Edição nº 197 - de 15 de Março de 2022 a 14 de Abril de 2022

Rádio Espaço Mulher


Tema: Violência Psicológica

10 sinais de que você sofre violência psicológica

Por

Thomás Augusto

Distorcer informações. Omitir a verdade. Inventar mentiras. Essas são algumas formas de realizar o abuso psicológico, também conhecido como gaslighting. A violência psicológica acontece pela manipulação realizada pelo agressor, que faz a vítima questionar a sua própria sanidade e inteligência.

Não existe um perfil da vítima de violência psicológica, ela independe de tipo ou condição da pessoa. Existe violência psicológica no casamento, como também o problema pode afetar as crianças.

Dessa forma, é importante identificar os sinais do abuso para saber como combater a violência psicológica. Sendo assim, dividimos em atitudes e situações que o agressor e a vítima passam quando estão nessa situação. E, não se esqueça, violência psicológica é crime.

5 sinais do agressor do abuso psicológico

Nega a verdade

O abusador nunca admite a veracidade dos fatos. Não importa quantas provas existirem sobre o assunto, ele irá negar todas elas. A violência psicológica emocional ocorre, pois ele faz a vítima questionar a sua realidade. Assim, ela começa a duvidar das próprias convicções, tornando-se, novamente submissa ao agressor.

Usa o que é querido pela vítima contra ela

O abusador utiliza o que é precioso para vítima como forma de depreciá-la. Por exemplo, a violência psicológica contra a mulher pode envolver os filhos dela. Nesse caso, o agressor diz frases como “Você não é boa o suficiente para eles” ou “Você nunca deveria ter tido filhos”.

As ações não combinam com as palavras

Pessoas que realizam abuso psicológico, geralmente, fazem uma coisa e dizem outra. Então, preste atenção nas atitudes delas e se o que dizem condiz com as suas ações. A contradição entre elas pode ser a chave para identificar o gaslighting.

Fala algo positivo para confundir

Esse é um ciclo da violência psicológica. O agressor, que constantemente fala coisas ruins para a vítima, a elogia para mantê-la sobre o domínio dele. A manipulação psicológica, nesse sentido, ocorre para manter a pessoa vulnerável a novos ataques.

Tenta colocar a vítima contra as pessoas

O abusador utiliza mentiras e manipula a vítima para afastá-la de todos. Dessa forma, o agressor diz que as pessoas não gostam da vítima ou que determinado grupo não serve de boa companhia para ela.

5 características de violência psicológica na vítima

Cria justificativas para o comportamento do abusador

Como, geralmente, as ações do agressor refletem uma realidade diferente das suas palavras, a vítima passa a criar explicações das atitudes nada sensatas dele. Isso funciona como um mecanismo de defesa para evitar o choque de realidade da violência psicológica.

Está sempre pedindo desculpas

A vítima pede desculpas o tempo todo para o agressor, mesmo quando não há motivo para tal. Aliás, diversas vezes, ela não possui ideia do por que está fazendo aquilo, mas continua o fazendo mesmo assim.

Constantemente se sente confusa

Por conta da manipulação psicológica, a vítima fica num estado de confusão permanente. O pior disso tudo, é que ela começa a cogitar que não é uma boa pessoa ou que é até mesmo maluca.

Sente que costumava ser uma pessoa diferente

Confiante. Divertida. Relaxada. Esses adjetivos não podem mais ser usados para descrever a vítima. Aliás, ela não entende o que mudou e só sente que é uma pessoa diferente do que era antes. Nesses casos, é comum amigos próximos e familiares apontarem essas características discrepantes.

Não entende por que não está mais feliz

Mesmo quando coisas boas estão acontecendo ao redor da vítima, ela não consegue se sentir feliz. Aparentemente, tudo está bem, porém, mesmo assim, não consegue ficar bem consigo mesma. O abuso psicológico reprime os sentimentos.

Thomás Augusto

Jornalista especializado em saúde. Desenvolve trabalhos, principalmente, na área da saúde mental e do comportamento humano. Estudou Direito na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e Jornalismo na Faculdade Cásper Líbero.

(Fonte: https://www.telavita.com.br/blog/sinais-violencia-psicologica/, data de acesso: 14/03/2022)

Violência psicológica é crime: entenda nova lei e saiba como denunciar

Sarah Alves

Colaboração para Universa

11/08/2021 04h00

A empresária Letícia*, 36 anos, viveu por 13 anos uma relação abusiva com o ex-marido. No começo, as cobranças excessivas foram confundidas com um amor além da conta. Depois, vieram as ameaças e xingamentos. As atitudes, que configuram violência psicológica, agora são crime.

Desde 28 de julho deste ano, a lei 14.188/2021 formalizou o tipo penal para a violência psicológica contra a mulher, com pena de 6 meses a 2 anos e pagamento de multa. Em casos mais graves, a condenação pode ser maior. Universa conversou com especialistas para explicar os principais pontos da decisão e qual a sua importância.

O que é a violência psicológica?

A violência psicológica é, muitas vezes, sutil. No início, as atitudes podem se confundir com um afeto excessivo, que levam a mulher a acreditar que quem abusa está zelando por ela. Com o tempo, as coisas pioram: podem surgir os xingamentos, humilhações, ameaças e se intensifica o gaslighting, manipulações para que a vítima desacredite de suas percepções e sanidade — ou o popular "você está ficando louca".

"Temos consciência do abuso físico, porque há um ato envolvido. Quando falamos do abuso emocional, nem sempre sabemos", comenta a psicóloga Ângela Figueiredo, idealizadora da Conexão Rendeiras.

Segundo a lei, configura violência psicológica:

"Causar dano emocional à mulher que a prejudique e perturbe seu pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou a controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, chantagem, ridicularização, limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que cause prejuízo à sua saúde psicológica e autodeterminação", trecho da lei 14.188/2021

Para a psicológica, as atitudes aniquilam a autoestima da vítima e, em casos mais graves e prolongados, trazem problemas de saúde. "Isso causa uma castração na mulher. Como psicóloga, é preciso avaliar se não houve um estresse pós-trauma, porque o estresse é disparador de depressão, ansiedade e demais transtornos do humor, como o bipolar", explica.

O que determina a lei?

É assegurado que qualquer mulher vítima de violência psicológica possa denunciar, independente do espaço em que os abusos ocorram: familiar, no trabalho ou escola, por exemplo.

No âmbito da Lei Maria da Penha, houve alteração que torna possível solicitar medida protetiva de urgência. Neste caso, é preciso que a violência tenha sido praticada no contexto doméstico, familiar ou em relacionamentos amorosos.

A lei ainda endureceu o combate à violência contra a mulher ao aumentar a pena em casos de lesão corporal simples — agora de 1 a 4 anos. Também foi criado o Sinal Vermelho contra a Violência Doméstica, programa para que mulheres possam denunciar as agressões de maneira discreta por um sinal em X, escrito preferencialmente nas mãos, em espaços conveniados.

Quando denunciar?

Toda mulher que sentir dano emocional pode registrar a ocorrência. "Por menor que seja um ato, se entendido que ele gera um sofrimento mental, estresse, tristeza, isso já é suficiente", afirma a advogada Fernanda Prates, professora da FGV (Fundação Getúlio Vargas) Direito Rio de Janeiro. "Essa agressão é lenta, silenciosa, uma construção de condutas que minam a capacidade da vítima de sair da situação", completa.

O primeiro passo é reconhecer a violência, tarefa muitas vezes complexa em meio à manipulação. A psicóloga Ângela Figueiredo atenta que ter uma rede de apoio é fundamental para que as pessoas com o olhar de fora da situação alertem e orientem quando há excessos. Buscar suporte profissional com psicólogos também ajuda a identificar os abusos.

É importante ainda a conscientização para reconhecer pessoas com perfil abusivo. "Todos nós podemos ser violentos ou violentados, o que difere é que quem não é abusador, quando se dá conta do comportamento, sente culpa, pede desculpa e tenta mudar. Já quem é, fica nesse modo de agir e, por muitas vezes, tendo prazer com o controle", alerta.

Fui vítima antes da lei, posso denunciar?

As denúncias são válidas apenas para casos registrados após a criação da lei, ou seja, a partir de 28 de julho deste ano.

Como provar o abuso?

É possível comprovar a violência psicológica com qualquer evidência das ameaças e manipulações, como prints de mensagens, por exemplo. Gravar conversas, ter testemunhas e laudos de profissionais para atestar as consequências dos abusos também influenciam no processo.

"Muitas vezes acontece da vítima apagar as mensagens para já bloquear a pessoa, mas primeiro é preciso fazer o print de tudo e não desperdiçar essa prova, muito importante para o processo e, depois, para a condenação", reforça a advogada Alice Bianchini, conselheira da OAB SP (Ordem dos Advogados do Brasil São Paulo).

Já a medida protetiva de urgência entra em vigor quando há solicitação da vítima, sem necessidade de comprovar os atos. "A palavra da mulher basta, até porque é um crime praticado em quatro paredes e as estatísticas mostram que a violência existe, então entende-se que a probabilidade de ser verdade é muito grande", explica Bianchini.

Por que criminalizar?

Denunciar as condutas já nos primeiros sinais é uma maneira de impedi-las de avançar e, inclusive, acontecer de formas mais graves. A violência psicológica pode ser o início de um ciclo com abusos físicos, sexuais, entre outros e, em casos mais extremos, chegar ao feminicídio.

Para as especialistas, há a expectativa de que a nova lei traga à Justiça uma compreensão ampliada sobre a violência contra a mulher, ainda antes de deixar marcas físicas. No Código Penal, o artigo 129 destacava parte desse pensamento, mas sobretudo quando os impactos psicológicos já originavam doenças — como distúrbios psíquicos.

"O artigo fala sobre ofender a integridade física ou saúde da mulher, mas pouquíssimas pessoas levantavam esse entendimento de que a ofensa à integridade psicológica estava embutida", comenta Alice Bianchini.

A advogada da OAB SP ainda reforça que a criminalização deve criar a consciência sobre a gravidade das condutas e, assim, fazer quem foi condenado se enxergar como abusador. "Como a violência é naturalizada, muitos homens não se reconhecem como agressores e dizem que estão sendo injustiçados pela denúncia, que não existem provas. Condenar serve para entender que a atitude estava em desacordo com a lei e a pena traz a ideia da responsabilização pelo fato", defende Bianchini.

*nome alterado para preservar a identidade da fonte

Como denunciar a violência doméstica psicológica

Da mesma maneira que outros tipos de violência contra a mulher: em flagrantes de violência doméstica, ou seja, quando alguém está presenciando esse tipo de agressão, a Polícia Militar deve ser acionada pelo telefone 190.

O Ligue 180 é o canal criado para mulheres que estão passando por situações de violência. A Central de Atendimento à Mulher funciona em todo o país e também no exterior, 24 horas por dia. A ligação é gratuita. O Ligue 180 recebe denúncias, dá orientação de especialistas e encaminhamento para serviços de proteção e auxílio psicológico. Também é possível acionar esse serviço pelo Whatsapp. Neste caso, o telefone é (61) 99656-5008.

Os crimes de violência doméstica podem ser registrados em qualquer delegacia, caso não haja uma Delegacia da Mulher próxima à vítima. Em casos de risco à vida da mulher ou de seus familiares, uma medida protetiva pode ser solicitada pelo delegado de polícia, no momento do registro de ocorrência, ou diretamente à Justiça pela vítima ou sua advogada.

A vítima também pode buscar apoio nos núcleos de Atendimento à Mulher nas Defensorias Públicas, Centros de Referência em Assistência Social, Centros de Referência de Assistência em Saúde ou nas Casas da Mulher Brasileira. A unidade mais próxima da vítima pode ser localizada no site do governo de cada estado.

(Fonte: https://www.uol.com.br/universa/noticias/redacao/2021/08/11/violencia-psicologica-e-crime-entenda-a-lei-e-saiba-quando-denunciar.htm, data de acesso: 14/03/2022)


OBS.: Respeitamos a Liberdade de Expressão de todas as pessoas. As opiniões aqui expressas NÃO refletem as da RÁDIO ESPAÇO MULHER, sendo estas de total responsabilidade das pessoas aqui entrevistadas.