate-nos.
Cristina Miyuki Hashizume
Doutora (2010) e Mestre (2003, bolsista FAPESP) em Psicologia Escolar e Desenvolvimento Humano pelo Instituto de Psicologia da USP, professora universitária em cursos de Psicologia e Educação desde 2003. Tem experiência nas áreas de Educação, Direitos Humanos, Psicologia Escolar e Saúde/ Trabalho (Gestão Educacional e trabalho docente). Professora do Programa de Pós Graduação em Educação da UMESP (Conceito CAPES 5), onde orienta pesquisas sobre: Saúde de professores, Saúde e problemas de aprendizagem, Educação e Direitos Humanos. Desde 2015, é colaboradora no curso de aperfeiçoamento/ especialização em Educação e Direitos Humanos (UFABC-UAB). É professora formadora no curso de especialização em Educação Especial Inclusiva (UFABC-UAB). Co-organizadora dos livros Educação e Direitos Humanos: no chão da escola (EDUFABC,2017); Trabalho docente e precarização nas relações laborais na educação (APPRIS,2018); Organizadora da coleção de seis livros "Educação e Direitos Humanos" (EDUFABC, 2019/2020); Pesquisas em Gestão Educacional: Perspectivas Democráticas (Metodista, 2020). Autora de artigos em revistas indexadas em Educação/ Interdisciplinar, além de capítulos de livros nas áreas de Psicologia Escolar e do Trabalho e Educação Líder do grupo de Pesquisa: Educação, Saúde e Direitos Humanos (UMESP-CNPq) e membro do grupo de Pesquisa "Educação e Direitos Humanos" (UFABC-CNPq). Membro do GT-ANPEPP "Trabalho e Saúde", Membro-associada da ABRAPSO, ABEP, ABRASME ANPEPP, ANPED, Instituto Silvia Lane. É avaliadora ad hoc de cursos de Psicologia pelo INEP/MEC (desde 2017) e parecerista ad hoc da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Pernambuco (FACEPE). É parecerista de revistas na área de Educação, Saúde Coletiva e Psicologia.
Experiência com atendimento a famílias e a cuidadores de crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social.
CV Lattes: http://lattes.cnpq.br/2593620066613335
Orcid: https://orcid.org/0000-0001-9772-2672
E-mail: crismiyu@gmail.com
Thiago Anjos
Thiago Anjos, 34 anos, morador de São Paulo, enfermeiro formado pela Universidade Nove de Julho, pós graduado em Saúde Publica com ênfase em Saúde da Família pela faculdade Estratego e Técnico em canto pela Etec de Artes de São Paulo.
Fernanda Nascimento
Fernanda Nascimento, 24 anos, moradora de São Paulo, graduando em enfermagem (último ano) pela Universidade Nove de Julho.
Clarinetista formada pelo Conservatório Municipal de Guarulhos.
Educadora Social, trabalhou com crianças em situação de risco.
ADC "Arte de Cuidar"
ADC "Arte de Cuidar" é o espaço virtual de saúde e bem-estar, idealizado para fomentar o ensino e educação em saúde, visando trazer ao público, através da informação, sua autonomia, autocuidado e bem-estar.
Com foco em promover a saúde, a ADC foi criada por profissionais de Enfermagem e outras categorias para divulgar informações confiáveis e de qualidade para o público em geral.
O tema dessa vez é: AMBIENTE OBESOGÊNICO
Lá falaremos sobre :
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O Dia Internacional da Educação é uma data comemorativa que tem como papel reforçar a importância da educação no desenvolvimento da humanidade em diversos aspectos. Atualmente existe uma divergência na sua celebração, pois alguns a fazem em 24 de janeiro, e outros, em 28 de abril.
Importância da educação
Todos nós sabemos da importância da educação para o desenvolvimento do ser humano, pois ela fornece ferramentas que permitem a todos evoluírem e conquistarem uma vida mais digna e melhor. Isso porque sabemos que pessoas que têm acesso a uma educação de qualidade recebem também melhores oportunidades.
A educação é uma importante ferramenta no combate às desigualdades, além de garantir melhores oportunidades para o indivíduo.
Não é à toa que a Organização das Nações Unidas, a ONU, reconhece na importância da educação de qualidade para o desenvolvimento de crianças e adolescentes e para o combate às desigualdades sociais e de gênero. Claro que esse combate só é possível com uma educação que promova inclusão e igualdade.
Foi devido a sua importância que a ONU incluiu a educação como um de seus Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Isso porque a organização entende que a educação tem, de fato, um papel no combate à pobreza e que ela é fundamental para garantir a proteção do meio ambiente, além da paz e prosperidade entre as pessoas.
Para a ONU, a educação de qualidade é o seu quarto ODS (de um total de 17). Esse compromisso foi assinado por 193 países, dos quais o Brasil faz parte, e visa ao alcance dessas metas até o ano de 2030. No que se refere à educação, algumas das propostas a serem trabalhadas são|1|:
4.1 – Até 2030, garantir que todas as meninas e meninos completem o ensino primário e secundário livre, equitativo e de qualidade, que conduza a resultados de aprendizagem relevantes e eficazes.
4.7 – Até 2030, garantir que todos os alunos adquiram conhecimentos e habilidades necessárias para promover o desenvolvimento sustentável, inclusive, entre outros, por meio da educação para o desenvolvimento sustentável e estilos de vida sustentáveis, direitos humanos, igualdade de gênero, promoção de uma cultura de paz e não violência, cidadania global e valorização da diversidade cultural e da contribuição da cultura para o desenvolvimento sustentável.
O educador brasileiro Paulo Freire entendia que a educação deveria promover a liberdade e resultar na transformação do mundo e na humanização do indivíduo, dotando-o de capacidade crítica. Para ele, uma educação libertadora permitirá que o ser humano desenvolva sua autonomia de pensar.
É considerando esses aspectos que se conclui que a educação é fundamental para todos, pois a construção de um mundo melhor passa, obrigatoriamente, pelo incentivo, investimento e desenvolvimento da educação, tanto no Brasil quanto no restante do planeta.
Dia Internacional da Educação
No Brasil, existem os que celebram o Dia Internacional da Educação em 24 de janeiro, enquanto outros o fazem em 28 de abril.
A importância da educação, como vimos, é algo percebido internacionalmente, pois ela tem um papel fundamental no desenvolvimento individual de cada pessoa. A educação garante melhores oportunidades, o desenvolvimento da capacidade crítica, e é entendida como uma forma de transformar a nossa sociedade.
É pensando exatamente nessa importância que se celebra anualmente o Dia Internacional da Educação. Essa data comemorativa busca reforçar a importância dessa ferramenta e servir como ponto de partida para a conscientização das pessoas sobre seu papel. Além disso, a data serve como momento para que debates e propostas sobre como melhorar a educação aconteçam.
Entretanto, no Brasil, não existe um consenso sobre quando se deve ser celebrar o Dia Internacional da Educação. Isso porque existem duas propostas para tanto. Os dias propostos são:
A primeira proposta celebra o Dia Internacional da Educação em 24 de janeiro, e sua escolha foi feita pela ONU, em uma Assembleia Geral no dia 3 de dezembro de 2018. A proposta da organização foi uma iniciativa para reafirmar uma série de seus objetivos visando ao desenvolvimento sustentável e à paz, sendo os ODS parte deles.
Essa assembleia, portanto, determinou que o 24 de janeiro fosse separado para celebrar o Dia Internacional da Educação. No mesmo encontro, a ONU também convidou organizações não governamentais, organizações educacionais, institutos acadêmicos, institutos educacionais privados, entre outros, para que atendessem ao seu pedido de celebrar a educação na data mencionada.
Em contrapartida, no Brasil, muitos educadores entendem que o Dia Internacional da Educação deve ser celebrado no 28 de abril. Isso porque, em 28 de abril de 2000, foi assinado um compromisso internacional pelos líderes de 164 países, incluindo o Brasil, a fim de garantir o desenvolvimento da educação no mundo.
Esse compromisso foi feito durante o Fórum Mundial de Educação, realizado em Dacar, no Senegal. Ao final desse evento, como mencionado, no dia 28 de abril, foi assinada a Declaração de Dacar, um documento no qual os líderes internacionais assumiram compromissos para garantir melhorias na educação.
Entre os compromissos acordados, destaca-se o seguinte:
3. Reafirmamos a visão da Declaração Mundial de Educação Para Todos (Jomtien, 1990), apoiada pela Declaração Universal de Direitos Humanos e pela Convenção sobre os Direitos da Criança, de que toda criança, jovem e adulto tem o direito humano de se beneficiar de uma educação que satisfaça suas necessidades básicas de aprendizagem, no melhor e mais pleno sentido do termo, e que inclua aprender a aprender, a fazer, a conviver e a ser. É uma educação que se destina a captar os talentos e potencial de cada pessoa e desenvolver a personalidade dos educandos para que possam melhorar suas vidas e transformar suas sociedades.|2|
|1| Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 4 – Educação de Qualidade. Para acessar, clique aqui.
|2| Declaração de Dakar. Para acessar, clique aqui.
Por Daniel Neves Silva
Professor de História
Substitutivos em prol dos direitos das mulheres com deficiência auditiva ou visual, vítimas de violência doméstica, recebem aval
Sexta-Feira, 23 Dezembro, 2022 - 15:30
A garantia de atendimento em Libras e em braile a mulheres com deficiência auditiva ou visual, vítimas de violência doméstica ou familiar, deu mais um passo na Câmara de BH. Nesta sexta-feira (23/12), dois substitutivos a projeto que trata do tema receberam parecer favorável da Comissão de Mulheres. A matéria, que pretende assegurar acessibilidade comunicativa às mulheres com deficiência, ainda deve ser analisada por mais uma comissão antes de poder vir a ser anunciada para apreciação pelo Plenário da Câmara em 2º turno. Confira o resultado final da reunião.
O Projeto de Lei 283/2022 busca assegurar acessibilidade comunicativa em Língua Brasileira de Sinais (Libras), Braille ou quaisquer outros meios de comunicação, à mulher com deficiência auditiva e/ou visual, vítima de violência doméstica ou familiar. Conforme a proposição, o Poder Executivo fica autorizado a promover cursos de capacitação aos profissionais que realizem o atendimento. Além disso, o projeto determina que o atendimento possa ser prestado por meio telemático, desde que não obste o atendimento físico ou o amplo acesso ao tratamento da mulher vítima de violência doméstica e familiar.
O texto é assinado pelas vereadoras Nely Aquino (Pode) e Professora Marli (PP) e pelos vereadores Gabriel (sem partido), Jorge Santos (Republicanos), Marcos Crispim (PSC), Reinaldo Gomes Preto Sacolão (MDB) e Wanderley Porto (Patri). Na justificativa do PL, os autores ressaltam que a barreira da comunicação dificulta o pleno exercício dos direitos, a inclusão social e a cidadania, e que a proposta "visa proporcionar apoio adicional à mulher em situação de violência doméstica e familiar, especialmente às mulheres com deficiência, considerando a sua vulnerabilidade e as barreiras comunicativas que, não raras vezes, as impedem de buscar o apoio necessário ao enfrentamento adequado do problema".
De autoria de Bruno Miranda (PDT), substitutivo-emenda exclui do projeto original dispositivo que apresenta dotação orçamentária para cobrir as despesas decorrentes da aplicação das medidas em prol das mulheres com deficiência auditiva e/ou visual com dificuldade de comunicação, vítimas de violência doméstica ou familiar.
Já o substitutivo-subemenda de autoria da Comissão de Legislação e Justiça, pretende que os dispositivos da emenda proposta por Bruno Miranda sejam incluídos na Lei Municipal de Inclusão da Pessoa com Deficiência e da Pessoa com Mobilidade Reduzida, norma que consolida toda a legislação que assegura os direitos desse público em Belo Horizonte.
Além disso, o substitutivo da CLJ determina que, caso se torne lei, a matéria entre em vigor 180 dias após a data de sua publicação no Diário Oficial do Município (DOM). Já o substitutivo-emenda e o projeto original estabelecem que seus dispositivos entrem em vigor na data da publicação no DOM.
Conforme a relatora Marilda Portela (Cidadania), os dois substitutivos, que têm o objetivo de ampliar mecanismos para as mulheres com deficiência auditiva e/ou visual, a fim de subsidiar uma vida digna, sem maus-tratos e violência doméstica, não encontram impedimentos para sua aprovação pela Comissão de Mulheres.
A matéria segue para ser apreciada pela Comissão de Administração Pública e, depois disso, poderá vir a ser anunciada sua inclusão na pauta do Plenário, para votação em 2º turno, quando estará sujeita ao quórum mínimo de 21 parlamentares.
Superintendência de Comunicação Institucional
09/06/2021
Estudo sobre formas de nascer nos séculos 19 e 20 destaca influência de fatores médicos, legais e religiosos na disseminação do parto cirúrgico
Por Karine Rodrigues
Se uma mulher grávida fica viúva, quem responde pela vida que ela carrega no ventre? De tão descabida, a pergunta até soa estranha, mas há cerca de um século, no Brasil, diante da morte do marido, muitas vezes a gestante sequer tinha o direito de ser responsável pelo feto que trazia dentro de si. Em tal situação, o Estado nomeava um representante para assumi-lo legalmente.
A história dos direitos reprodutivos não é um progresso linear de um passo 'repressivo' em direção a um futuro 'emancipado'. Existem ondas de progresso e vales de retrocesso
No processo histórico que transformou o Brasil em um dos líderes em taxa de cesárea no mundo, é patente a falta de autonomia feminina em relação aos direitos reprodutivos, revela artigo do Bulletin of the History of Medicine, publicado pela Johns Hopkins University Press.
De autoria dos pesquisadores Cassia Roth, da Universidade de Geórgia, nos Estados Unidos, e Luiz Antonio Teixeira, da Casa de Oswaldo Cruz (COC;Fiocruz), From Embryotomy to Cesarean: Changes in Obstetric Operatory Techniques in Nineteenth- and Twentieth-Century Urban Brazil detalha análise empreendida em registros ocorridos em São Paulo e Rio de Janeiro. Segundo Teixeira, um dos principais recados do artigo é apontar o impedimento ao protagonismo feminino.
“Essa falta de autonomia da mulher gera problemas em diversos níveis. Tanto para a mulher que quer fazer a cesárea, quanto para a que quer ter parto normal e para a que não quer ter o filho. É muito fácil falar às mulheres o que elas devem fazer, mas muito difícil você ouvir o que elas realmente querem fazer. No âmbito da cultura médica, há também uma ideia um tanto danosa de que existe somente uma forma certa de fazer as coisas, e as mulheres só devem falar no nível que não atrapalhe essa forma”, observa Teixeira, que, recentemente, organizou, junto com outros três pesquisadores, o livro Medicalização do parto: saberes e práticas, lançado pela Hucitec editora.
Ao investigar a produção de conhecimento médico dentro de um contexto social mais amplo, considerando aspectos religiosos e jurídicos, o artigo fornece uma história da longa trajetória das intervenções cirúrgicas no parto no Brasil e sua relação com a vida e os direitos fetais e maternos.
Para analisar as transformações nas práticas e visões sobre o parto, os pesquisadores se debruçaram sobre dissertações médicas, periódicos médicos e jurídicos, legislação civil e criminal e relatórios clínicos. Foram pesquisadas, por exemplo, todas as dissertações relacionadas a embriotomias e cesarianas da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro publicadas entre 1830 e 1940 e laudos clínicos mensais de todas as mulheres atendidas na Maternidade de Laranjeiras, do início a meados da década de 1920.
A investigação aponta que as mudanças nas definições médicas sobre qual tipo de parto exigia intervenção cirúrgica dependiam dos avanços técnicos e também de transformações nos âmbitos religioso e legal.
Cesáreas são substituídas por embriotomias, mas voltam à cena
Na primeira metade do século 19, a maioria dos médicos lançava mão da cesárea em casos de obstrução durante o trabalho de parto. Quase sempre, o procedimento resultava na morte da gestante, por infecção. Após posicionamento da Academia Francesa de Medicina, de 1852, em defesa da preservação da vida materna, os médicos passaram a cada vez mais adotar a embriotomia, procedimento extremamente violento e invasivo, que sacrificava o feto, vivo ou morto, na tentativa de salvar a mãe.
“A subsistência econômica dos médicos, sua produção de conhecimento e seu papel moral na sociedade repousavam sobre seu domínio completo do parto, tanto o ato em si quanto na definição de como o ato deveria ser...”
Enquanto a medicina, em processo de profissionalização, apoiava a embriotomia, a Igreja condenava o procedimento, pois considerava que o início da vida se dava no momento da concepção. Na primeira metade do século 20: a cesárea passou novamente a ser priorizada, em detrimento da embriotomia, que cai em desuso.
Segundo o artigo, a guinada foi baseada em duas mudanças interrelacionadas: a aprovação do novo código criminal, de 1891, e do primeiro código civil, de 1916, que concedeu proteções legais ao feto, além da disseminação de inovações nas técnicas da cesárea, a partir de 1915.
Considerada mais segura se comparada à embriotomia, a cesárea acabou sendo eleita pelos médicos como prática preferencial em gestações de risco. A análise de Roth e Teixeira revela, porém, um cenário mais complexo. Não se tratava exclusivamente de garantir a vida do feto e da gestante. No Brasil “moderno”, apontam os autores, a orientação dos médicos passou a ser essencial para que as mães pudessem conceber e criar “cidadãos brasileiros saudáveis”. Apesar dos conflitos com a Igreja, diz o artigo, ambos caminhavam lado a lado com o objetivo básico de subordinar a tomada de decisão das mulheres “à autoridade masculina, seja ela o padre, o pai, o médico ou o presidente”.
“Em um nível mais básico, os filhos - como futuros trabalhadores, herdeiros, governantes, escravos - são importantes para a manutenção do poder político e econômico. A continuação desse poder, então, reside no controle das capacidades das mulheres de conceber e dar à luz filhos. Neste artigo, mostramos que a subsistência econômica dos médicos, sua produção de conhecimento e seu papel moral na sociedade repousavam sobre seu domínio completo do parto, tanto o ato em si quanto na definição de como o ato deveria ser. Ao mesmo tempo, os obstetras acreditavam estar fazendo a coisa certa”, observa Roth.
Brasil tem a segunda maior taxa de cesáreas do mundo
A expansão de técnicas obstétricas e das maternidades transformaram o parto em um fenômeno hospitalar. Na virada do século 21, a cesárea estava normalizada no país. Se tornou procedimento preferencial para todos os nascimentos, especialmente entre a classe média e urbana.
No Brasil, aproximadamente 55% dos partos realizados no país são cesáreas. É a segunda maior taxa do mundo, atrás apenas da República Dominicana. Se considerarmos a realidade no sistema privado de saúde, a proporção pula para 86%. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que a taxa ideal de cesarianas deve estar entre 10% a 15% dos partos.
A falta de autonomia da mulher gera problemas em diversos níveis: tanto para a mulher que quer fazer a cesárea, quanto para a que quer ter parto normal e para a que não quer ter o filho
Fundamental em determinadas situações de risco, o uso indiscriminado do parto cirúrgico no país tem gerado problemas por prematuridade. Teixeira cita também a desigualdade na assistência à gestante. Se, por um lado, mulheres em melhores condições financeiras passam por dificuldade para garantir o parto normal em gestações sem risco, por outro, grávidas de classes menos favorecidas economicamente encontram dificuldade no acesso ao atendimento.
“Há tanto o excesso de tecnologia quanto a falta de tecnologia, dependendo do lugar e do grupo de pessoas que você faça parte”, pontua o historiador, que integra projeto sobre medicalização dos nascimentos no Brasil, parceria de pesquisadores da Casa de Oswaldo Cruz e do Instituto Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz).
Apesar das questões que interferem sobremaneira no protagonismo feminino, Teixeira considera que o cenário já foi pior. Cita, entre os sinais dessa transformação, a criação de políticas públicas, como a Rede Cegonha, “extremamente importantes para melhorar as condições de assistência ao parto”; os movimentos pela humanização do parto, com “as mulheres cada vez mais demandando seus interesses”; e a realização de pesquisas, como a Nascer no Brasil, inquérito nacional sobre parto e nascimento realizada pela Fiocruz, que revelou desigualdades relacionadas à medicalização do parto no país.
As idas e vindas na história dos direitos reprodutivos
Segundo Roth, a história dos direitos reprodutivos está repleta de idas e vindas. Atualmente, apesar dos avanços citados por Teixeira, há mulheres morrendo por falta de assistência adequada ao parto e questões relacionadas ao direito ao aborto terapêutico. No Brasil, a prática é permitida em casos de estupro, anencefalia e risco de vida para a mulher.
“Como argumentei em meu livro A Miscarriage of Justice: women’s reproductive lives and the law in early twentieth-century Brazil, conforme outros estudiosos como Matthieu de Castelbajac e Isabel Hentz demonstraram, essa história não é um progresso linear de um passo 'repressivo' em direção a um futuro 'emancipado'", diz.
"Existem ondas de progresso e vales de retrocesso. Parece simples de dizer, mas vale dizer de qualquer maneira: racismo estrutural e interpessoal, estruturas patriarcais e práticas patriarcais individuais, e classismo, tudo isso contribui para fatos como taxas de mortalidade infantil negra mais altas do que as taxas de mortalidade infantil branca no Brasil e a continuidade da criminalização legal e condenação social do aborto”, pontua Roth, que em sua nova pesquisa analisa a saúde reprodutiva de mulheres escravizadas no Brasil do século 19.