Recentemente, mediante a explosão de notícias em torno do rumoroso e inexplicável caso da estudante Geysy Arruda, no dia 22 de outubro, que causou polêmica pelo uso de um mini vestido, e por atitudes que foram consideradas inadequadas ao recinto da universidade, sendo acossada e injuriadas por mais de 700 alunos (segundo os noticiários), atos que não são também éticos ao meio acadêmico, trouxe muitas lições sobre a realidade da condição feminina, no maior estado do país e nua das maiores acidades do mundo.
1 - Uma turba para reagir deste modo não se reúne de forma espontânea e tão rápida mas de forma organizada planejada, liderada por alguns grupetos, pois já havia precedentes com outra aluna, com grávida de e sem receber apoios (segundo noticiários);
2 - A repercussão que levou estudantes, homens e mulheres, de outra universidade em Brasília, protestarem com seus nudismos estudantis, e a citação das próprias funcionárias terceirizadas dentro da universidade atingida pelo escândalo, que muitas outras alunas usam vestidos e saias curtas, sem problemas, parecem próprios de jovens;
3 -É justo que a maioria de alunos e alunas, que não participaram de tal absurdo coletivo sintam-se ofendidas pela mídia, e pelos conceitos emitidos generalizados contra todo o corpo dicente, e que atingiu não só a universidade (a qual tem algumas boas práticas em sua rotina acadêmica), mas a quem ali busca sua formação, e também aos que já concluíram seus cursos e estão no mercado de trabalho;
4 - Que fatos como estes envolvem relações de direitos de gênero feminino, e mesmo que seja apenas uma pessoa vitimada, cabe a ela todas as garantias de seus direitos fundamentais, também quando violentada por um coletivo;
5 - Que houve uma boa atuação de suas colegas e docentes (homens e mulheres) para defendê-la, e também da Policia Militar que se fez presente afim de garantir a aluna a sua integridade física e moral, e acalmar os ânimos dos exaltados, e que também merecem ser punidos por tais atitudes;
6 - Que a universidade acertou em privilegiar medidas educativas às punitivas e, retirar a expulsão da jovem. Além de que abriu uma nova compreensão para todas as universidades, que precisam estar preparadas para assédios coletivos, e sobre as investigações e punições que poderão ocorrer ao permitir tais violências no âmbito de seus recintos;
7 - A atuação da mídia na busca de esclarecimentos e exposição de pareceres de especialistas no assunto favoreceu a compreensão para a juventude do que é permitido ou não, e quais as prováveis consequências de suas atitudes;
8 - A presença de manifestos da União Nacional dos Estudantes, e de algumas ONGs Femininas, do Conselho Nacional dos Direitos das Mulheres, e principalmente, da ministra Nilcea Freire, da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, dentre outras a Secretaria Especial de Direitos Humanos, e da Comissão de Direitos Humanos e Minorias, para audiência pública na Câmara dos Deputados, tudo contribui para um melhor esclarecimento do que pode suceder quando um coletivo prejudica e vitimiza uma única pessoa, especialmente no que se refira à violência de gênero feminino;
9 - A nota de repudio da UNE muito tem a ensinar para docentes e dicentes,. Jovens a idosos, doutores ou vestibulandos, analfabetos ou não, se trata de uma lição de humanitarismo e respeito aos direitos humanos das mulheres. (leia integra, a seguir);
10 - Em especialmente, vale destacar a conclusão da aluna Geyde Arruda, quando de forma simples na sua juventude falou “houve erros de todos, eu acredito também que eu errei” (sem reprodução total da fala). Aí, estava a chave de todo o desenrolar dos fatos, errar qualquer pessoa erra, reconhecer e buscar corrigir-se, é a meta de quem quer melhorar a trajetória da própria vida. Quem na juventude não cometeu erros, ou alguns excessos, brincadeiras inusitadas? E, talvez tornaram-se os adultos “melhorados” em sua índole, e na maturidade podem apresentar mais soluções humanas, com mais tolerância e sem frustrações, com hipocrisias e falácias que “não levam ninguém” e nem “chegam a algum lugar”. É preciso aprender com os/as jovens atuais com os costumes deles, na velocidade da comunicação deles, que é a rede da Internet para espalhar noticias e atrair adesões na defesa dos direitos que também lhes pertencem.
11 - Que é preciso reformular o sistema de ensino, melhorar os meios acadêmicos, ouvir mais a juventude, e atender aos anseios delas, é notório, e agora os dicentes sabem das punições que podem sofrer por seus atos (mesmo escondidos no coletivo) e também a força que possuem para defender os direitos deles e delas (mesmo que seja de um ou uma só).
Estas foram algumas lições que podem ser aprendidas por este episódio, mas dá para escrever tratados do ponto de vista: sociológio, psico-educativo, legal e jurídico, dentre outras.
Aceite nossas considerações e receba a edição nº 94 do Portal ESPAÇO MULHER INFORMA..., com muitas noticias e pesquisas.
Com um fraternal abraço de Elisabeth Mariano e equipe.
Para informações, críticas, sugestões, envio de notícias, para anunciar, contate-nos.
Recebemos esta nota da UNE, enviada pelo Marcha Mundial das Mulheres, que transcrevemos, a íntegra a seguir:
“No dia 22 de outubro, o Brasil assistiu cenas de selvageria. Uma estudante de turismo da Universidade Bandeirante (São Paulo) foi vítima de um dos crimes mais combatidos na sociedade, a violência sexista, que é aquela cometida contra as mulheres pelo fato de serem tratadas como objetos, sob uma relação de poder desigual na qual estão subordinadas aos homens. Nesse episódio, a estudante foi perseguida e agredida pelos colegas, hipoteticamente pelo tamanho de vestido que usava, e só pôde deixar o campus escoltada pela polícia. Alguns dos alunos que a insultaram gritavam que queriam estuprá-la. Desde quando há justificativa para o estupro ou toleramos esse tipo de violência?
Pasmem, essa história absurda teve um desfecho ainda mais esdrúxulo. A Universidade, espaço de diálogo onde deveriam ser construídas relações sociais livres de opressões e preconceitos, termina por reproduzir lamentavelmente as contradições da sociedade, dando sinais de que vive na era das cavernas.
Além de não punir os estudantes envolvidos na violência sexista, responsabiliza a aluna pelo crime cometido contra ela e a expulsa da universidade de forma arbitrária, como se dissessem que, para manter a ordem, as mulheres devem continuar no lugar que estão, secundárias à história e marginalizadas do espaço do conhecimento.
É naturalizado, fruto de uma construção cultural, e não biológica, que os homens não podem controlar seus instintos sexuais e as mulheres devem se resguardar em roupas que não ponham seus corpos à mostra. Os homens podem até andar sem camisa, mas as mulheres devem seguir regras de conduta e comportamento ideais, a partir de um padrão estético que a condiciona a viver sob as rédeas da sociedade, que por sua vez é controlada pelos homens.
Esse desfecho, somado às diversas abordagens destorcidas do fato na mídia, demonstram a situação de opressão que todas nós, mulheres, vivemos em nosso cotidiano. Situação em que mulheres e tudo o que está relacionado a elas são desvalorizados e depreciados. A mulher é vista como uma mercadoria - ora utilizada para vender algum produto, ora tolhida de autonomia e direitos, ora violentada, estigmatizada e depreciada. É essa concepção que acaba por produzir e reproduzir o machismo, violência e sexismo, próprios do patriarcado. Tal concepção permitiu o desrespeito a estudante.
Nós, mulheres estudantes brasileiras, em contraposição a essa situação, estamos constantemente em luta até que todas as mulheres sejam livres do machismo, da violência, do desrespeito e da opressão que nos cerca.
Repudiamos o ato de violência dos alunos contra a estudante de turismo, repudiamos a reação da mídia que insiste em mistificar o fato e não colocar a violência de cunho sexista no centro do debate e denunciamos a atitude da universidade de punir a estudante ao invés daqueles que provocaram tal situação.
Exigimos que a matrícula da estudante seja mantida, que a Universidade se retrate publicamente e que todos os agressores sejam julgados e condenados não somente pela instituição, a Uniban, mas também pela Justiça brasileira.”
Somos Mulheres e Não Mercadoria!
Pois são marcas registradas no INPI, com domínios registrados na Internet, e com registros de direitos autorais.
Também será considerado plágio o uso disfarçado e indevido de nossos slogans:
SER MULHER É TER COMPROMISSO COM A VIDA
ESPAÇO MULHER – VALORIZA O QUE VOCÊ FAZ EM BENEFÍCIO DA SOCIEDADE E DESTACA AS MULHERES NAS LIDERANÇAS DO BRASIL.
Considera-se crime de concorrência desleal, além de todas as punições cabíveis em relação aos direitos marcários, eletrônico e autorais, conforme legislação brasileira (código civil e código penal) e de acordos internacionais.
Chamamos a atenção de empresários/as, advogados/as, contadores/as, profissionais de marketing e publicidade, lideranças, governantes, e diretorias de entidades classistas e de atividades feministas, que ninguém, nenhuma pessoa ou profissional, e nenhuma empresa ou instituição, possui autorização para o uso destas marcas e expressões.
Se você conhece que usa ou você se utiliza indevidamente das marcas e expressões e slogans acima citados, entre em contato urgente, para esclarecimentos, com mensagem dirigida a diretoria do Departamento Jurídico ESPAÇO MULHER, via e-mail: dpto.juridico@espacomulher.com.br assunto: Esclarecimentos Urgentes.